Olimpíadas

Do Rio de Janeiro a Paris, qual o legado que as Olimpíadas deixaram oito anos depois?

Qual o legado deixado pelos Jogos Olímpicos Rio-2016?

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Tânia Rêgo/Agência Brasil
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No último domingo (11), com a cerimônia de encerramento realizada no Stade de France, o mundo se despediu dos Jogos Olímpicos de Paris 2024. Mais de dez mil atletas competiram na capital francesa em 48 modalidades ao longo de 17 dias. Os 329 eventos foram propulsores dos mais distintos sentimentos a quem acompanhava a competição ao redor do mundo. Do tão sonhado ouro olímpico à eliminação precoce, as Olimpíadas serviram para o intercâmbio entre os povos e para mostrar que independentemente das nações que se envolvam, há como se relacionar entre si. Além desta integração, os Jogos de Paris também deixam um legado social, cultural, esportivo e econômico à França, assim como os Jogos Rio 2016 deixaram à cidade do Rio de Janeiro e ao Brasil.

A junção de diversos fatores é necessária para que uma Olimpíada aconteça. Desde o acolhimento do povo da cidade-sede ao planejamento urbano, com infraestrutura e recebimento das delegações dos mais de duzentos países. Um enorme trabalho de logística que muitas vezes custa caro e que, por isso, precisa ser bem alocado.

Segundo o relatório de monitoramento do Tribunal de Contas da União (TCU) que trata da evolução da Matriz de Responsabilidade dos Jogos Rio 2016, o total de gastos para os Jogos foi de R$ 43,75 bilhões, sendo R$ 22,23 bilhões (50,81% do total gasto) referentes a recursos privados e outros R$ 21,52 bilhões (49,19% do total gasto) públicos.

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O custo das obras para a realização dos Jogos no Rio de Janeiro levantou críticas ao longo dos anos, pois várias obras ficaram incompletas ou abandonadas após o fim do evento na cidade. Um dos exemplos mais lembrados é o do teleférico do Complexo do Alemão, que em setembro de 2016 foi desativado e nunca mais reabriu.

Foram gastos 253 milhões de reais, com recursos do Programa de Aceleração do Crescimento, no projeto de 3,5 quilômetros de cabos suspensos e seis estações. Havia a promessa da prefeitura de transformá-lo em mais um ponto turístico da Cidade Maravilhosa e transformar a vida dos moradores do Complexo, mas não foi o que aconteceu. O inativo teleférico tinha previsão para voltar a funcionar em abril deste ano, mas com os atrasos na revitalização do modal, a nova previsão é que ele volte a ser operado apenas em 2025. 

O prefeito da cidade do Rio de Janeiro na época e que curiosamente também cumpre mandato em 2024, Eduardo Paes, defendeu o chamado legado olímpico em uma rede social.

Não foi fácil fazer as Olimpíadas Rio 2016. Vivíamos a mais grave crise econômica, ética e política em décadas no Brasil. O Governador do Estado do Rio decretou falência estadual, a Presidente do Brasil tinha acabado de ser impeachimada, o PIB acumulava uma queda de mais de 7 pontos, a inflação estava na casa dos dois dígitos, se protestava contra tudo e contra todos. Mas nós fomos lá e fizemos. E foi demais! Orgulho do Rio e do Brasil. Mais orgulho ainda dos brasileiros! – desabafou no X.

Ele ainda defendeu que as estruturas dos complexos olímpicos foram erguidas com o know-how de arquitetura nômade e que várias peças foram reutilizadas para a construção de outros lugares. Segundo ele, a Arena do Futuro, casa do handebol nas Olimpíadas, por exemplo, se transformou em quatro escolas públicas na zona oeste do Rio de Janeiro.

O Parque Radical de Deodoro, que foi construído para abrigar as provas de Canoagem Slalom dos Jogos Olímpicos, foi transformado em área de lazer com piscina para a população. Durante a semana, serve como o único local de treinamento no país para a Seleção Brasileira de canoagem.

Mas não foram apenas mudanças estruturais que afetaram a vida da população fluminense. De acordo com o livro ‘Evaluating the Local Impacts of the Rio Olympics’ a renda per-capita do município cresceu 30,3% entre os anos de 2008 e 2016. A desigualdade social havia caído em 2016 e a distribuição de renda foi mais significativa, com a renda dos 5% mais pobres tendo crescido quase 30%, no período.

O interesse da população com esportes menos populares também aumentou após a Olimpíada. Segundo pesquisa do IBOPE Recupom, modalidades como futebol feminino (50%), handebol (35%), judô (32%) e iatismo/vela (29%) apresentaram os maiores crescimentos após o evento.

O grande evento que são as Olimpíadas causa uma enorme transformação na vida da população do país e principalmente da cidade-sede nos mais diversos aspectos. Embora tenham havido vários percalços para a realização dos Jogos, isso obrigou o poder público a voltar a atenção para a cidade e o entorno dela. As consequências disso reverberam no cotidiano carioca há oitos e para bem ou para o mal, continuarão como legado dos Jogos Olímpicos Rio-2016.

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