Editorial
Editorial: Um tapa na cara da sociedade
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Nesta terça-feira, o Brasil bateu recorde no número de mortes em 24h por conta da Covid-19. Foram mais 1954 brasileiros que infelizmente não resistiram a pandemia do coronavírus, segundo dados do Consórcio dos Veículos de Imprensa.
A sociedade aguarda ansiosamente as vacinas para todos de olho no fim deste pior momento de nossas vidas, esperando uma atuação mais precisa dos políticos para salvar-nos.
E eis que marcam uma sessão em caráter de urgência na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) para aprovação de projetos.
Pensa a sociedade: “Os nossos deputados vão justificar os salários que recebem, pagos por nossos impostos, a confiança que depositamos neles com nossos votos, e com prioridade e urgência absolutas agilizar meios para que a compra de vacinas e sua distribuição ocorram rapidamente – já que o Ministério da Saúde não faz absolutamente nada para salvar a população, em um atraso que custa vidas, empregos e a nossa paz”.
Mas aí a sociedade acaba acordando com um tapa na cara dado por estes nobres políticos. Em uma sessão com caráter de urgência, nesta terça-feira, repito, em dia de recorde de mortes, pasmem, colocaram – e aprovaram – um projeto de lei para a mudança do nome do estádio do Maracanã para votação, como prioridade, saindo o nome do Jornalista Mário Filho para a entrada do Edson Arantes do Nascimento, o Rei Pelé.
Fora o momento inadequado para uma discussão como essa, é um completo absurdo e um total descaso dos deputados do Rio de Janeiro levar agora este assunto adiante.
Como se a mudança do nome do Maracanã fosse fazer as aglomerações nos transportes públicos acabarem… Como se a mudança do nome do Maracanã fosse fazer mais leitos de Covid-19 para a população usar… Como se a mudança do nome do Maracanã fosse fazer os empregos nesta crise econômica no Rio de Janeiro e no Brasil surgirem para todos que hoje estão desempregados… Como se a mudança do nome do Maracanã fosse fazer as vacinas chegarem rapidamente a todos… Como se a mudança do nome do Maracanã fosse salvar vidas!
Vamos respeitar a população, nobres deputados! Respeitem a vida! Não é hora para brincadeira. Fora toda a discussão polêmica de tirar o nome do eterno Mário Filho do Maracanã, para dar a Pelé – todo respeito ao Pelé, que merece homenagens -, mas não é hora de perder um segundo com alguma pauta – me perdoem a palavra – ridícula como esta de mudança do nome do estádio.
Até a pandemia acabar, a obrigação dos senhores precisa ser somente em ações de combate a pandemia, com seriedade para salvar a população que está morrendo! Só nesta terça-feira foram 1954 vidas perdidas no país!
Cláudio Castro, governador em exercício do Rio de Janeiro, tem até 15 dias úteis para sancionar ou vetar este devaneio da Alerj. Acredito que todo cidadão fluminense e brasileiro quer o veto. Vai ser um escândalo no meio da pandemia isto ser aprovado.
O povo quer saber de vacina. Não podemos acabar como sociedade vendo duas mil pessoas morrendo por dia por descaso dos políticos no combate a Covid-19, ver os políticos passando pano para as vidas perdidas que poderiam ser salvas, enquanto se preocupam com mudança do nome de estádio de futebol.
Foram 1954 vidas perdidas nesta terça-feira para essa doença no Brasil. Deveriam ser também 1954 motivos para que 100% do tempo dos políticos fosse destinado a combater ao coronavírus. Mas eles apenas brincam de governar. Um tapa na cara da sociedade.