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Em carta aos torcedores, CEO do Botafogo reconhece momento difícil e fala sobre mudanças no clube

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Foto: Vitor Silva - Botafogo
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Nesta segunda-feira (26) o CEO do Botafogo, Jorge Braga falou em nota oficial postada nas redes sociais sobre a reconstrução do clube, os próximos passos e as mudanças que já foram realizadas e estão em andamento. Também falou sobre os custos do Estádio Nilton, entre outros temas.

– A situação do clube é desafiadora em todos os sentidos. Do caixa ao futebol, temos tudo para fazer. Não basta saber o quê mas também o como. Se fosse uma empresa, o BFR já teria falido há tempos. Devem existir poucos clubes no mundo com uma relação dívida/receita igual à nossa que ainda estejam vivos – disse Jorge em um dos trechos.

Sobre o estádio Nilton Santos, Jorge Braga entende que a importância do clube ter uma casa, mas destacou os gastos que o Botafogo tem mensalmente com o local.

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Ainda falando em realidade, toda vez que acesso o Nilton Santos me impressiono com a grandeza das dimensões, da beleza do estádio, da importância que ele tem para nossa torcida e do prejuízo diário que chega a R$ 20 mil reais, que precisamos resolver em meio a esta pandemia, sem jogos e bilheteria. Na dimensão das receitas de médio/curto prazo, nada se compara àquelas que receberemos ao voltar à Série A do Campeonato Brasileiro. Serão mais de R$ 100 milhões quando se somam as receitas de transmissão (abertas e pay-per-view) com a valorização das propriedades de marca e patrocínios – falou Jorge.

O Botafogo na temporada de 2020 chegou a ter quase 60 jogadores contratados em seu elenco, um custo altíssimo para um clube que não disputou títulos e foi rebaixado para a segunda divisão. Alguns desses atletas atuaram apenas uma vez e foram dispensados, emprestados ou encostados no elenco. Jorge falou que trabalha para contratar uma empresa especializada no mercado de captação de atletas.

Entendo e respeito profundamente o desejo da torcida por títulos mas, frente à nossa dura realidade, nosso único objetivo realista é perseguir o 4º Lugar no Campeonato que começa agora no fim de maio, e voltarmos para a Série A, de onde nunca deveríamos ter saído. Qualquer coisa diferente disso é pedir para fracassar. E, também por isso, teremos que acelerar a transformação do time que já começou. Precisamos selecionar, atrair e contratar alguns reforços com a máxima assertividade. E para tanto faremos um sacrifício financeiro desproporcional à realidade do clube, mas fundamental para termos chance de subir. Vale ressaltar que, apoiados por uma consultoria externa, começaremos um trabalho de reestruturação da parte de análise de mercado dos atletas, reunindo competências numa nova área que se reportará a mim e à Presidência, prestando melhores serviços ao Eduardo Freeland, nosso Diretor de Futebol, liberando seu tempo para focar em performance, e garantindo melhores negociações e valorização (valuation) do nosso maior ativo que são os direitos econômicos federativos. – destacou Jorge Mendes.

Confira a carta inteira do CEO do Botafogo.

Após mergulhar em todas as áreas e conversar com integrantes do universo do Botafogo, incluindo conselheiros, beneméritos, diretores, sócios e torcedores, e após 30 dias de total imersão, me sinto em condições de me manifestar.

A situação do clube é desafiadora em todos os sentidos. Do caixa ao futebol, temos tudo para fazer. Não basta saber o quê mas também o como. Se fosse uma empresa, o BFR já teria falido há tempos. Devem existir poucos clubes no mundo com uma relação dívida/receita igual à nossa que ainda estejam vivos.

Porém, a parte mais importante desta transformação é a visão e a convicção da mudança radical de práticas amadoras, que já aconteceu com a nova gestão liderada pelo Presidente Durcesio Mello. Mudar uma cultura centenária requer primeiro coragem e convicção, e isto, com a sua liderança, este time tem de sobra.

Segundo a minha visão de CEO, o projeto possível para o Botafogo tem quatro etapas que precisam ser executadas com urgência e precisão: parar a hemorragia do caixa; reestruturar o modelo de negócio (custos vs. receitas) que é historicamente deficitário; captar novos recursos em quantidade e forma suficientes para podermos, por último, enfrentar e reestruturar a dívida bilionária.

Mas para tanto é necessário primeiro estabelecer uma fundação de governança, transparência e credibilidade. Tudo fácil de falar e difícil de fazer!

Meu estilo é falar menos de planos e mais de realizações. Mas considero importante contar o que acredito ser o caminho daqui pra frente, junto com o que fizemos nos últimos 30 dias, desde a minha chegada:

Em Governança: 

a) Fizemos uma força-tarefa para cumprir o prazo das demonstrações financeiras, garantindo a transparência e qualidade dos números que lá estão; 

b) Alteramos o Código de Ética de todos os funcionários incluindo gestão de informações confidenciais, conflitos de interesse, partes relacionadas, etc.; 

c) Revisitamos e redesenhamos todos os processos de negócio exigindo contrapartidas mínimas de performance e adimplência para licenciamento e patrocínio; 

d) Instituímos a exigência de concorrência (RFP) para atração e seleção de parcerias comerciais; 

e) Criamos novos controles de gestão de ativos imobilizados; 

f) Mudamos toda a parte administrativa para uma única grande sala de reunião no estádio Nilton Santos, colocando todos os gestores juntos, quebrando silos e paredes, melhorando a comunicação e o tempo de decisão e liberando espaço nobre na sede; 

g) Iniciamos um mapeamento do real perfil da dívida, incluindo ônus reais sobre imóveis e contencioso jurídico.

Na Gestão do Caixa, reestruturamos e centralizamos todos os processos críticos de fornecedores, compras, e pagamentos e criamos um “Comitê de Caixa” liderado pelo Vinícius Assumpção, nosso VP Geral e Financeiro, que se reúne diariamente para entender e decidir o que se pode e/ou o que se consegue pagar. E como negociar com os credores.

Para mudar o historicamente deficitário modelo de negócios, revisitamos todos os principais custos, desafiando-os individualmente, passando por uma criteriosa análise de contratos, fornecedores, prestadores de serviço e colaboradores, sob a ótica da nova realidade de receitas que é estar na Série B. E fica muito claro que teremos que fazer duros e necessários cortes que passarão necessariamente por enxugar quadros, serviços, estruturas e repensar esportes e negócios que sejam deficitários. Mas sempre com responsabilidade e zelo por nossos sócios, funcionários e atletas.

Ainda falando em realidade, toda vez que acesso o Nilton Santos me impressiono com a grandeza das dimensões, da beleza do estádio, da importância que ele tem para nossa torcida e do prejuízo diário que chega a R$ 20 mil reais, que precisamos resolver em meio a esta pandemia, sem jogos e bilheteria.

Na dimensão das receitas de médio/curto prazo, nada se compara àquelas que receberemos ao voltar à Série A do Campeonato Brasileiro. Serão mais de R$ 100 milhões quando se somam as receitas de transmissão (abertas e pay-per-view) com a valorização das propriedades de marca e patrocínios.

Entendo e respeito profundamente o desejo da torcida por títulos mas, frente à nossa dura realidade, nosso único objetivo realista é perseguir o 4º Lugar no Campeonato que começa agora no fim de maio, e voltarmos para a Série A, de onde nunca deveríamos ter saído. Qualquer coisa diferente disso é pedir para fracassar.

E, também por isso, teremos que acelerar a transformação do time que já começou. Precisamos selecionar, atrair e contratar alguns reforços com a máxima assertividade. E para tanto faremos um sacrifício financeiro desproporcional à realidade do clube, mas fundamental para termos chance de subir.

Vale ressaltar que, apoiados por uma consultoria externa, começaremos um trabalho de reestruturação da parte de análise de mercado dos atletas, reunindo competências numa nova área que se reportará a mim e à Presidência, prestando melhores serviços ao Eduardo Freeland, nosso Diretor de Futebol, liberando seu tempo para focar em performance, e garantindo melhores negociações e valorização (valuation) do nosso maior ativo que são os direitos econômicos federativos.

Quanto à reestruturação da dívida, é evidente que não existe uma solução simples. Se alguém disser o contrário está muito equivocado. Tenho muita esperança no novo marco regulatório que está sendo discutido no Congresso, assim como a natural evolução das alternativas legais disponíveis (p.ex: recuperação judicial) que estão em curso, dado que o cenário é parecido para todos os times do Brasil, mas nada disto ainda é um fato.

Por último, quero falar do projeto da S/A ou qualquer outro modelo que permita captar recursos para enfrentarmos esta dívida bilionária. Para funcionar, ele precisa ter quatro pilares fundamentais que não podem ser descuidados: Credibilidade de quem o conduz; Segurança jurídica e financeira para ambos investidores e Clube; Destinação específica e clara de recursos para o futebol (profissional e base) e retorno atraente para investidores profissionais e individuais. Não atender de forma eficaz a qualquer destes requisitos é por em risco a única chance do BFR de sair deste ciclo vicioso em que se encontra.

O Botafogo tem pressa, mas não pode errar mais. Ou o balanço de consequências será inevitável. 

Encerro pedindo à gloriosa torcida que não nos abandone agora. Precisamos de sua paixão e de seu apoio, incondicionais. Não tenho ilusões de que alguém conseguirá mudar essa realidade sozinho, mas vocês podem contar comigo neste enorme desafio.

Jorge Braga
CEO

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