Em entrevista ao ENM, Sávio abre o jogo sobre sua passagem pelo Flamengo e pelo futebol europeu
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O ex atacante do Flamengo e do Real Madrid relembrou momentos da sua infância até sua carreira vitoriosa no futebol. O jogador tri campeão da UCL com os galácticos contou a equipe um pouco sobre sua jornada no futebol e suas grandes conquistas enquanto jogador profissional.
Sávio Bortolini Pimentel nasceu em Vila Velha (ES) e partiu cedo para o futebol. Cria da Gávea, o jogador se tornou peça chave para o Flamengo e formou o ataque dos sonhos junto com Romário e Edmundo. Mesmo não tendo conquistado títulos expressivos pelo clube, o atacante que na época chamava a atenção da torcida rubro negra a cada jogo e assumiu a titularidade do clube em um ano repleto de expectativas pelo centenário. Formando o ataque que para muitos era tido como melhor do mundo, o clube foi parado pelo Indepediente (ARG) na final da Supercopa da Libertadores, após perder por 2×0 na ida e vencer por 1×0 no Maracanã.
Se faltaram taças, sobraram lances individuais para Sávio com a camisa Rubro Negra. E por sobrar individualmente, o jogador chegou ao Real Madrid, onde foi tri campeão da UCL, feito que poucos conseguiram no futebol.
Em entrevista realizada ao site, o agora empresário abriu o jogo sobre sua carreira e relembrou com carinho grandes momentos da sua carreira.
“Tive uma infância boa. Uma infância dentro do padrão principalmente ali na década de 80, onde eu passava muito do meu tempo fora a escola nas ruas jogando bola, jogando descalço com os amigos. Eu gostava muito de jogar bola na rua. Eu cresci graças a deus com um apoio muito grande dos meus pais. Era uma união muito grande entre meus pais e meus irmãos. O futebol sempre despertou interesse muito grande em mim desde pequeno. Vim de uma familia com uma mescla muito grande com torcedor do Fluminense que era meu pai, meu irmão torcia pro Botafogo, um outro que começou torcendo para o Vasco e eu que sempre fui Zico Futebol Clube, então daí passei a ser Flamengo.”
Enquanto o atleta subia das divisões de base, comparações surgiam. O jogador que enchia os olhos da comissão técnica e da torcida acabou sendo comparado com Zico, seu grande ídolo.
“Era muito normal um jogador novo se destacando dentro do clube ser comparado com o Zico. Isso pra mim era inevitável. Eu encarei de uma forma muito natural. Confesso que em nenhum momento isso me prejudicou, pelo contrário, havia uma pressão externa por parte da imprenssa e por parte da torcida. mas isso automaticamente nunca chegou até mim. Eu encara isso como elogio. Você ser comparado com o Zico é sinal de que você ta fazendo um ótimo trabalho. Isso me fez trabalhar ainda mais, ter mais compromisso, profissionalismo. Não me abalou, sei que o Zico é algo que dificilmente um atleta chegará no mesmo nível. é o ídolo máximo do clube e da torcida.”
Sávio revelou também como eram os bastidores do badalado Flamengo de 1995.
“Foi um ano de muita expectativa principalmente por ser o centenário do clube. Teve a chegada no inicio do ano do Romário, alguns meses depois do Edmundo e se criou uma fantasia muito grande em relação ao ataque. Infelizmente foram poucos jogos do trio. Um momento muito ruim administrativamente, economicamente e estrutural. Muitos problemas externos e internos no clube. Mesmo assim com todos esses problemas a gente chega em uma final de carioca e chega em mais uma final no fim do ano que era a Supercopa dos campeões da libertadores onde nós jogamos 8 jogos e ganhamos 7 e infelizmente o primeiro jogo da final nós perdemos e não conseguimos apesar da vitória reverter no segundo jogo no Maracanã. Serve de lição. Não adianta contratar os melhores jogadores se você não tem estrutura, planejamento e união dentro e fora de campo.
Após realizar o sonho de jogar no Flamengo, outro gigante abria as portas para o atacante: Real Madrid. Ainda jovem, o jogador se tornou uma peça importante para o clube espanhol, conquistando três Champions League, um Campeonato Espanhol e uma Taça da Espanha.
“Foram dois momentos, um de felicidade por vir um Real Madrid com uma proposta muito boa e uma oportunidade que eu tinha de jogar no futebol europeu. Eu tive um sentimento de dever cumprido, realização e era uma nova oportunidade profissional. Foi um momento de tristeza por ser o clube que eu amo e que vivi quase 11 anos da minha vida. Foi o clube que eu cresci, que me formei como profissional e como pessoa. Deixar o clube e a minha casa depois de 11 anos foi muito difícil. Eu sabia que essa hora podia chegar, uma nova etapa na minha carreira. Nada mais do que o Real Madrid abrindo as portas do futebol europeu. Depois de 260 jogos com a camisa do Flamengo eu vi ali que era o momento de fazer uma transição e ter novos desafios na minha carreira.”
Um sonho de todo garoto de base, a europa veio e para Sávio ela trouxe caminhos marcantes e vitoriosos durante sua passagem. O ex merengue passou a limpa sua passagem pelo gigante espanhol e abriu o jogo.
“Chegar no Real Madrid pra mim já era uma conquista. Dali em diante foi aperfeiçoar minhas características principalmente na parte tática que é uma mudança muito radical daquela época do futebol europeu pro futebol brasileiro. Eu tive que trabalhar e melhorar muito. A gente trabalha muito a parte física mas nunca mudando aquilo que eram minhas características que era o jogo com a bola nos pés, que era tentar fazer aquilo que eu fazia no Flamengo. Eu fui pra espanha no intuito de vencer. Colocar meu nome na história do Real Madrid e do futebol espanhol. Ás vezes eu me surpreendo e as vezes a gente não se imagina atingindo um patamar tão alto.”
Mesmo com o nome marcado nos gramados espanhois, Sávio seguiu empilhando conquistas, dessa vez, uma histórica Copa do Rei com o modesto Zaragoza que parava a Espanha no comando to atacante que brilhava com a bola nos pés.
“O Zaragoza foi algo extraordinário. Você ficar cinco temporadas no Real Madrid e ganhar as três competições como a Liga dos Campeões e depois ter a experiência de sair um ano da Espanha pra jogar na França, pelo Bordeaux, que apesar de não ter ganhado títulos foi uma temporada de nível pessoal muito boa. Em um ano no Bordeaux eu tive a oportunidade de voltar pra Espanha, ai o Zaragoza me abriu as portas pra uma nova etapa em um novo desafio com novo planejamento. Fizemos um time muito competitivo mas muito além dos níveis de Barcelona e do Real Madrid na época. A gente entrou pra história do clube como um dos maiores times de todos os tempos e em três temporadas que eu joguei foram três finais. Ganhamos a Copa do Rei contra o Real Madrid e depois ganhamos a Copa da Espanha dentro de Mestalla, contra um timaço do Valência. Foi uma etapa que eu guardo com muito carinho. No Zaragoza eu lembro que dei volta olimpica no estádio sozinho com todo público de pé me aplaudindo.”
Depois de ter feito história na Europa, o jogador voltou ao clube que o formou como profissional. Em 2006, Sávio retornava para defender seu clube de coração e tentar novamente encher os olhos da torcida rubro negra.
“Em 2006 eu tinha mais um ano de contrato com o Zaragoza e eu abri mão desse contrato. Eu via que depois de tantos anos no futebol europeu eu precisava voltar ao Brasil. Eu tinha perdido meu pai recentemente e queria ficar um pouco ao lado da minha família. Só tinha um clube que eu voltaria ao Brasil mesmo tendo propostas de outros clubes grandes do país. Não me via jogando com outro camisa de um clube grande no Brasil se não fosse o Flamengo então esperei. Era um momento no clube que algumas pessoas não me queriam, mas voltei e encontrei realmente uma dificuldade muito grande estrutural e econômica. O momento era até pior que o momento da década de 90 quando sai. O objetivo era voltar ao Flamengo em 2006 para ficar alguns anos e encerrar a carreira mas diante de todas as dificuldades eu via que não tinha condições de continuar no clube. Em 6 ou 7 meses que fiquei quase não recebi salário.”
Para finalizar, uma simples pergunta: Se você pudesse voltar no tempo, faria algo diferente na sua carreira? veja a resposta do ex atleta.
“É difícil a gente avaliar depois de tanto tempo jogando futebol. Agora quando a gente fala muito mais maduro, experiente e rodado, fica muito dificil a gente analisar. Na época era muito diferente, eu era mais novo, com menos experiência e existia uma pressão muito grande externamente dentro dos clubes, por parte da imprensa e dos torcedores e a gente não tinha muito tempo pra tomar uma decisão, e tinha que tomar uma decisão. Eu acho que não. Eu acredito que tentei fazer o melhor dentro da minha carreira. Joguei em dois clubes de torcidas imensas e apaixonadas que é o Flamengo e também o Real Madrid. Joguei muitos anos e conquistei títulos então fazendo uma reavaliação agora, é agradecer a Deus pelo tempo que passei no futebol, pelos companheiros e profissional que tive tanto na base como no decorrer do futebol profissional. São pessoas que me ajudaram muito pra chegar até onde eu cheguei. Pessoas que não aparecem no cotidiano e no dia a dia mas são pessoas fundamentais para deixar o atleta 100% preparado para uma partida de futebol cada vez mais competitivo. É só ser grato por tudo que passei.”
O ex jogador se aposentou vestindo a camisa do Avaí, em 2010, e segue ligado ao futebol fora de campo. Com aparições em programas esportivos e eventos, Sávio segue no mundo esportivo como empresário e dando palestras dirigidas ao esporte.