Fifa segue irredutível em meio à crise, e Cruzeiro tem R$ 26 milhões a quitar até maio
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Em meio à crise decorrente do coronavírus, o Cruzeiro pediu um adiamento dos pagamentos referentes a processos internacionais, mas a requisição não foi acatada pela Fifa. Assim, a Raposa tem até maio para quitar R$ 26 milhões e corre para reunir a quantia em meio à escassez de recursos.
Por meio de um informativo no início do abril, a Fifa informou que nenhuma exceção será concedida sobre as decisões do Câmara de Resolução de Disputas, da Players Status Comittee ou do Comitê Disciplinar. O rival Atlético-MG é outro que tem dívidas perto do vencimento e pode ter problemas com a entidade.
O Cruzeiro já recebeu ao menos duas ordens de pagamento: uma relacionada ao volante Denilson, que veio em 2016 por empréstimo do Al-Wahda (R$ 4,5 milhões), e outra referente ao atacante Willian, em um caso movido pelo Zorya, da Ucrânia, que na totalidade, gira entorno de R$ 7,5 milhões. Esses clubes não aceitaram entrar no condomínio de credores.
“Conversei com o doutor Kris (Brettas, superintendente jurídico do Cruzeiro), e ele estava justamente em uma ligação com o time da Arábia (Al-Wahda), que é um dos que o Cruzeiro deve. Para o mês de maio, nós temos que pagar R$ 26 milhões. Nós estamos correndo atrás, porque o clube não tem dinheiro. Nós temos que dar um jeito. Ou prorrogar, ou parcelar, fazer alguma jogada, dar algum jogador em garantia, que é normal, em futura venda, arrumar um empréstimo, mas esbarramos no problema de o Cruzeiro, vamos dizer assim, ter o nome sujo”, disse, ao “Globoesporte”, Saulo Fróes – presidente do conselho gestor do Cruzeiro.
Dos processos na Fifa, apenas Independiente Del Valle (que busca receber quantia pelo zagueiro Caicedo) e o Defensor do Uruguai (que tem valores a receber por Arrascaeta) aceitaram negociar. Ainda há na mesa da diretoria outros casos pendentes de resolução: Riascos (Morelia-MEX), Rafael Sobis (Tigres-MEX) e Ábila (Instituto-ARG – mecanismo de solidariedade).
A crise desencadeada pela pandemia de covid-19 agravou a situação do Cruzeiro. Com a alta do dólar e do euro em relação ao real, a dívida da Raposa em processo na Fifa saltou para R$ 81 milhões, aproximadamente.
“É uma dívida que nos preocupa muito, porque ela estava em R$ 53 milhões, que é a dívida principal da ação. Aí vem juros, correção, honorários advocatícios… E principalmente (a valorização das moedas estrangeiras), o que mais pesou, e até nisso o Cruzeiro deu azar. Tudo que poderia acontecer de ruim, aconteceu. Já não basta esse tanto de coisa que aconteceu, ainda teve essa variação enorme da moeda estrangeira, porque não é só dólar, tem libra esterlina, euro, etc. Esse total chega a R$ 80 milhões aproximadamente. Agora temos que pagar. E, não pagando, vão ter as sanções graves que vocês conhecem”, adicionou Fróes, ao “Globoesporte”.
Foto: Vinicius Silva/Cruzeiro