Opinião

Futebol ofensivo x futebol defensivo: uma falsa dicotomia

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Klopp e Guardiola em jogo da Premiere League entre Liverpool e Manchester City (Foto: Martin Rickett - Pool/Getty Images)
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Futebol vertical. Linhas, blocos altos, jogo posicional, ou então time reativo, jogo de transição rápida, ligação direta.

Esses termos estão, há algum tempo, diariamente na boca de comentaristas esportivos. Muitas vezes sem conhecimento de causa, inclusive.

A imprensa esportiva (majoritariamente) coloca em oposição as duas supostas “escolas de futebol” em voga no mundo. Times ofensivos x times retranqueiros, ou então, nos termos de hoje, “times verticais x times reativos”.

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Afinal, essa oposição dicotômica, entre o “bem” (o futebol ofensivo, desprovido de medos defensivistas) e o “mal” (o jogo reativo, ou o jogo de contra-ataque) faz bem ao futebol? Ou melhor: faz sentido algum?

Comentaristas e “sabichões” da imprensa deveriam ler mais Tostão. Ou então se o lêem, definitivamente não o entendem. Aqueles que diziam não poder jogar junto de Pelé em 70 parece ser o único lúcido ao analisar as transformações no campo de jogo. 

Tostão, em coluna na Folha, mostra como a existência de uma filosofia de futebol que bote em oposição completa o “jogo vertical” e o “jogo reativo” é mera falta de inteligência tática.

Tostão diz:

“Os melhores técnicos de todo o mundo perceberam que a questão não é ser impositivo, ser ofensivo e pressionar, ou ser reativo e jogar nos contra-ataques. É utilizar as duas maneiras, de acordo com o momento e com o adversário.”

Ele cita o exemplo da goleada do Manchester City de Guardiola, contra o Liverpool de Jürggen Klopp, dois treinadores de escolas distintas mas tratados pela imprensa como “ofensivos”.

“O Manchester City, na goleada sobre o Liverpool, por 4 a 1, pressionava e, quando perdia a bola e não conseguia recuperá-la, voltava todo para o próprio campo e fechava os espaços.”

O futebol se faz de situações distintas de jogo, as quais requerem habilidade não só dos jogadores em saber lidar com adversários de qualidades diferentes, mas do “gênio guerreiro” de treinadores que saibam encontrar as formas diversas de, ao mesmo tempo, debilitar pontos fortes dos rivais, e desatar as potencialidades de seu time.

Vejamos o exemplo de Fernando Diniz. Diniz gosta mais de suas ideias do que de ganhar. E assim, suas preferências de jogo são facilmente descartáveis frente a qualquer derrota. É a teimosia de quem acha que para toda situação vale a mesma tática. “Soberba da derrota”, de não entender que o futebol da atualidade consiste em variações táticas.

Não são apenas torcedores que anseiam por um futebol “mais bonito”. Entende-se por isso, menos medo de jogar. Mas antes, é preciso que se acabe o medo de ser tachado como “idealista” ou “retranqueiro ultrapassado”.

O futebol bem jogado carece de boas ideias. Na dicotomia fútil criada por parte da imprensa esportiva, essas boas ideias se atrofiam.

ESTE TEXTO NÃO REFLETE, NECESSARIAMENTE, A OPINIÃO DO ESPORTE NEWS MUNDO

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