Basquete
Há 10 anos, o Los Angeles Lakers conquistava o 16º título de sua história e último do astro Kobe Bryant
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Uma das maiores franquias da NBA, o Los Angeles Lakers comemorava o último dos seus 16 títulos da liga há 10 anos atrás. A conquista também marcou o quinto e último anel de Kobe Bryant, lendário jogador que morreu em acidente de helicóptero em janeiro de 2020. O troféu veio com ares de campanha épica, ao ser decidido apenas no jogo 7, justamente em cima de seu maior rival, o Boston Celtics, por 83 a 79.
ELENCO
Como era costumeiro para quem acompanhou a NBA entre 1996 e 2006, o líder e maior estrela da constelação angelina era Kobe Bryant. No auge de sua forma, aos 31 anos, o camisa 24 teve mais uma temporada em alto nível. Ele liderou o time em pontos com 27 de média, além de 5 rebotes e 5 assistências por jogo, tendo sido selecionado para o All-Star Game. Assim como no tricampeonato no início dos anos 2000, Kobe teve um astro para ser seu escudeiro na conquista de mais um anel. Desta vez, o papel ficou para o craque espanhol Pau Gasol. O ala-pivô teve média de 18 pontos e 11 rebotes por jogo. O quinteto titular era completado pelo veterano armador Derek Fisher, o sempre polêmico ala-armador Ron Artest (que, em 2011, mudaria seu nome para Metta World Peace) e o jovem pivô Andrew Bynum. Como sexto homem, o ala-pivô Lamar Odom tinha papel ofensivo fundamental, permitindo que Kobe Bryant descansasse. E para comandar a equipe, o lendário e multicampeão da NBA, Phil Jackson estava à beira da quadra.
A TEMPORADA REGULAR
A jornada dos Lakers na conquista do troféu em 2010 foi longa e começou na temporada regular. A franquia teve a melhor campanha da conferência oeste, com 57 vitorias e 25 derrotas, o que garantiu o mando de campo nos playoffs e a possibilidade de decidir o título em casa num jogo 7 (o que acabou acontecendo).
Apesar da primeira colocação e do favoritismo, os Lakers não foram dominantes como na temporada 2008/09, quando ganharam 65 jogos e só perderam 17 na temporada regular. Naquele ano, a diferença entre o primeiro e o último colocado para os playoffs foi de somente 8 jogos. Essa competitividade no lado oeste era um sinal do árduo caminho que a equipe teria pela frente na luta pelo bicampeonato.
OS PLAYOFFS
Na primeira rodada do mata-mata, o time de Los Angeles enfrentou o Oklahoma City Thunder, equipe com 50 vitórias e 32 derrotas. O Thunder possuía jogadores jovens e talentosos, que viriam a dominar a conferência oeste nos seis anos seguintes e levar a franquia às finais de 2012. O trio de astros, Kevin Durant (MVP em 2014), Russell Westbrook (MVP em 2017) e James Harden (MVP em 2018), venderam caro a derrota por 4 a 2 para os campeões de 2009. As duas equipes dividiram os quatro primeiros jogos da série, com duas vitórias para cada lado. O time da Califórnia manteve o mando de campo no jogo 5 e, num jogo 6 disputado até o último segundo, o ala-pivô Pau Gasol decidiu, ao converter uma cesta no estouro do cronômetro, eliminando o Thunder.
Na segunda rodada dos playoffs, o time de Kobe Bryant enfrentou o Utah Jazz, franquia que já havia eliminado em 2007 e 2009. Os Lakers não tiveram dificuldades para varrer o freguês em quatro partidas. Kobe teve média de 32 pontos por jogo e garantiu a presença da equipe na terceira final consecutiva de conferência.
O adversário da vez foi o Phoenix Suns, do armador Steve Nash. Os dois times já haviam se enfrentado nos playoffs de 2006 e 2007, com os Suns levando a melhor nos dois confrontos. No terceiro duelo, Kobe se vingou, com performance histórica. O craque teve média de 33.7 pontos por jogo e acertou 52% dos arremessos de quadra. A série, no entanto, foi acirrada. Os Suns tinham estrelas, como Nash, o ala-pivô Amar’e Stoudemire e o armador Grant Hill. As equipes chegaram ao jogo 5 empatadas, com duas vitórias para cada lado. Quem decidiu a partida foi Ron Artest. Com o placar igualado em 101 a 101, o ala-armador pegou o rebote do arremesso de Kobe e anotou a cesta com cronômetro zerado. A vitória foi fundamental, pois se os Suns ganhassem a partida, teriam a chance de eliminar os Lakers em casa. O jogo 6 também foi disputado até o último minuto e as duas equipes se alternaram na liderança durante toda a partida. Com vantagem de cinco pontos no placar e menos de um minuto para o fim do jogo, Kobe Bryant decidiu. O camisa 24 estava bem marcado por Grant Hill e mesmo assim converteu um arremesso totalmente desequilibrado, sem nem balançar a rede. Com 34 segundos para o fim, os Lakers abriram 7 pontos no placar, garantindo a vitória no jogo 6 e a classificação para as finais da NBA.
AS FINAIS
Para exorcizar os demônios do vice-campeonato de 2008 e conquistar o 16º título de sua história, o time de Los Angeles teria que derrotar o rival Boston Celtics. A final foi mais um capítulo da maior rivalidade da NBA, que marcou época nos anos 60, com Bill Russell e Wilt Chamberlain e nos anos 80, com Larry Bird e Magic Johson. Era a vez de Kobe Bryant derrotar o time alviverde.
O armador dos Lakers estava obcecado em vencer os rivais. Em 2015, durante entrevista ao portal Bleacher Report, Bryant admitiu que ficou devastado após o vice-campeonato em 2008. Para reviver a agonia e se motivar, Kobe ouviu a música “Don’t Stop Believing”, da banda Journey, todos os dias durante dois anos. A canção era o hino das vitórias dos Celtics e foi entoada pelo público do Boston Garden no jogo 6 das finais de 2008.
– Foram dois anos difíceis entre o vice de 2008 e a redenção em 2010. Lembro que quando estávamos perdendo, eles tocaram aquela música do Journey, (Don’t Stop Believing) e toda a arena começou a cantar. Eu odiei essa maldita música por dois anos. Mas eu a ouvia todos os dias para me lembrar daquele sentimento. – disse o astro na entrevista.
Ambas as equipes tinham elencos parecidos e não havia um favorito. Os Celtics tinham a segunda melhor defesa nos playoffs e limitavam os ataques adversários, em média, a 91 pontos por jogo. No entanto, a franquia de Los Angeles também tinha uma excelente defesa, arquitetada pelo treinador Phil Jackson.
Na primeira partida, os Celtics perderam por 102 a 89. No jogo 2, o time de Boston reagiu e com 8 cestas de três do amador Ray Allen empatou a série em 1 a 1, com vitória por 103 a 94.
A final retornou para Boston e os Lakers conseguiram reverter o mando de campo. Criticado na decisão de 2008 por falta de protagonismo, Pau Gasol anotou 13 pontos e 10 rebotes, e Kobe marcou 29 pontos. Porém, coube ao veterano Derek Fisher anotar a cesta decisiva e garantir a vitória, por 91 a 84. Os jogos 4 e 5 foram decididos nos minutos finais do último quarto. No entanto, com o apoio da torcida, os Celtics derrotaram a equipe de Los Angeles nas duas partidas, por 96 a 89 e 92 a 86. O time da Califórnia retornou à sua cidade extremamente pressionado e atrás 3 a 2 no placar da série.
O jogo 6 quebrou o padrão das partidas anteriores. Com vitória tranquila, a franquia californiana derrotou os Celtics por 89 a 67, com 22 pontos de diferença e empatou a série em 3 a 3.
O título seria decidido no jogo 7, algo que não aconteceu nem na época de Bird e Magic. A partida foi tensa e repleta de erros técnicos de ambos os lados. Kobe jogou mal e marcou somente 23 pontos, com aproveitamento de 25% (6 de 24) nos arremessos de quadra. Os Celtics chegaram a estar 9 pontos na frente no terceiro quarto, e lideraram a maior parte do jogo. No último quarto, os Lakers reagiram e empataram o placar. Com a equipe de Kobe na frente por apenas 3 pontos, quem decidiu novamente foi Ron Artest. Além de anotar 20 pontos na partida, o polêmico jogador acertou uma bola de três, com um minuto para o fim do jogo, que colocou a franquia de Los Angeles seis pontos na frente. A partir daí, os Celtics tiveram que cometer faltas propositais e os Lakers converteram os arremessos livres para garantir o 16º título de sua história. Kobe Bryant foi nomeado MVP das finais, com média de 28.6 pontos, 3.9 assistências e 8 rebotes por partida, com aproveitamento de 40% nos arremessos de quadra, 31 % na linha de três e 88% nos arremessos livres.
A temporada 2009/10 marcou o fim da era vitoriosa dos Lakers e de Kobe Bryant. O título foi o último da carreira do jogador. Em 2013, o atleta sofreu uma ruptura no tendão de Aquiles e nunca mais atuou em alto nível. Kobe se aposentou em 2016, como terceiro maior cestinha da história da liga. Em 26 de janeiro de 2020, Kobe e sua filha Gianna morreram num acidente de helicóptero.