Corinthians
Há 50 anos, Corinthians conseguia virada histórica sobre o Palmeiras em meio a tabu de títulos
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Na tarde fria de 25 de abril, Corinthians e Palmeiras se enfrentaram pelo Campeonato Paulista de 1971 e, de virada, o Timão conseguiu bater seu maior rival em uma edição do Dérbi paulista que ficou marcada para o lado alvinegro do confronto, que, à época, vivia o jejum de títulos que perdurou até 1977, exorcizado pelos pés de Basílio.
Naquele momento, de virada da década 60 para 70, o time palestrino vivia uma grande fase. A “Segunda Academia” estava embalada pelos títulos da Taça Brasil e Troféu Roberto Gomes Pedrosa — Robertão, conquistados em 1967, que hoje são reconhecidos pela CBF como torneios equivalentes ao campeonato nacional, e tinha como seus principais expoentes Ademir da Guia, Dudu, Leão, Leivinha e Luís Pereira.
Já a equipe do Parque São Jorge vivenciava anos mais difíceis. Sem erguer taças desde o Campeonato Paulista de 1954, o Timão lutava para voltar a ser campeão e tinha suas esperanças depositadas em Rivellino, carinhosamente apelidado pela Fiel Torcida como “Reizinho do Parque”.
O jogo
Por conta da diferença de fase entre os dois clubes, as equipes entraram no gramado do estádio do Morumbi com o favoritismo todo do lado alviverde. E, quando a bola rolou, parecia que essa virtual superioridade iria se concretizar.
O árbitro Armando Marques apitou o início do jogo e, assim que a bola rolou, o Palmeiras partiu para o ataque. Com menos de um minuto, em jogada rápida pelo lado direito, Ademir da Guia foi lançado dentro da área corinthiana, finalizou, e a bola acabou sobrando para César, que só teve o trabalho de empurrar a bola para as redes.
Placar aberto e o Verdão não diminuiu o ritmo. Antes do relógio marcar dez minutos de jogo, Dudu ganhou uma dividida no círculo central com Rivellino, rolou para Héctor Silva que deu grande passe para César, que em velocidade tocou de forma sutil na saída do goleiro Ado, fazendo seu segundo gol.
Início arrasador do Palmeiras, que depois de marcar duas vezes, viu o Corinthians entrar na partida e igualar as ações, fazendo o confronto ir para o intervalo com dois tentos de vantagem no marcador para a equipe palestrina.
Na volta dos times dos vestiários, o Alvinegro paulista, logo de cara, já deu mostras de que vinha para a segunda etapa com um ímpeto diferente. Logo aos cinco minutos, o camisa 10 corinthiano, em cobrança de falta, soltou um forte chute de perna esquerda — chamado de “patada atômica”, já conhecido mundialmente após a Copa do Mundo de 1970. O goleiro Leão deu rebote e Mirandinha completou para o gol.
Com o placar descontado, o Timão começou a se animar e criar chances de empatar a partida. Então, um jovem garoto de 19 anos, cria do “Terrão corinthiano”, resolveu aparecer no clássico.
Adãozinho, com o número 14 às costas, substituiu Samarone e, aos 24 minutos da etapa complementar, colocou de vez fogo no confronto. Em troca de passes pelo meio do campo, Tião tocou para o jovem meia, que ajeitou o corpo e acertou o ângulo esquerdo da meta palmeirense.
Tudo igual no Morumbi, e as emoções estavam apenas começando. Logo na saída de bola, o Palmeiras aproveitou a desatenção corinthiana para voltar a ficar a frente no marcador.
Leivinha, que havia entrado há pouco mais de cinco minutos no jogo, no lugar do uruguaio Héctor Silva, recebeu pela meia direita e, de perna esquerda, também colocou a bola no ângulo de Ado, sem chances de defesa. Um banho de água gelada na euforia do time alvinegro.
Apesar da quebra de expectativa, o Timão não jogou a toalha e rapidamente deu o troco na mesma moeda. Depois da saída no círculo central, Tião abriu a jogada para o lado direito com Natal, ponta direita que havia substituído Lindóia, que avançou e serviu novamente o volante que raramente subia para o ataque.
O camisa 5 recebeu, penetrou a área alviverde, limpou a marcação, driblou Leão e, caindo, conseguiu empurrar a bola para as redes vazias. Três gols em três minutos, escancarando uma característica marcante de qualquer Dérbi, em que nenhum dos dois lados quer perder.
O sofrido gol da virada
Porém, nesse dia, a força de vontade do Corinthians acabou prevalecendo. Já aos 43 minutos, em um de seus últimos esforços para tentar sair vitorioso, o time corinthiano conseguiu o gol da vitória.
Empurrado pela metade alvinegra que enfrentou oito graus de temperatura, os comandados de Francisco Sarno conseguiram furar mais uma vez a defesa palmeirense depois de uma tabela rápida pelo lado direito entre Adãozinho e Natal. Mirandinha recebeu já dentro da grande área, finalizou e a bola acabou batendo em um defensor palestrino, se oferecendo de volta para o camisa 9.
Com Leão fora do gol, traído pelo bate-rebate, o atacante corinthiano mandou para o gol vazio e fez a Fiel Torcida presente no Morumbi explodir de alegria.
O time do Palmeiras até tentou organizar um novo ataque, mas não conseguiu ter sucesso, e ainda houve tempo para Leivinha e Rivellino se desentenderem à beira do gramado e serem mandados para o chuveiro mais cedo. Aos 48 minutos, Armando Marques checou pela última vez seu relógio e encerrou o jogo, decretando a vitória do Corinthians por 4 a 3.
O triunfo significou um alívio para o lado alvinegro no confronto, que apesar de ter batido seu maior rival, ainda teve que esperar seis anos antes de voltar às glórias. Já o time alviverde, que viu seu maior rival vencer a partida após ficar grande parte do duelo atrás no placar, ainda manteve o bom momento na década de 70, porém, sempre teve o Corinthians como uma pedra incômoda no sapato, prevalecendo a máxima de que clássico é clássico e vice-versa.
Ficha Técnica
Corinthians 4 x 3 Palmeiras
Local: Estádio do Morumbi – São Paulo (SP)
Data: 25/04/1971
Árbitro: Armando Marques
Público: 60.445
Renda: Cr$ 405.279,00
Gols: Corinthians – Mirandinha (5’ – 2º Tempo), Adãozinho (24’ – 2º Tempo), Tião (26’ – 2º Tempo) e Mirandinha (43’ – 2º Tempo). Palmeiras – César (35’’- 1º), César (9’ – 2º Tempo) e Leivinha (25’ – 2º Tempo).
CORINTHIANS: Ado; Zé Maria, Luís Carlos, Sadi e Pedrinho; Tião e Rivelino; Lindóia (Natal), Samarone (Adãozinho), Mirandinha e Peri. Técnico: Francisco Sarno.
PALMEIRAS: Leão; Eurico, Baldochi, Luís Pereira e Dé. Dudu e Ademir da Guia; Fedato, Héctor Silva (Leivinha), César e Pio. Técnico: Rubens Minelli.
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