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Atleta da Seleção Brasileira de vôlei sentado sonha com Paralimpíadas
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Desde criança Luiza Fiorese sonhava em ser atleta profissional. Na época de colégio, a capixaba de Venda Nova do Imigrante era a aluna que jogava em todas as modalidades nas aulas de Educação Física e se destacava em quadra, principalmente no handebol, modalidade que desejava seguir carreira. Porém, aos 15 anos de idade foi diagnosticada com câncer no fêmur da perna esquerda, e o sonho de ser atleta parecia impossível após receber a notícia da doença.
Entretanto, depois de muitos anos na luta contra o câncer e de muita persistência, a capixaba finalmente alcançou o objetivo: atualmente, aos 23 anos, Luiza é atleta paralímpica de vôlei sentado da Seleção Brasileira e pode ser uma das 12 convocadas que vão disputar os Jogos Paralímpicos de Tóquio, que foram adiados para 2021 devido à pandemia provocada pela Covid-19.
DO “FIM” AO VERDADEIRO COMEÇO
Em 2013, Luiza Fiorese foi diagnosticada com osteossarcoma no fêmur esquerdo e precisou substituir parte dos ossos da perna por uma prótese. Em entrevista exclusiva ao Esporte News Mundo, a capixaba declarou que durante o tratamento não temeu pela vida em momento algum, mas sentia medo de não poder voltar às quadras após a recuperação.
— Quando recebi a notícia do câncer, a primeira coisa que eu fiz foi perguntar ao meu médico se eu precisaria parar de jogar, e ele foi realista comigo, as chances eram poucas. Mesmo ciente disso, depois da recuperação, eu ainda achava que conseguiria voltar às quadras. Eu tentei várias vezes, mas não consegui. Foi um processo muito doloroso. Os treinos eram na frente da minha casa. Eu ouvia o barulho do apito, os gritos das meninas jogando, mas simplesmente não conseguia — comentou.
A paratleta venceu o câncer após dez meses de quimioterapia, mas depois dessa conquista, passou por outros momentos difíceis. A prótese que foi implantada no lugar do osso que havia o tumor sofreu uma infecção de bactérias. Com isso, Luiza precisou abrir o local da cirurgia mais quatro vezes e, desta vez, ela achava que o sonho de voltar a jogar handebol era, definitivamente, impossível.
— Depois das cirurgias, eu fiquei muito limitada. Minha perna esquerda não dobra e o handebol é um esporte de contato, seria muito arriscado. Qualquer pancada que eu tomasse eu teria que amputar na hora — disse a capixaba.
O VÔLEI SENTADO E CONVITE PARA A SELEÇÃO BRASILEIRA
Na época que encerrou a quimioterapia, a capixaba se sentia vazia por não poder mais praticar esportes. Durante a entrevista, contou que pensava que esse vazio era “coisa de adolescente” e que passaria no futuro, mas, segundo ela, não passou. Com isso, Luiza decidiu fazer o curso de jornalismo para manter o contato com o esporte de outra forma. E foi a partir daí que tudo mudou.
A atual paratleta retornou às quadras de maneira inesperada, quando realmente já havia desistido da carreira profissional. Em 2018, participou de um programa de televisão e, coincidentemente nesse dia, a líbero da Seleção Brasileira de vôlei sentado, Gizele Maria, assistiu ao programa e reparou na cicatriz na perna da capixaba, e a procurou nas redes sociais para convidá-la para jogarem vôlei sentado juntas.
— Eu nunca tinha jogado vôlei sentado, mas enlouqueci de felicidade, e quando me recuperei da cirurgia, arrisquei. Não procurei a modalidade paralímpica logo de cara porque, na minha cabeça, eu não me achava deficiente. Na época, eu achava que deficientes eram apenas cadeirantes, pessoas com membros amputados… Pura falta de informação. E eu descobri que eu sou deficiente sim e que está tudo bem — lembrou.
Luiza Fiorese chamou atenção do técnico da seleção brasileira da modalidade quando foi jogar com Gizele, pelo fato de ser alta. Com isso, o treinador fez o convite para a atleta de 1,77m se integrar à equipe brasileira.
— Ele me viu treinar e ficou surpreso. Disse para eu ir para Goiânia treinar pois eu tenho chance de ir para os Jogos Paralímpicos de Tóquio. Eu não pensei duas vezes. Larguei tudo em Belo Horizonte, tranquei a faculdade e me mudei para Goiânia — afirmou a jovem atleta.
Luiza também relatou que o vôlei sentado fez com que ela se sentisse inserida na sociedade novamente, pois desde que começou a usar a prótese, se sente diferente dos outros.
— Eu nunca gostei de me sentir uma coitada pelo fato de ter tido câncer. Nem mesmo na época da doença. Nunca tive vergonha disso, nem da minha cicatriz. Uso roupas curtas tranquilamente quando eu quero. Tem gente que olha torto, mas eu não me importo. Faz parte de mim. Da minha história. Eu sou igual todo mundo, só tenho um problema na perna. Eu morria de saudades de ser tratada como uma pessoa normal e de estar inserida em um lugar que todo mundo é igual a mim. Me fez muito bem e me preencheu o vazio de ser atleta, de estar dentro de quadra novamente — explicou Luiza Fiorese.
ADAPTAÇÃO DOS TREINOS DURANTE A QUARENTENA: RUMO À TÓQUIO
Mesmo com o adiamento dos Jogos Paralímpicos para 2021, Luiza continua focada em ter o nome na lista de convocadas. Ela criou, em casa, um espaço adaptado da modalidade para continuar treinando, que ela chama, na brincadeira, de “CT Guisso Fiorese”.
— Eu treino duas vezes por dia, um deles como se fosse de academia, para minha parte física, com galão de água de 5 litros como peso para alguns exercícios. Para o outro, montei como se fosse um mini CT na minha garagem e treino com bola, porque é muito importante. A previsão da lista dos nomes das convocadas é pra maio do ano que vem, então estou fazendo a minha parte. Quero muito representar meu país em uma competição tão importante — finalizou.
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