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Má gestão no futebol, política conturbada, atrasos de salário… O que levou o Vasco ao quarto rebaixamento da sua história

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Mesmo com a vitória sobre o Goiás, Vasco foi rebaixado nesta quinta-feira (Foto: Bruna Prado/Getty Images)
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Por Gabriel Rodrigues e Gabriel Simões

Aconteceu. Depois de um 2020 e começo de 2021 muitos conturbados e um Campeonato Brasileiro muito ruim, o Vasco está rebaixado para Série B pela quarta vez na sua história. Pela quarta vez desde 2008. Ainda que mantenha uma esperança pela impugnação da partida contra o Inter, o Vasco termina a competição na zona de rebaixamento. Nem a vitória sobre o Goiás, na última quinta-feira, em São Januário, foi capaz se ajudar o Gigante da Colina.

A má campanha no Campeonato Brasileiro foi determinante para a queda, é claro. Mas este foi só um dos motivos que levaram o Vasco ao seu quarto rebaixamento. Ambiente político conturbado, contratações que não deram certo, muitas trocas de técnicos, má gestão no futebol, salários atrasados… Dentro e fora de campo o Vasco praticamente completou o gabarito dos problemas que levam os times grandes à Série B. O Esporte News Mundo lembra alguns dos motivos que contribuíram para mais uma página triste na rica e bonita história do Vasco da Gama.

Trocas de treinadores

Foram quatro ao longo de 2020/21, além do interino Alexandre Grasseli por duas partidas. O Vasco começou o ano com Abel Braga. Depois de uma campanha muito ruim na Taça Guanabara, quando o time não se classificou nem para a semifinal, e um começo ruim de Taça Rio, o experiente treinador foi demitido. Depois, foi a vez de Ramon Menezes. O ídolo vascaíno começou bem, empolgou a torcida com um bom começo de Brasileiro, o “Ramonismo” virou febre, mas quando caiu de produção e o time caiu na tabela do Brasileiro, foi demitido, deixando o Vasco na 10ª colocação. Então, o português Ricardo Sá Pinto foi contratado. Mas o time não engrenou. Muito pelo contrário. A impressão era a de que o time piorava. E a situação na tabela mostrava isso. Luxemburgo foi contratado para os últimos 12 jogos da temporada, mas também não conseguiu fazer o time atuar bem e conquistar os pontos necessário para manter o Vasco na Série A.

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“Canodependência” e falta de companheiros decisivos

Cano foi a melhor contratação do Vasco na temporada. Com 23 gols em 49 jogos, o argentino foi um dos grandes responsáveis pelos gols do Cruz-Maltino no ano. Porém, apesar da qualidade do camisa 14, a falta de um companheiro para dividir esse protagonismo pode ter sido uma das causas do rebaixamento vascaíno. Quem mais se aproximou do poder de decisão de Cano foi o, também argentino, Martín Benítez. Entretanto, apesar das boas partidas e participações de qualidade, o meio-campo não conseguiu decidir tanto quanto Germán Cano. A situação contratual de Benítez também é um fator que pode ter contribuído para isso. Ele ficou algum tempo fora dos gramados até o Vasco e Independiente se acertarem pela permanência. Com isso, Martín não conseguiu retomar sua melhor condição física e não rendeu o esperado sob o comando de Vanderlei Luxemburgo.


Os números ilustram a discrepância de poder decisivo dos atletas vascaínos. Se Cano tem 23 gols na temporada, os segundo e terceiro colocados no ranking de artilheiros do Vasco têm quatro gols cada e não estão mais no clube. São eles: o volante Felippe Bastos e o atacante Ribamar. Abaixo deles, vem o meia Benítez, com três gols marcados. Com esses números, a importância de Cano na equipe é clara e quando ele não estava inspirado, fatalmente, o Vasco não obteve o resultado.

Contratações que não corresponderam

Se no início da temporada a diretoria do clube acertou em trazer os argentinos Cano e Benítez, não podemos dizer o mesmo da janela de transferências do Vasco no meio do ano. Foram dez aquisições e apenas três gols marcados por eles. Talvez, podemos “absolver” o zagueiro Marcelo Alves e o lateral Léo Matos, que têm sido utilizados na equipe titular e com melhores atuações. Porém, os outros oito atletas pouco vêm agregando ou continuam no clube. Além desses dois jogadores, o Vasco trouxe: Ygor Catatau, Carlinhos, Neto Borges, Léo Gil, Toko Filipe, Gustavo Torres, Jádson e Guilherme Parede (esses três últimos já deixaram o clube).

Ambiente político conturbado

Todo mundo que ano eleitoral no Vasco é complicado. E 2020 não foi diferente. Discussões e brigas para saber se a eleição seria direta. Depois, para definir se o pleito seria online ou presencial. Então, duas eleições diferentes são realizadas, com um delas – a presencial -, sendo interrompida perto do fim, com confusão em São Januário, luzes apagadas no ginásio e apuração dos votos em plena madrugada mesmo após decisão judicial. Depois, mais uma briga judicial para saber qual eleição era válida. A definição de Jorge Salgado como presidente eleito só aconteceu em 17/12 e ainda assim as disputas judicias continuam. A demora na definição do presidente atrapalhou a transição entre as duas gestões e o planejamento do futebol.

Falta de torcida em São Januário

Todo os times do Brasil sofreram com a falta de torcida nos estádios durante a temporada, devido à pandemia da Covid-19. Mas o Vasco foi e é, talvez, um dos que mais sofreu sem o torcedor no seu estádio. Sem o clima de caldeirão em São Januário, o Vasco perdeu parte da sua força dentro de casa e acumulou resultados ruins como mandante. A torcida, que tanto já fez pelo clube, não pode ajudar nas arquibancadas em 2020/21.

Salários atrasados

O atraso de salários não chega a ser uma novidade em São Januário. Mas nem por isso precisa ser normalizado e encarado com naturalidade. Durante a temporada de 2020 e praticamente toda a gestão de Alexandre Campello, os jogadores e funcionários do clube ficaram boa parte do tempo com dois meses de salários atrasados. Atualmente, o clube deve os meses de dezembro, janeiro e 13º.

Elenco insuficiente, surto de covid-19, lesões…

Ao longo da temporada, assim como diversos clubes, o Vasco também teve que conviver com os problemas relacionados a covid-19 e lesões. Mas a falta de controle ou dos protocolos de segurança fizeram o Vasco ter problemas com muitos desfalques. Na partida contra o Santos, no primeiro turno, por exemplo, o time de Ramon Menezes tinha nada menos do que oito desfalques, entre suspensos, lesionados e jogadores com covid-19. Também pelo coronavírus, o Cruz-Maltino perdeu Germán Cano, seu principal jogador, em um sequência decisiva de partidas, incluindo a decisão contra o Defensa y Justicia, quando o Vasco foi eliminados da Sul-Americana. Nesses momentos, a falta de opções de qualidade no elenco do Gigante da Colina foi decisiva para o mau desempenho do time.

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