Lutas
Maguila teve uma trajetória de sucesso antes da doença
O ex-pugilista conquistou títulos importantes no mundo do boxe.
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O maior boxeador que o Brasil já teve, José Adilson Rodrigues dos Santos, também conhecido como Maguila, faleceu nesta quinta-feira (24), após passar quase 18 anos tratando da doença pela qual o ex-atleta sofria, a encefalopatia traumática crônica, e ficar internado por um mês.
Maguila foi diagnosticado em 2013 com demência pugilística, que trata-se de um distúrbio degenerativo. A doença também é conhecida como “Síndrome do Boxeador” e recebeu este nome pois geralmente atletas que praticam o esporte tendem a receber muitos socos na região da cabeça, o que, dependendo do impacto e da frequência, resultam em uma atrofia cortical do cérebro.
Apesar do boxeador ter falecido com apenas 66 anos, Maguila deixou uma carreira cheia de vitórias e momentos memoráveis que marcaram sua trajetória no esporte. Seu interesse pela modalidade surgiu após assistir às lutas de Éder Jofre – outro grande boxeador – na casa do vizinho, em 1979. Depois disso, decidiu se dedicar e praticar o boxe no seu dia a dia. Em uma entrevista, o boxeador falou sobre sua escolha: “Eu me interessei por boxe porque eu sempre fui fã do Muhammad Ali, do Cassius Clay. Sempre fui fã dele e disse: vou lutar boxe. Gostava demais dele. Quando eu comecei a assistir, nem televisão tinha em casa”, relatou na entrevista de 2015.
Sua carreira no esporte durou 17 anos, dos quais a lenda do boxe participou de 85 lutas, dentre as quais venceu 77 vezes e sofreu apenas sete derrotas e um empate técnico. A primeira conquista ocorreu em 1983, quando o lutador venceu Waldemar Paulino, em São Paulo, no ginásio Ibirapuera. Maguila ainda se manteve dono do título durante 12 anos, até 1995.
+ Comoção nacional pela morte de Maguila
Entretanto, nem sempre a vida será composta somente de vitórias. Em 1985, José teve sua primeira derrota, após ter sido nocauteado pelo argentino Daniel Falconi, no Parque São Jorge, em São Paulo. No ano seguinte, houve novamente outra luta contra o argentino e Maguila decidiu “virar o jogo”, vencendo o torneio e, de certa forma, aposentando Falconi. Falconi falou sobre esse ocorrido: “Aquela luta terminou a minha carreira, porque descolou a retina do olho direito. Para o Maguila, foi um trampolim para decolar na carreira. Salvaram meu olho depois de duas cirurgias. Era muito perigoso continuar minha carreira nessa situação. Tive que decidir e parei”, relatou Falconi.
Outras grandes vitórias de Maguila foram os cinturões das Américas pelo Conselho Mundial de Boxe (WBC), em 1986, e pela Associação Mundial de Boxe (WBA) e pela Federação Internacional de Boxe (IBF), que ocorreram em 1996. Além disso, ele foi o primeiro brasileiro a ser campeão mundial de pesos-pesados.
A luta contra Evander Holyfield foi uma das mais importantes, pois fez com que o Brasil parasse para assistir o duelo. Embora tenha sido bastante acirrada, e de certa forma a expectativa para a vitória de Maguila fosse maior, o lutador brasileiro não conquistou o título, pois sofreu um nocaute fulminante em um dos rounds do campeonato.
A “vida nos ringues” de Maguila chegou ao fim anos depois. Contudo, o atleta não deixou de comentar e produzir materiais que falavam sobre sua trajetória e títulos que ele conquistou, como o lançamento do seu álbum em 2009, intitulado “Vida de Campeão”; a homenagem feita pela escola de samba “Me chama que Eu Vou” em seu enredo; e suas gravações na televisão e patrocínios em que ele participou.