Mancini explica baixa utilização de jovens e reconhece desempenho ruim do Corinthians

Vivendo situação financeira delicada, com dívida total próxima de R$ 1 bilhão, o Corinthians ainda não trouxe reforços para a temporada de 2021. Por isso, a ideia do Timão, a princípio, era apostar nos jogadores vindos da base para montar a equipe.

No entanto, o técnico Vagner Mancini não vem dando tanto espaço para as promessas do clube nas últimas partidas, o que gerou reclamações de parte da torcida alvinegra. Em entrevista à Rádio Bandeirantes, o treinador se justificou dizendo que é preciso ter cuidado com as “crias do Terrão” no momento de utilizá-las na equipe profissional, principalmente em confrontos decisivos.

“Jogar um peso excessivo em cima de garotos em jogos classificatórios é muito pior do que se você tiver a calma necessária para que eles possam se sentir bem no profissional, que é uma grande mudança. Nós temos alguns meninos que são muito promissores, mas que ainda estão verdes. Eu não posso ser irresponsável com eles, são joias que tem que ser bem tratadas e utilizadas no momento certo”, declarou o comandante, que ainda explicou a ausência de alguns jovens por causa do desempenho nos treinamentos, citando o volante Xavier e o meia Gabriel Pereira.

“Tenho muito carinho por todos os meninos e vou tentar ser o mais justo possível. Xavier, Gabriel Pereira e alguns outros atletas que não estão ganhando oportunidades, não estão mostrando nos treinamentos aquilo que poderiam. Os que estão tendo oportunidades é porque estão se destacando. O jogador é escalado pelo aquilo que produz. Jogar esses meninos em uma situação onde o time ainda não está encaixado é sempre um risco muito grande”, disse.

“Agora que estou tendo tempo de trabalhar, talvez alguns deles apareçam na equipe. Temos que amadurecer esses garotos, mesclar e tentar buscar com eles uma forma diferente de jogar. Esses atletas que vieram da base tem as características que nós queremos”, completou.

Os frequentes pedidos pelos garotos da base no time foram intensificados devido ao momento ruim vivido pelo Corinthians em campo. Apesar da invencibilidade na temporada (7J – 4V – 3E), o futebol apresentado pela equipe alvinegra vem sendo muito criticado.

Ao fazer um balanço de seu trabalho no Timão, desde sua chegada no ano passado, Mancini admitiu que o rendimento de seus comandados está abaixo do esperado. Contudo, o treinador projetou a evolução da equipe após o período sem jogos e livre para treinamentos, causado pela suspensão do Campeonato Paulista.

“Cheguei em um momento extremamente difícil. Realmente foi e está sendo o maior desafio da minha carreira, como disse na minha apresentação. O Corinthians permaneceu na Série A e teve um ótimo momento no campeonato, depois teve uma queda de produção. Hoje nós estamos há nove jogos de invencibilidade, mas o time não vem jogando bem, eu reconheço isso. O mês de março foi um mês muito difícil para a gente. Perdi vários jogadores para a covid-19, mas estamos invictos com tudo isso, com toda essa dificuldade e sem reforço. O Corinthians sai do mês de março e entra no mês de abril muito mais fortalecido. A tendência é que a equipe tenha evolução a partir do começo do Paulista”, afirmou.

“Estou tendo uma semana de treinamento, algo que não tinha. Vi uma equipe nesses últimos jogos perdendo organização, o que é compreensível pelas mudanças que foram feitas e também pela falta de treinos. As peças acabam tendo que fazer a parte tática pelo lastro que já possuem. Isso é muito perigoso. Os jogadores acabam fazendo as coisas no automático e dando chances para os adversários. A partir do instante em que você tem chance de treinar, você consegue dar uma competência que alguns estavam perdendo. Eu fico muito irritado vendo o time jogando ou se organizando mal. A expectativa é que o Corinthians volte a jogar um bom futebol”, concluiu.

Confira outras respostas do técnico Vagner Mancini em entrevista à Rádio Bandeirantes:

Reforços

“É importante dizer que se vierem atletas, serão jogadores que vão chegar, vestir a camisa e jogar. Nós não temos a intenção de barrar os meninos buscando atletas que sejam incógnitas. Se tiver que apostar, vamos apostar na base. O torcedor quer jogadores identificados com o clube. É importante que a gente traga ainda mais ao nosso dia jogadores identificados. Existe a crise financeira, mas isso não impossibilita a chegada de um jogador de peso, desde que ele responda aquilo que queremos”.

“Se eu pudesse escolher no mercado, buscaria de quatro a cinco jogadores. Mas, como não temos o privilégio disso, estamos tentando com os garotos achar possibilidades diferentes. O Mancini vai colocar o time Sub-20 pra jogar? Claro que não. Temos que mesclar e tentar buscar com eles uma outra forma de jogar. Se eu tenho os garotos e consigo intensidade maior, eu posso jogar de outra forma. O que eu não posso é querer fazer uma marcação adiantada com o time que eu tinha. Os atletas da base tem a característica que queremos. Agora é dar o respaldo necessário para que eles possam render”.

Elenco atual e recuperação de jogadores

“Tenho sempre que pensar que meu elenco é o melhor e que eu tenho que tirar dele o máximo possível. Em termos técnicos, é óbvio que faltam atletas, não sei quando vamos ter reforço. Eu sabia da dificuldade financeira quando fui contratado, sabia que para escapar daquele momento não teriam reforços, nesse começo de anos teríamos uma estruturação. Não vou reclamar, eu vou para campo, trabalhar, melhorar jogador, sistema de jogo. Eu tenho a possibilidade de trabalhar e recuperar esses jogadores. Tudo isso nós temos que pensar. Se hoje a torcida está um pouco chateada com A, B ou C, eu e minha equipe temos por obrigação melhorar esse atleta, se ele não se enquadrar, eles vão ficar para trás. Isso cabe para os garotos e para os mais velhos. Não estou aqui para fazer graça para ninguém, quero vencer, ver o Corinthians ganhando títulos e para isso eu sei o caminho certo”.

Cazares

“Eu não entro na parte de contratos, isso é bem setorizado no Corinthians. Eu dou minha opinião. Na parte de campo, ele demorou um pouco para entrar, quando entrou foi muito bem, mas teve uma lesão. Quando retornou, não voltou na forma que estava. Ele sabe, eu sento com todos os atletas e converso com todos. Eles sabem que se eles não estiverem rendendo, não vão jogar, pode ser quem for. Eu procuro ser o mais justo e leal. O Cazares está um pouco acima do peso ainda, mas quando ele recuperar a parte física, tem totais condições de jogar pois é extremamente talentoso”.

Luan testado como falso 9

“Já tentei o Luan de falso 9, mas não me agradou muito. Na maioria dos jogos, o Corinthians tem que agredir e quando você põe um falso 9 que não é rápido, sem explosão, você tem uma dificuldade muito grande. Esses dias conversei com ele sobre o seu posicionamento. Muitas vezes está indo buscar a bola muito atrás e ficando muito distante do gol, só para mostrar que ele está lá. Nós acreditamos nele, de forma alguma achamos que ele não pode ser utilizado. Aquele que estiver mostrando que a camisa é dele, vai jogar”.

Salários em dia

“O pagamento do mês de março saiu hoje. Está tudo em dia. Alguém pode ter algo individual atrasado, mas salário está em dia. Em algum momento tivemos atrasos, mas a confiança nas pessoas que dirigem o clube é tamanha, que isso nunca chegou a ser problema”.

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