#Maraca70ENM: Maior artilheiro do Maracanã, Zico escolhe cinco gols mais marcantes e fala de relação com o estádio

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Em um jogo de associação livre de palavras, após “Flamengo”, provavelmente a próxima citada seria “Zico”. E, depois, seguindo alguma lógica possível dentro do futebol, o natural para a maioria das pessoas talvez seja “Maracanã”. As três são de tão fácil associação que foram eternizados por Moraes Moreira em mais de uma música. Em uma delas, “Só pra ver o Zico jogar”, composta após a aposentadoria de Galinho, o rubro-negro fanático sentenciou: “Não há despedida que faça esquecer/Ontem, hoje e amanhã o maracanã será sempre seu tempo”. E, de fato, é. Maior artilheiro do Estádio Mário Filho, com 334 gols marcados, Zico definiu bem, em entrevista ao Esporte News Mundo, essa tríade eterna entre o clube, o estádio que completa 70 anos nesta terça-feira, e ele:

– Minha segunda casa é o Flamengo. O Maracanã é a terceira.

E Zico não está exagerando nem um pouco nesta afirmação. O ex-jogador começou a atuar no estádio quando os juvenis ainda faziam as partidas preliminares aos jogos dos profissionais. Ou seja, desde cedo se acostumou a pisar no gramado do Maracanã e conhecer os famosos atalhos do campo, que frequenta, como jogador, desde 1971, quando já marcou o seu primeiro gol no estádio, de pênalti, no empate em 1 a 1 com o Botafogo, em março daquele ano.

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Toda essa experiência – e qualidade, é claro -, o ajudou na transição para o time profissional. Tanto que, para o Galinho, o peso de atuar pela equipe principal do Flamengo no Maracanã não foi tão grande.

– Se tornou mais fácil porque a gente já estava acostumado a jogar as preliminares. Nosso time sendo bom, a torcida chegava mais cedo para ver a gente jogar. Tive sorte porque fazia sempre os gols do time juvenil e todos já me conheciam. Quando eu subi, foi mais tranquilo, a recepção foi ótima, a cobrança foi menor. Então, já estava acostumado com a casa cheia. Para mim foi bom termos tido essa experiência. Cantarelli, Rondinelli, Geraldo, Jaime, Julinho… Foi muito bom para nós aquela experiência. Lógico que quando você vai para o profissional a responsabilidade é outra, mas você já está acostumado com todo aquele clima – comentou Zico em entrevista ao ENM.

O fato do time juvenil atuar no Maracanã antes do profissional também foi importante para o então garoto já conhecer alguns de seus futuros companheiros de equipe dos profissionais do Flamengo.

– Tinha o vestiário colado, quando a gente tava saindo, o pessoal estava na boca do túnel esperando para entrar. Então, tinha o estreitamento do relacionamento. Porque no clube a gente praticamente não via os profissionais. Era muito raro. A gente treinava às vezes fora da Gávea ou em horário diferente. Então, era muito difícil a gente ter relacionamento com os profissionais. Era só dias de jogos mesmo.

Geração vitoriosa

O grupo de jogadores que surgiu com Zico no Flamengo foi muito importante para as futuras glórias do clube, principalmente a partir do fim da década de 1970. Uma geração que cresceu dentro do Maracanã e foi essencial para fazer a torcida rubro-negra se agigantar mais ainda, para além dos limites da Avenida Maracanã e da Radial Oeste. Torcedores que, além de se acostumarem a ver o time ser campeão muitas vezes no Rio de Janeiro, também viram o Rubro-Negro ganhar o Brasil, a América e o Mundo. 

– É sempre bom você conquistar as coisas ao lado da torcida. Não foi só aquela geração. Depois veio Tita, Andrade, Adílio, Julio César, depois veio o Leandro, Mozer… O mais legal foi isso. Jogadores formados no próprio Flamengo que conquistaram mais títulos em cinco ou seis anos do que o Flamengo tinha conquistado em toda sua história. Marcaram para sempre. Tiraram aquela coisa do Flamengo ser um time regional, carioca. Virou um Flamengo nacional. Por isso passou a ser chamado de Nação. O Flamengo triplicou a sua torcida. Hoje quando o Flamengo vai em qualquer lugar do Brasil, tem torcida, embaixadas, consulados. Tudo isso se deve a esse período, desse grupo. Isso foi muito importante para todos nós, poder ter dado outra dimensão ao Flamengo – exaltou Zico.

Palco de boas ações

Mas além dos 334 gols, das vitórias e dos títulos, a relação do Galinho com o Maracanã não foi boa apenas para os torcedores rubro-negro. Mesmo antes da aposentadoria, Zico e o Flamengo já utilizam o poder de atração dos dois para ajudar quem precisasse. E o Maior do Mundo foi essencial nesse desejo do ídolo de fazer o bem ao próximo. Ainda em 1979, Flamengo e Atlético-MG realizaram um amistoso beneficente no Maracanã para arrecadar fundos para ajudar as vítimas de enchentes em Minas Gerais. E esta partida gerou uma das cenas mais marcantes da história do estádio: Pelé vestido com a camisa do Flamengo e atuando ao lado de Zico. Recém-aposentado, o Rei atuou durante 45 minutos com o manto rubro-negro.

– Foi o desejo de todo mundo. É um orgulho grande. Todo mundo feliz da vida de que isso aconteceu. E também por uma grande causa que eram as enchentes que afetaram pessoas em diversos lugares e a renda foi toda destinada para eles – comentou Zico sobre a partida que teve 139.953 pagantes.

Pelé e Zico atuaram juntos pelo Fla em amistoso no Maraca (Foto: Divulgação/Flamengo)

A despedida de Zico do Maracanã também foi um amistoso beneficente. Após fazer seu último jogo oficial pelo Flamengo em Juiz de Fora, com vitória por 5 a 0 sobre o Fluminense, em dezembro de 1989, uma outra partida foi marcada para fevereiro do ano seguinte no Maraca. Dessa vez, contra um combinado de estrelas do futebol mundial, como Taffarel, Madjer, Mario Kempes, Roberto Dinamite e Rummenigge. No primeiro tempo, Zico atuou ao lado dos companheiros de Flamengo de 1981. Depois, com o time daquele ano. O ídolo ressaltou a ideia do projeto realizado.

– Não foi questão de querer, foi questão de que foi apresentado um projeto nesse sentido. O projeto era bonito. E toda a relação que eu tenho com o Flamengo, com a torcida… Deu tudo certo. Nessas horas não é querer ou não querer. É saber se realmente vale a pena, se é legal, o que pode trazer. E a gente trouxe um benefício grande que foi arrecadação para a construção de um hospital para os hemofílicos. Ainda teve esse trabalho beneficente da partida.

Jogo das Estrelas

E esse lado do Zico continua até os dias de hoje. Com o seu Jogo das Estrelas, realizado todo ano no Maracanã, Galinho ajudar arrecadar verbas para instituições de caridade. Além da boa ação e de reunir grandes craques do futebol e até de outros esportes, o Jogo também foi responsável por reunir Zico, seu filho Thiago e seu neto Felipe dentro do campo do Maraca.

– É mais por esse sentido (da caridade). Primeiro, fechando a temporada em agradecimento ao torcedor, dando oportunidade de aquelas pessoas que durante a temporada não tem chance de irem lá e levarem as famílias, não tem problema de briga, de segurança… Então, é uma festa bacana. E festa envolve família. Acho bacana e emocionante poder estar do lado do filho e do neto. E fazendo o bem ainda. São tantos jogadores que vem, participam, e ajudam as entidades que a gente doa toda a arrecadação. Faço questão de prestar contas com a sociedade de tudo aquilo que acontece, é muito legal isso – comemorou Zico.

Como não poderia deixar passar em branco, o ídolo também falou sobre a torcida ao lembrar do Maracanã. E ele ressaltou a emoção que sentia sempre que entrava em campo e ver os rubro-negros na geral, nas arquibancadas e nas cadeiras do Maior do Mundo.

– Sempre mexe com a gente. Afinal, nós somos de carne e osso. E é bacana, ainda mais tendo a maioria favorável, reconhecendo o esforço que a gente fez, dando o melhor dentro de campo. Essa empatia que sempre tive com a torcida é isso, esse reconhecimento. Então, sabiam que a gente entrava lá para dar o nosso máximo, no sentido de fazer com que eles tivessem mais alegrias do que tristezas. E acho que conseguimos isso.

Conseguiram, sim. A torcida rubro-negra que o diga.

Zico colocou seus dois gols contra o Cobreloa no seu “top-5” do Maraca (Foto: Reprodução)

Top-5 no Maracanã

A pedido da reportagem do Esporte News Mundo, Zico elegeu seus cinco gols mais marcantes entre os 334 marcados no Maracanã.

Confira a lista do Galinho:

  • Flamengo 1 x 1 Grêmio – 18/04/1982 – 1º jogo da final do Brasileiro de 1982.
  • Flamengo 2 x 1 Cobreloa – 13/11/1981 – 1º jogo da final da Libertadores de 1981 (o primeiro gol).
  • Flamengo 2 x 1 Cobreloa – 13/11/1981 – 1º jogo da final da Libertadores de 1981 (o segundo gol).
  • Brasil 3 x 1 Bolívia – 22/03/1981 – Eliminatórias para a Copa do Mundo de 1982 (o terceiro gol, de falta).
  • Flamengo 2 x 2 Vasco – 23/09/1973 – Primeiro gol de Zico como profissional no Maracanã.

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