São Paulo

‘Nosso adversário não foi melhor do que nós em nada’, diz Abel após vice

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Abel Ferreira em coletiva pelo Palmeiras. Reprodução TV Palmeiras
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O Palmeiras perdeu o jogo de volta da final do Paulistão para o São Paulo por 2 a 0 no Morumbi e viu se encerrar uma sequência positiva de quatro jogos sem perder contra o rival fora de casa e a invencibilidade de oito jogos sem derrotas longe do Allianz Parque na temporada.

Após o vice-campeonato, Abel Ferreira que concedeu coletiva, fato que não vinha ocorrendo, já que o auxiliar João Martins estava responsável por atender aos repórteres depois dos jogos do Paulistão. Na conversa com a imprensa, o técnico português começou dizendo:

“Não, se formos analisar a primeira parte de forma séria e honesta, intelectualmente, na primeira parte nós fomos melhores e o futebol é isso, é um chute que vai na bandeira de canto e entra no gol. Na minha opinião, na primeira parte, fomos melhores, em um jogo que sabíamos que seria decidido por detalhes e que foi decidido por um gol. A gente trabalha, a gente planifica, a gente organiza, faz trabalho setorial, análises do nosso trabalho, mostramos aos jogadores, trabalho coletivo, trabalho individual e o futebol se resume a isso. Um chute de fora da área, que vai para fora, para a bandeirinha de escanteio e entra no nosso gol. Temos que aceitar que isso é futebol e seguir em frente.”

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Abel Ferreira analisou o jogo e a performance do rival:

“Nosso adversário não foi melhor do que nós em nada, não criou mais oportunidades que nós, não transitou mais, não teve ataque posicional melhor do que nós, já no primeiro jogo, as melhores oportunidades foram nossas. Li e ouvi que foi um jogo de encaixes, foi um jogo de intensidade… Se víssemos um Inter de Milão x Juventus seria um jogo dessa intensidade que iríamos ver, um jogo das melhores equipes, jogos decididos por detalhes e foi o que aconteceu. Foi um jogo decidido por detalhes. Volto a dizer: na minha opinião, nosso adversário não foi melhor do que nós a não ser em eficácia e na sorte que teve como conseguiu marcar o primeiro gol porque o primeiro gol, quem marcasse iria desbloquear o jogo, porque uma equipe ia ter que assumir mais riscos e foi o que nós fizemos, mas volto a dizer, essa é minha opinião, não achei que nosso adversário nem lá e nem cá foi melhor do que o Palmeiras em momento nenhum.”

Entre os titulares, Abel fez uma mudança com relação ao jogo de ida. Patrick de Paula começou no banco de reservas e Danilo Barbosa começou a partida e, sobre isso, o técnico explicou o que pretendia com cada um em campo.

“O que queríamos com o Danilo Barbosa é o que tivemos logo na nossa primeira oportunidade, não sei se se lembram, que o Rony toca e o Danilo Barbosa chuta para fora, essa é a primeira oportunidade e é do Palmeiras e era exatamente isso que nós procurávamos, nós conhecemos bem o Danilo e apesar de fazer bem a posição de zagueiro, a posição dele é de ‘8’, um 8 que chega na área e o Patrick é mais um 8 de vir pegar a bola e de chute de fora da área e ele nos deu exatamente isso na segunda parte, o chute de fora da área. Sabíamos que nosso adversário ia se fechar, como se fechou, e deixar apenas dois jogadores para a transição, os dois centroavantes, como deixou na segunda parte, fechando-se com 8 e deixando 2 na frente, retirando o espaço que o Palmeiras tinha nas costas, mas foi isso que procuramos, mais dinâmica com o próprio Patrick, porque é um jogador, não de chegada na área, mas de vir de trás para frente com bola, para tentar arremates exteriores, ele tentou, mas infelizmente os dois chutes foram para fora… Ainda tivemos mais uma transição com ele, que passou pelo Menino e o passe foi um bocadinho longo, depois poderia ter tido a devolução, mas volto a dizer, foi um jogo decidido em detalhes e o primeiro gol do nosso adversário demonstra bem o que é o futebol. Por mais que a gente queira dar explicações, a gente trabalha, a gente planifica, a gente gasta um tempo tremendo para tentar trabalhar a sua equipe e muitas vezes o jogo é decidido por esse tipo de gol.”

Quando foi perguntado sobre o esquema 3-5-2, Abel Ferreira contestou e deu uma aula sobre tática aos jornalistas:

” Veja como a equipe jogou com bola… Nós não jogamos com três zagueiros, jogamos com um 4-3-3, quando se faz uma análise, é preciso olhar o posicionamento dos jogadores, onde que andava o Gustavo Gómez, por onde que andava o Mayke na primeira fase de construção… Não me venham falar dos três zagueiros mais uma vez, porque nosso adversário, esse sim, joga com três zagueiros e não muda nunca e nós não jogamos com três zagueiros, jogamos com Renan encostado na esquerda, é só estar atento e ver onde que jogou o Renan… Sem bola é verdade que o Renan fechava um bocadinho mais por dentro, mas com bola não. Quando falamos em três zagueiros, acham que é um sistema defensivo, para mim é um sistema ultraofensivo e nós hoje não jogamos com três zagueiros, jogamos com o Renan encostado, a linha jogamos no 4-3-3, foi isso que nós fizemos com bola, um 4-3-3, nossa linha de quatro com o Mayke, Luan, o Gómez e o Renan encostado, com uma nuance estratégica do Gómez poder subir para o lado do Felipe Melo para criar uma superioridade numérica e encostamos o Victor Luis a esquerda, o Rony na direita para dar largura, com o Luiz Adriano podendo voltar para o entrelinhas, o que fez e muito bem com o Danilo Barbosa e o Veiga com a missão de tentar ganhar as costas.”

O técnico português também rasgou elogios para o São Paulo!

Foi isso que nós procuramos e foi como eu disse, tenho que dar mérito ao nosso adversário, não me custa nada admitir que o adversário também teve qualidade, também teve organização, soube se defender muito bem e foi a primeira equipe que eu enfrentei e fazia marcação individual no campo todo, é uma equipe que marca muito bem e tem uma pegada de bola muito boa, para mim esse é o ponto forte dessa equipe. É uma equipe que se defende muito bem. Eu sei que vocês passaram algumas imagens, alguém me mostrou, de eu dizendo para o Luan, do adversário ‘corre muito’ e acabou por ser ele a fazer o gol… Mas como eu disse, parabéns ao adversário porque ganhou, parabéns ao adversário porque foi mais feliz, parabéns para sua equipe técnica, parabéns aos seus jogadores, parabéns à equipe técnica, parabéns ao São Paulo e parabéns também à minha equipe, tenho que ressaltar que nós, para chegar na final, precisamos passar um período difícil, houve uma altura que não sabíamos se íamos passar ou não, conseguimos passar, eliminamos o Bragantino na casa deles, uma das melhores equipes, eliminamos o Corinthians na casa deles… Penso que nosso caminho na chegada até a final foi muito mais difícil que do nosso adversário, mas não podemos tirar o mérito do que nosso adversário fez nesses dois jogos e dar os parabéns ao São Paulo por esse título.”

Quando foi perguntado a respeito do motivo dos jogadores vindo da base, as Crias da Academia, normalmente começarem as finais no banco, Abel falou o que pensa do tema:

“Desculpa dizer, mas vocês aqui são altamente pessimistas… É que a questão não é essa, deixar as crias (da academia) na reserva ou as crias que entram… Ainda hoje estava esperando o Gabriel Menino, quando substitui e coloquei ele esperava que ele me desse muito mais do que ele me deu, nós queremos sempre que os jogadores entrem e deem o seu melhor, nós temos uma equipe de qualidade, nós usamos esse Paulista para mostrar todos os jogadores as oportunidades que têm minutos e, jogadores que nem sequer sonhavam que nesse ano ter minutos… Eu quero que vocês valorizem… É muito fácil eu dizer que quero que valorizem o que o Danilo tem feito, o que o Luan tem feito, quatro jogos seguido com intervalo de apenas um dia e por isso que eu tive que tirá-lo, porque estava completamente desgastado… É insano a quantidade de jogos que nós temos e temos que valorizar o esforço, seja das crias, dos pais, dos filhos, dos treinadores… Pelo trajeto que fizemos para chegar até aqui. Agora eu tenho que aceitar quem não quer valorizar nosso trabalho, quem não quer reconhecer o que estamos fazendo com as crias porque eu tenho uma árvore de frutos lá em casa e ela dá muitos frutos, mas é a que leva mais varadas… As árvores que dão mais frutos são as que levam mais varadas e portanto estou muito feliz com as crias, com os jogadores mais experientes, com o clube, com nossa equipe técnica, e vou voltar a dizer, para quem não sabe: O futebol é mágico por isso, é um chute que vai na bandeira de canto e bate no rabo do jogador nosso e entra no nosso gol. Futebol é isso.”

Essa foi a terceira final seguida que o Palmeiras perdeu na temporada. Abel também falou sobre o assunto:

“Temos que olhar o copo meio cheio. Eu prefiro chegar nas finais e ganhá-las, mas prefiro chegar às finais, porque para chegar às finais é preciso trabalhar, ter competência, ter uma equipe focada e nós temos estado em todas as finais de todas as competições. Quem quiser valorizar isso valoriza, o processo, o caminho até chegar lá… quem quiser criticar pode criticar porque perdermos as finais, porque nós, de fato, perdemos umas e ganhamos outras, mas uma coisa eu quero dizer: a minha vida é assim, eu sei que vocês me conhecem dentro das quatro linhas e eu estava conversando com o árbitro hoje ao final do jogo e ele me disse: ‘muita gente fala de você dentro de campo e fora de campo’. Dentro de campo, é uma coisa, é competir para ganhar, o negócio fora de campo é outro e, portanto, quero dizer uma coisa para quem está em casa: umas vezes eu chorei, umas vezes eu perdi, mas mil emoções eu vivi.”

Abel ferreira usou o campeonato para dar oportunidades para todos os atletas e valorizou isso, que aconteceu durante toda a competição:

“É muito bom ter que responder essa pergunta. Esse foi o campeonato de todos e para todos. Não foi dos titulares, dos reservas ou do sub-20. De todos para todos. Jogou o Vinicius, jogou o Jailson, jogou Weverton, jogou Michel… É só vocês verem a quantidade de jogadores que nós utilizamos e valorizar tudo isso. Esse Paulista foi um campeonato de todos e para todos e, com grande orgulho, que nós enquanto equipe técnica fizemos, o que esses jogadores fizeram e o percurso até chegar a final, Em determinada altura, tudo estava perdido, mas era preciso acreditar. Conseguimos passar às quartas, jogamos contra uma equipe super competitiva na casa deles e ganhamos bem, em seguida tivemos que pegar um dos nossos maiores rivais na casa deles e ganhamos bem com todo o mérito, sabedoria e competência chegamos à final de duas mãos com o São Paulo e temos que assumir, admitir e aceitar que nesses dois jogos o nosso adversário foi mais competente, foi mais eficaz e, na minha opinião, foi muito feliz”

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