São Paulo
‘O direito de sonhar é tirado da periferia’, lamenta Tchê Tchê em feriado histórico
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“É difícil você ver um negro médico”. Essa foi apenas uma das frases ditas por Tchê Tchê, lateral e meio-campista são-paulino, no Dia da Consciência Negra. Em entrevista exclusiva à SPFC TV, mídia oficial do tricolor, o atleta relembrou diversas passagens de sua trajetória. Oriundo da periferia paulistana, Tchê Tchê tem sido cada vez mais engajado em lutas políticas e sociais.
Instaurado em 2011, o feriado que faz alusão à Consciência Negra referencia a morte de Zumbi, líder do Quilombo dos Palmares. Nos últimos anos, a discussão da marcante data tem ganhado força em toda a sociedade. Com o futebol, é claro que não seria diferente.
Para Tchê Tchê, a diferença social, cultural e financeira entre as classes brasileiras fica bastante nítida em momentos como o que se vive atualmente.
“Algumas pessoas que têm muito gostam de desmerecer as que não têm ou não tiveram a possibilidade de lutar para ter algo melhor. Da minha parte, sempre lutarei por essa causa”, comenta.
Sonho x realidade
De acordo com a opinião do polivalente são-paulino, sonho e realidade muitas vezes não se encaixam na mesma frase quando se trata do dia a dia na periferia.
“É difícil você sonhar ao ver o próprio pai trabalhando todos os dias, mas mal conseguindo pagar as contas de casa. Chega o fim do mês e se está apertado a ponto de, muitas vezes, não ter o que comer. Pior ainda é pensar que isso não tem nada a ver com sonho ou possibilidade de tal. Essa é a realidade que a gente vive na periferia”, lamenta.
Olhando friamente para o futuro, Tchê Tchê também afirma que, no depender dele, as lutas ligadas à Consciência Negra sempre serão prioridade.
“Tenho um filho e não quero que ele passe por diversas coisas que eu passei. Dificilmente isso (referenciando as diferencias étnicas e raciais do Brasil) vai acabar – mesmo que tenhamos voz mais ativa e isso diminua de forma progressiva”, finaliza.