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Olimpíadas de Inverno: entre recordes e desafios, atletas do Brasil viajam esta semana para Pequim
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A espera para o início das Olimpíadas de Inverno de Pequim 2022 está chegando ao fim. Os 11 atletas que representarão o Brasil viajam para a cidade-sede nesta semana, para a nona participação do país nos Jogos. A equipe de esportes na neve viaja para a China na quinta-feira (27), enquanto a de gelo embarca no sábado (29). A delegação brasileira será a maior entre as nações latinas e a esperança é de que algumas marcas sejam batidas. Na coletiva de imprensa organizada pelo Comitê Olímpico do Brasil (COB), Jaqueline Mourão e Nicole Silveira falaram sobre a preparação e as expectativas para a competição.
+ Assista a coletiva de imprensa na íntegra
+ Confira os representantes do Brasil nas Olimpíadas de Inverno
Recorde à vista
Para fazer história, Jaqueline só precisa dar a largada na primeira prova do esqui cross-country. Aos 46 anos, ela vai disputar sua oitava Olimpíada e se tornará a brasileira com mais participações nos Jogos, superando o velejador Robert Scheidt, a jogadora de futebol Formiga e o cavaleiro Rodrigo Pessoa. Mineira de Belo Horizonte, a atleta começou cedo sua caminhada no mundo dos esportes. Com 15 anos ela já praticava o Mountain Bike. Na estreia olímpica, em Atenas 2004, foi a primeira ciclista brasileira a competir no Mountain Bike feminino em uma Olimpíada. Em Turim 2006, foi pioneira novamente e se tornou a única brasileira a disputar os Jogos de Verão e de Inverno. Prestes a quebrar mais um recorde, Jaqueline acredita que sonhar alto valeu a pena.
– Nunca pensei que chegaria à minha oitava Olimpíada. A emoção é muito grande, mas é a mesma de todas as outras edições. Minha vida é marcada pela resiliência. Na minha trajetória eu sempre tive que provar o contrário, em tudo. Então talvez essa seja a minha maior bandeira, de resiliência, e de que eu possa inspirar outras pessoas comuns, como eu, que cresceram no Brasil, a trabalharem duro e terem essa resiliência pra vida, pra conquistarem os seus sonhos.
Na coletiva de imprensa, Jaqueline destacou a proximidade do ciclismo e do esqui, principalmente no aspecto físico, mas ressaltou que alguns ajustes na parte técnica precisaram ser feitos. A atleta, que hoje mora no Canadá, esteve presente nos Jogos de Tóquio e competiu no Mountain Bike com uma lesão no ombro. Sete meses mais tarde, em meio a pandemia da Covid e depois de muito trabalho, ela está pronta para escrever mais um capítulo da sua trajetória olímpica.
– Foi desafiador. Antes de Tóquio, em março de 2021, eu tive que classificar o Brasil pros Jogos de Inverno no Mundial. Em maio veio a Copa do Mundo, pra classificar pros Jogos de Verão, e em julho eu disputei as Olimpíadas. Foi muito corrido, eu cheguei na Europa (para a disputa da Copa dos Balcãs, no início de 2022, na Sérvia) pras primeiras provas e não tinha nem esquiado na neve, porque a neve ainda não tinha chegado no Canadá. Então foi roller esqui (esqui com rodas, praticado em locais sem neve) até a hora de entrar no avião, e três dias depois eu estava competindo na neve. Teve que ser uma transição muito rápida, mas graças a Deus deu tudo certo.
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Integrante da comissão de atletas do Comitê Olímpico do Brasil (COB), da Confederação Brasileira de Ciclismo (CBC) e da Confederação Brasileira de Desportos na Neve (CBDN), Jaqueline já trabalha no desenvolvimento de projetos de incentivo aos esportes na neve. O objetivo é atuar nos bastidores após a aposentadoria. A atleta decidiu que não vai disputar as Olimpíadas de Paris, em 2024, mas não descarta uma última participação nos Jogos de Inverno de 2026, em Milão-Cortina.
– Eu parei de pensar em idade, enquanto eu me sinto forte e com gana de competir, de representar meu país, eu vou estar competindo. E nesse caso, no esqui cross-country, eu acabei de conquistar meu melhor resultado no estilo clássico, então vejo que a cada ano ainda estou tendo perfomance. Eu não tenho perdido muito fisicamente e por ter começado tarde ainda tenho evoluído bastante na minha técnica.
Esperança de resultado histórico, Nicole afasta a pressão
Estreante nas Olimpíadas, Nicole Silveira vai badalada para Pequim. A atleta de 27 anos será a primeira brasileira a competir no skeleton, um dos esportes mais radicais dos Jogos, no qual os competidores se lançam em um trenó e descem a pista de cabeça para baixo. A atual campeã da Copa América alcançou o oitavo lugar no evento-teste realizado na China. A expectativa é de que ela supere a melhor colocação do Brasil nos Jogos de Inverno: o nono lugar de Isabel Clark no snowboard cross, em Turim 2006. Há quatro anos competindo na modalidade, Nicole se sente preparada tecnicamente e agora foca na parte mental para afastar a pressão e alcançar um bom desempenho nas provas.
– Eu não esperava estar aqui em tão pouco tempo e já com essa esperança de resultado. Nessa temporada eu aprendi que sempre vou melhor quando penso em me divertir, focando só no desempenho e na descida. Esses quatro anos de preparação foram de bastante esforço e dedicação, o trabalho foi feito e agora é chegar nas Olimpíadas e aproveitar o máximo possível. Acho que com essa mentalidade eu posso conseguir um resultado bom, mas quero chegar sem pressão e sem estresse.
Nicole percorreu um longo caminho antes de chegar no skeleton. Desde os dois anos praticando esportes, ela já passou pela dança, ginástica olímpica, futebol, vôlei, fisiculturismo, bobsled, levantamento de peso e crossfit. Enfermeira de profissão no Canadá, ela também atuou na linha de frente do combate à Covid enquanto treinava para os Jogos de Inverno.
– Eu geralmente treino duas vezes por dia, então tinha vezes que eu fazia dois treinos de manhã pra poder trabalhar de tarde. Ou treinava de manhã, trabalhava de tarde e depois terminava o treino de noite. Então foi correria. Ser enfermeira me ajudou e atrapalhou ao mesmo tempo, mas eu amo o que eu faço e não me arrependo de nada. O mais difícil foi achar esse balanço de não trabalhar muito pra poder treinar e focar no objetivo, que era a classificação.
Time Brasil já estreia antes da abertura
A abertura dos Jogos de Inverno está marcada para 4 de fevereiro, mas o Brasil inicia sua caminhada um dia antes, com Sabrina Cass no esqui estilo livre. Diferente dos Jogos de Verão, três vilas olímpicas abrigarão os atletas: a Vila de Zhangjiakou, a Vila de Pequim e a Vila de Yanqing. Além de cerca de 2900 esportistas, aproximadamente 2600 oficiais de equipe serão acomodados nas localidades. A programação em Pequim começa 2 de fevereiro, com as provas de curling, e vai até o dia 20.