Futebol americano
Os primeiros passos da carreira de Tom Brady: de Michigan para o Hall da Fama
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Quem olha para os números incríveis e os feitos da carreira de Tom Brady durante seus 22 anos de atividade na NFL, jamais diria que ele chegou a liga como uma mera “aposta” vindo da Universidade de Michigan para o New England Patriots, como a 199º escolha daquele recrutamento. Certamente não passaria na cabeça de nenhum scout naquela época que os Patriots estariam ao apostar naquele quarterback fazendo a escolha que mudaria a história da franquia (e da liga) de uma forma definitiva.
Os primeiros movimentos da carreira de Brady antes de se tornar um ícone do futebol americano foram difíceis. Lidou com crises de ansiedade, a desconfiança dos técnicos e teve que lutar muito para terminar sua carreira universitária como titular. Mas ali nascia uma das características mais marcantes da personalidade do TB12: a obstinação de atingir suas metas pessoais.
Os anos na universidade
Brady deixou a Junípero Serra High School, em San Mateo, na Califórnia, com boas credenciais para ser um quarterback titular em uma grande universidade. Durante os anos na escola, ele praticou diversos esportes e até chegou a ser escolhido no draft da MLB pelo Montreal Expos, para jogar beisebol como catcher, já que se destacava na posição e chamava a atenção de olheiros na época. Mas, para a sorte do futebol americano, o garoto Thomas seguiu mesmo o caminho com a bola oval. Porém, os convites para atuar em universidades da Califórnia não chegaram e Brady acabou optando em defender as cores do Michigan Wolverines, em 1995.
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A Universidade de Michigan tinha tradição e vivia um bom momento. Enquanto cursava psicologia, tentava buscar uma vaga no time titular. Todavia, a concorrência era forte e ele era só uma das últimas opções dos Wolverines, que tinham Brian Griese como o dono da posição. Com Griese, Michigan foi a campeã nacional universitária em 1997, derrotando Washington State no Rose Bowl por 21 a 16. Griese depois foi um quarterback de relativo sucesso na NFL, chegando a ser campeão do Super Bowl 33, como reserva do Denver Broncos.
Tom Brady amargou por dois anos a reserva em Michigan e chegou até a cogitar deixar a equipe para atuar na Universidade da Califórnia. Mas, após a saída de Griese do elenco quando foi draftado pelos Broncos em 1998, chegaria a chance que tanto esperava para o QB mostrar seu potencial no futebol universitário.
Entretanto, ele precisou lidar com a ansiedade e lutar duramente com o colega Drew Hanson pela titularidade dos Wolverines na temporada 1998. Ganhou a confiança do seu treinador, Lloyd Carr, e foi escalado no primeiro jogo daquela temporada contra Notre Dame, para não sair mais do time. Foram 13 jogos como titular e o título no Citrus Bowl, com uma vitória de 45 a 31 diante de Arkansas, fechando uma temporada de 15 passes para TD, 12 interceptações e 2636 jardas lançadas, com 10 vitórias e 3 derrotas.
No seu último ano de universitário em Michigan, em 1999, novamente ganhou a posição de titular. Porém desta vez teria que dividir o tempo de jogo com Henson. Foi acertado que Brady iniciaria os jogos no primeiro quarto, Henson no segundo e para o segundo tempo de partida caberia a Carr decidir quem jogaria. A estratégia do treinador parecia funcionar, já que Michigan iniciou a temporada vencendo bem os seus cinco primeiros jogos.
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Mas, na sexta rodada, diante da arquirrival Michigan State, Brady não voltou no segundo tempo. Retornaria só durante a partida, com desvantagem de 17 pontos para quase virar o jogo pros Wolverines na derrota por 34 a 31. Na semana seguinte, contra Illinois, lançou para mais de 300 jardas (mesmo perdendo o jogo) e então Carr decidiu que passaria a ser o titular absoluto no restante da temporada. Michigan então venceu todos os jogos restantes, incluindo a vitória contra Alabama para conquistar o Orange Bowl, por 35 a 34 na prorrogação, no último jogo daquela temporada. Acabou ganhando o apelido de ‘garoto das viradas’ (Comeback Kid), por reverter placares no último período dos jogos, incluindo a dramática vitória de 31 a 27 contra Penn State, fora de casa. Na temporada foram 16 passes para TD e seis interceptações, passando para 4.773 jardas no total.
Brady terminaria sua carreira em dezembro de 1999, para atuar na NFL, e com o bacharelado em Estudos Gerais, além do diploma em psicologia e administração. Nos Wolverines obteve 20 vitórias e apenas cinco derrotas, sendo o terceiro na história da universidade em tentativas de passe (710), 442 passes completos, o quarto em jardas lançadas (5.351) e com 62,3% de acerto de passes, além de 31 passes para touchdown.
A ida para a NFL
Os anos em Michigan como titular, entretanto, não eram garantia que Tom Brady seria uma das estrelas do recrutamento de 2000 na NFL. Um desempenho fraco no scouting combine, evento onde os jogadores são submetidos a testes físicos e técnicos diante de todos os olheiros da liga, derrubaram a cotação de Brady naquele draft, apesar de uma classe que não oferecia grandes opções de quarterbacks. Ele acabou sendo o sétimo QB escolhido naquele draft, saindo apenas na sexta de sete rodadas como o 199º recrutado. Ficando atrás de jogadores como Giovanni Carmazzi (San Francisco 49ers, que nunca começou uma partida como titular na NFL), Chris Redman (Baltimore Ravens, campeão do Super Bowl em 2000, sendo só o terceiro reserva da equipe e que jogou apenas 12 partidas como titular na carreira) e Tee Martin (Pittsburgh Steelers, que lançou apenas para 69 jardas em toda sua carreira na liga).
De acordo com o livro Patriots Reign, de Michael Molley, o New England Patriots estava em dúvida sobre se selecionavam Tom Brady ou Tim Rattay, QB vindo da Universidade de Lousiana Tech. Os Pats acabaram enfim optando por Brady, enquanto Rattay foi escolhido para os 49ers, onde passou sem obter muito destaque na liga. Daquela classe de quarterbacks de 2000, ironicamente, só dois deles além do próprio Brady se tornaram titulares na liga: Chad Pennington (New York Jets) e Marc Bulger (escolhido pelo New Orleans Saints, mas que teve bons momentos no St. Louis Rams).
Enfim profissional, quando Brady se apresentou aos Patriots no estádio de Foxboro diante do dono da equipe, Robert Kraft, disse em alto e bom som que ele “seria a melhor escolha de todos os tempos que a franquia fez”. E parecia estar prevendo o futuro. Na primeira temporada, começou como o quarto reserva mas já terminou o ano como o reserva imediato de Drew Bledsoe. Chegou a atuar em um jogo, na derrota de 34 a 9 para o Detroit Lions, completando apenas um único passe.
Em 2001, Tom Brady iniciou o ano ainda como reserva. Mas apenas até o dia 23 de setembro, quando Bledsoe se machucou gravemente durante a partida contra o New York Jets. O TB12 entrou em substituição, mas não evitou a derrota por 10 a 3. No jogo seguinte, contra os Colts, fez sua estreia como titular dos Pats e venceu seu primeiro jogo na NFL, na vitória por 44 a 13.
O resto da história… bem, os fãs dos Patriots, Buccaneers e do futebol americano sabem de cor.