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Em entrevista exclusiva ao ENM, Rafael Lima fala sobre bastidores do rebaixamento do Paraná Clube e planos para o futuro

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Foto: Divulgação/AV Assessoria de Imprensa
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Aos 35 anos, o zagueiro Rafael Lima conta com uma carreira vitoriosa: foram acessos com a Chapecoense e Coritiba, o título da Série B com o América-MG, a Sul Americana com a Chape e mais de 200 jogos com o Verdão do Oeste entre 2012 e 2016. Em 2020, o zagueiro defendeu o Paraná Clube e entrou em campo treze vezes nos últimos quinze duelos, foi um dos destaques do plantel e recebeu propostas para continuar, mas decidiu não renovar o contrato e está disponível no mercado. Em entrevista ao ENM, Rafael explicou o que levou sua saída do Paraná Clube, falou sobre os planos para a temporada 2021 e as metas para o pós-aposentadoria.


Bastidores conflituosos

Rafael, você já recebeu propostas de algum clube para a temporada 2021? E o que te levou a deixar o Paraná?

Eu tive a possibilidade de permanecer no Paraná, mas acabou não acontecendo por alguns desencontros, infelizmente, porque o Paraná é um clube que oferece uma estrutura muito boa para o atleta. Mas infelizmente, o Paraná está sendo muito mal administrado há algum tempo já. E eu vi algumas situações no Paraná que pensei que nunca iria ver na minha carreira profissional. Vi situações de atletas até passando dificuldade para comer. Atleta profissional.

E acabou não acontecendo a minha permanência no Paraná devido a essas situações e algumas situações. Na minha carreira, eu sempre tive comprometimento, sempre fui muito íntegro, de olhar olho no olho. E não aconteceu. Tive outras possibilidades agora, mas era só para estadual e não eram possibilidades boas para o meu julgamento, e pensei: pra sair da minha casa para ir para outro projeto, deve ser um projeto que vale a pena.

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Vi situações de atletas até passando dificuldade para comer. Atleta profissional.(…) Infelizmente, o Paraná está sendo muito mal administrado.

Futuro incerto

Ainda sem clube, como você tem se preparado para a próxima temporada? Como funciona sua rotina de treinamento?

Eu não tive férias. Na realidade, o último jogo foi no finalzinho de janeiro, aí. E eu vim para casa depois que acabou lá em Curitiba. Eu retornei, tenho pessoas aqui em Florianópolis que cuidam de mim já, há muitos anos, da parte física, da parte técnica, tática, enfim. Tem um treinador, amigo meu, que trabalha nesse projeto, tem educador físico, tem nutricionista… Eu treino duro todos os dias. Então, principalmente depois que se passa de uma idade, a gente sabe que tem que se cuidar cada vez mais, e eu estou preparado para receber uma próxima oportunidade, e esperando essa oportunidade surgir.

E a temporada 2021 vai ser a última de Rafael Lima no futebol profissional?

Eu fiz um planejamento de carreira, porque eu quero trabalhar com futebol fora dos gramados quando parar. Então fiz um planejamento de carreira para jogar até 2022. No caso, ano que vem seria meu último ano de carreira. Então minha cabeça está muito voltada a isso, obviamente que se tiver as oportunidades para continuar jogando, tudo bem. Senão, a gente vai ter que seguir um outro caminho, mas eu me sinto muito apto a jogar, me sinto jogando em alto nível ainda.

Obviamente que quando se tem uma idade acima dos 30, 31 anos aqui no Brasil, as pessoas já começam a te considerar um pouco mais velho, veterano, como costumam dizer, e muitas dessas pessoas não costumam ver o nível que você tá jogando. Eu tive pouquíssimas lesões na minha carreira, sempre fui um atleta que cuidou muito bem do corpo, então meu corpo ainda está preparado para suportar uma temporada de futebol profissional. Por isso que me preparei para jogar até ano que vem.

Você disse que quer trabalhar com o futebol fora dos gramados. Explique mais sobre isso: você quer seguir carreira como treinador ou vai pra parte administrativa?

Te confesso que eu estava pensando muito em me tornar treinador, mas também trabalhei com alguns executivos de futebol que me fizeram, e têm feito, repensar, porque são profissionais de altíssima capacidade, altíssimo gabarito. Mas por enquanto eu me vejo trabalhando primeiramente como auxiliar, para trabalhar com uma pessoa que eu possa aprender e também passar aquilo que eu conservei durante a minha carreira, e depois, futuramente, assumir uma comissão técnica.

Me vejo trabalhando, primeiramente como auxiliar (…), e depois, futuramente, assumir uma comissão técnica.

Isso se eu realmente decidir ir para este lado, porque eu penso que o futebol brasileiro é oportunista, realmente profissional, mas os profissionais que não estão preparados, eles fatalmente caem no esquecimento. Eu quero realmente me preparar para que, assim como tenho feito na minha carreira, buscando o melhor dentro dos gramados, quando acabar a minha carreira, também quero buscar o melhor fora dele.

E esses executivos que te fizeram repensar, algum deles é da Chapecoense? Você pensa em voltar ao clube para trabalhar na parte de gestão de futebol?

Na Chapecoense, eu tenho mais de 200 jogos pelo clube durante cinco anos. Tive alguns acessos, disputamos Série A, Sul-Americana, enfim. Depois aconteceu de aquele acidente fatídico, em que eu perdi vários irmãos e marcou o mundo inteiro. Tem pessoas dentro do clube que têm me ligado para [que] um dia, quando eu pensar em parar efetivamente, eu possa trabalhar no clube, e isso me agrada muito. Porque assim como era no América Mineiro, onde fui campeão da Série B, é muito bacana quando você passa por um lugar e a grande maioria das pessoas te respeitam, é o que importa, que além de trabalhar e respeitar o profissional, respeitam o ser humano.

Então quando eu realmente parar, tenho certeza que terei boas possibilidades de continuidade fora do campo, porque nunca puxei o saco de ninguém, sempre me posicionei. Mas sempre fui leal à minha carreira. Então as pessoas sempre me conheceram como Rafael Lima, o cara que se posicionava, mas não era desrespeitoso. Eu espero daqui a pouco, quando pensar em parar, ter alguma porta aberta em um desses clubes onde passei, ou em outros clubes, porque tenho amigos treinadores com quem tenho conversado semanalmente e pensam também em me utilizar como seu auxiliar. E isso é muito bacana, gratificante.

Tenho amigos treinadores com quem tenho conversado semanalmente e pensam também em me utilizar como seu auxiliar.


Rafael Lima segue sem clube para a temporada seguinte, e continua se preparando para voltar aos gramados em boa forma. Para ficar por dentro do mercado da bola e de tudo o que acontece no futebol brasileiro, siga o Esporte News Mundo no TwitterInstagram e Facebook.

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