Futebol Internacional
Shakhtar Donetsk tenta ressurgir em meio a invasão russa na Ucrânia
— Continua depois da publicidade —
Os últimos meses vividos pelos ucranianos se resumem ao terror do conflito que envolve o país com a Rússia, movido pela possível entrada da Ucrânia na Organização do Tratado do Atlântico Norte, a OTAN. Desde então, algumas paixões foram abruptamente interrompidas pelas movimentações militares.
Em Donetsk, cidade que integra a rica região de Donbass, vital para a economia e independência financeira da Ucrânia, o clube da cidade, o Shakhtar Donetsk, vive uma agonia contínua após a chegada das tropas russas. “Perdemos nossas casas e muitas vidas” afirma Dimitry Kirilenko, CEO do clube em entrevista ao MARCA da Espanha.
Ele, que foi obrigado a fugir com a família para a Croácia, afirma que todo o futebol ucraniano está profundamente abalado com a operação militar russa mas ainda assim não paralisou, “Organizamos alguns amistosos recentes para arrecadar dinheiro e doar para os mais necessitados”, afirmou.
A ajuda arrecadada com os jogos realizados pelo clube ucraniano também é direcionada aos funcionários do Shakthar, “estamos pagando uma certa quantida de dinheiro aos funcionários para apoiá-los e é bom saber que todos estão vivos”.
O Shakthar que desde 2014 não joga em Donetsk, devido ao inicio das hostilidades entre russos e ucranianos, mandava seus jogos em Lviv, e posteriormente em 2017 em Kharkov. Todas as cidades já estão sob controle russo.
Com o estádio vazio, a arrecadação caiu vertiginosamente, “perdemos receita no estádio, mas ao mesmo tempo aumentamos em outros serviços adicionais” afirmou Dimitry.
A tensa relação entre Ucrânia e Rússia, se iniciou em 2014 quando Vladimir Putin ordenou a anexação da península da Crimeia, região separatista ucraniana.
Com a invasão russa, em 24 de fevereiro, o Shakthar Donetsk assim como outros clubes ucranianos receberam apoio internacional, “Quando a guerra começou, todos os clubes de futebol da Europa apoiaram a Ucrãnia. Todos os fãs em todo o mundo, unidos pela Ucrãnia” declarou.
Mas nem todo mundo manifestou apoio as causas ucranianas, Dimitry diz que “nenhum” clube russo sinalizou apoio ao Shakthar ou a Ucrânia, “Não acho que as equipes russas se comportem de maneira diferente de seu governo” criticou.
“Não há chance de jogar na Ucrânia”
Com a criação dos corredores humanitários que já ajudaram mais de 3 milhões de ucranianos a fugirem da guerra, muito se falou sobre a volta da normalidade no país, que vive sob toque de recolher em pelo menos 18 regiões.
Kirilenko afirma que é um dos dirigentes que vem se esforçando para o retorno do futebol ucraniano, “Este mês teremos uma reunião para discutir com a Federação (da Ucrânia) e os presidentes das equipes como podemos iniciar o campeonato”.
As alternativas para a retomada do futebol do país passa por uma opção descartada: Jogar na Ucrânia. Segundo o CEO do Shakthar, “não há chance de jogar na Ucrânia”, a solução para esse problema fará com que os clubes ucranianos joguem na Polônia ou na Turquia.
O tempo corre mais rápido para o país, e o risco dessa temporada ser descartada é considerável. Se isso ocorrer, a Ucrânia pode ficar sem representantes nos torneios europeus, “A Copa do Mundo começa muito cedo nesta temporada, então temos apenas dois ou três meses para completar o campeonato.”
A Seleção Ucraniana já reuniu os jogadores do país, e vem treinando na Eslovênia para as eliminatórias, onde enfrentará a Escócia em Glasgow, “Eles estão muito motivados para lutar pela Ucrânia e se classificar para o Catar”.
Ucrânia e Escócia se enfrentarão em 5 de junho, e o vencedor jogará contra o País de Gales para ter a honra de participar no Mundial do Catar, onde ficará no grupo B com Inglaterra, Estados Unidos e Irã.
Jogadores brasileros são aguardados
Com uma oferta de jogo beneficiente com o Valencia em mãos e a expectativa para jogar com Real Madrid ou Barcelona, Dimitry Kirilenko não abre mão de seus jogadores brasileiros, que estão com os contratos suspensos até junho por uma decisão da FIFA.
“Eles tem permissão da FIFA para ficar fora até junho e a decisão do que acontecerá com seu contrato depois será discutida”, afirmou o dirigente, que contratou a estrela David Neres junto ao Ajax da Holanda, em janeiro de 2022, por 12 milhões de Euros, e apesar de não tê-lo usado com regularidade já admite negociar com o Benfica.
O brasileiro estava junto a outros conterrâneos companheiros de elenco como o atacante Pedrinho, ex-corinthias, e Dodô, ex-Vitória, no grupo de jogadores estrangeiros que decidiram esperar pela definição do conflito ao invés de assinar um contrato provisório.
Ao todo, foram 44 jogadores brasileiros das primeiras divisões da Ucrânia e Rússia que receberam esse benefício para suspenderem seus contratos até junho. 23 jogadores aceitaram a mudança, dos quais 13 retornaram ao futebol brasileiro.