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Um ano sem Maradona: O D10S que segue vivo na memória de uma nação

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Photo by Tomas Cuesta/Getty Images
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Quando um jogador se sobressai e conquista títulos com um time, ele é chamado de ídolo. A torcida passa a exaltá-lo e sempre terá um carinho especial. Quando um jogador se sobressaí, conquista títulos e ajuda a escrever a história de toda uma nação, ele alcança um patamar além do ídolo, ele se torna parte dessa cultura e também vira identidade, não só para os fãs de futebol, mas para todos que o conhecem.

Maradona é um desses raríssimos casos, talvez um dos únicos no mundo a ter alcançado tal nível. Nem sua vida particular, que era tão turbulenta fora das quatro linhas, foi capaz de diminuir o carinho e o respeito que os argentinos possuem por ele. Diego é ídolo, mas também é humano. Errou, acertou, viveu e encantou. Talvez seja isso o que fez com que todo um país adotasse Maradona como um pedaço de sua cultura: o fato dele ser tão igual ao seu povo, ainda que ele pudesse ser o mais diferente possível.

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Foto: Marcelo Endelli/Getty Images)

Eu não me lembro quando ouvi falar de Diego pela primeira vez. Quando eu nasci, ele estava dando seus últimos chutes na bola. Apesar disso, a história que ele escreveu era contada de geração em geração. Mesmo há quilômetros de Buenos Aires, é difícil encontrar alguém que nunca escutou falar das conquistas desse tão polêmico jogador.

O famigerado gol de mão contra a Inglaterra na Copa do Mundo de 1986, torneio esse que Maradona ganhou ‘sozinho’, é um desses lances inesquecíveis. E não teve ‘mão de Deus’ que apagasse o ‘gol do século’. O eterno camisa 10 arrancou do meio-campo, driblou três ingleses, o goleiro e finalizou com maestria para o fundo das redes, anotando o gol que seria o da classificação argentina para a semifinal.

Enquanto que para muitos, os dois gols daquele jogador baixinho era apenas uma passagem de fase na Copa do Mundo, para os argentinos o significado foi além. Diego venceu a Inglaterra, um país que machucou e ainda machuca a história do povo ‘hermano’. A Guerra das Malvinas, que recém tinha chegado ao fim neste dia histórico para o futebol, ainda doía na população, e os gols de Diego foram como uma ‘lavada de alma’ para aquele povo.

Não atoa, Maradona passou a ser chamado de ‘D10S’. A adoração é tanta, que até uma religião foi fundada com seu nome: ‘Maradoniana’. E se em vida, Don Diego já era exaltado, após sua morte diversos acontecimentos foram atribuídos a ele. Até mesmo a conquista da Copa América 2021 pela Argentina, após um jejum de 28 anos, dizem que teve uma ‘mãozinha’ do craque tão adorado pela nação… Uma ‘mãozinha de D10S’.

Sua grandeza foi tanta, que avançou fronteiras e conquistou mais nações além da sua própria. Em Napoli, brilhou com a bola nos pés e se tornou ídolo de toda uma torcida. Hoje o estádio do clube napolitano leva seu nome. Em uma das camisas do time, sua cara está estampada, junto com sua impressão digital. Como pode estar morto se segue tão vivo na memória das pessoas?

Foto: Francesco Pecoraro/Getty Images

Em vida, Maradona era o espetáculo por si só. Suas aparições em público, após sua aposentadoria, sempre eram regadas de polêmicas, ou até mesmo por momentos engraçados, como por exemplo, quando foi flagrado dançando nas arquibancadas da Copa da Rússia em 2018. Sua partida, não poderia ser diferente. Em 25 de novembro de 2020, quando nos deixou, Diego moveu milhões para o último Adeus. Nem mesmo uma pandemia impediu os argentinos de se despedirem do ídolo máximo de toda a nação. Mais uma vez Diego escrevia um capítulo na história da Argentina, dessa vez um pedaço triste e que jamais será esquecido.

Sua partida também foi e é regada de polêmicas: há quem diga que o jogador foi assassinado e pede justiça pelo crime. Negligência médica, assinatura falsificada e disputas judiciais seguem envolvendo o nome do craque.

Milhões de argentinos tentam dar o último Adeus para Maradona. Foto: Federico Peretti/Getty Images

O futebol sempre teve e sempre terá ídolos. Lionel Messi é um grande exemplo, visto que é um dos maiores jogadores da Argentina. Inclusive, há quem argumente que o atual jogador do PSG veio para desbancar ‘El D10S’. Acontece, que Lionel nunca será Diego. Ainda que com a bola no pé possuam similaridades, na vida pessoal são opostos. Eduardo Galeano até tentou explicar o que fez Maradona ser tão amado pelo povo: ‘foi adorado não apenas por causa de seus prodigiosos malabarismos, mas também porque era um deus sujo, pecador, o mais humano dos deuses’.

Antes de escrever esse texto, conversei com argentinos que foram claros em especificar que Diego segue vivo, que sua história e trajetória dentro e fora de campo, nunca serão esquecidas. Parafraseando uma frase que encontrei no Twitter: “E olha… Se está na pele de milhões de pessoas, está pintado em uma parede em ruinas de um povo bombardeado na Síria, e sua foto está colocada na parede de casas humildes em todo o mundo, está qualquer coisa, menos morto.”

Foto: Tomas Cuesta/Getty Images

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