Copa do Mundo - Qatar 2022
Vertonghen reclama de probição da Fifa sobre braçadeiras: ‘estamos sendo controlados, nunca vivi isso’
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Um dos mais experientes jogadores da Seleção da Bélgica, Jan Vertonghen, de 35 anos, não ficou calado em relação ao veto da Fifa a braçadeiras “One Love”, na Copa do Mundo, no Qatar. Na última segunda-feira, a Bélgica, juntamente com outros países, assinou um comunicado em que dizia que as seleções não poderiam utilizar a braçadeira com cores do arco-íris contra leis da LGBTQIA+ do país do Oriente Médio. Temendo punições severas, as seleções optaram em concordar e desistiram do protesto.
Vertonghen reclamou em entrevista coletiva nesta terça-feira e disse que é uma forma de controle da Fifa.
– É uma pergunta difícil. Se você fizer um protesto agora, você estaria punindo a si próprio. Eu não me sinto confortável agora. A gente foi colocado em uma situação muito difícil. Eu nunca vivi uma situação assim. E espero nunca mais viver. Não é algo legal. Nós estamos sendo controlados. Eu não sei o que dizer. A gente está aqui para jogar. Mas estamos dizendo coisas normais sobre racismo e discriminação. Se não posso dizer “não à discriminação”, eu não deveria dizer nada. Porque amanhã eu posso não estar em campo para o jogo. Acho que isso diz o suficiente – disse Vertonghen.
Na partida entre Inglaterra e Irã, o atacante Harry Kane usaria a braçadeira com a mensagem “One Love”, mas ele foi à campo com outra, onde dizia “No driscrimination”, que significa “Não à discriminação”, que foi dada pela Fifa.
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Ao menos sete seleções – Inglaterra, Bélgica, Dinamarca, Gales, Alemanha, Holanda e Suíca – afirmaram que não colocarão seus jogadores como alvos de consequências e punições da entidade. Elas anunciaram que não usarão braçadeiras contra o preconceito, temendo sanções.
– A FIFA tem deixado muito claro que imporá sanções esportivas se nossos capitães usarem as braçadeiras no campo de jogo. Como federações nacionais, não podemos colocar nossos jogadores em uma posição em que possam enfrentar sanções esportivas, incluindo cartões amarelos, por isso pedimos aos capitães que não tentem usar as braçadeiras nos jogos da Copa do Mundo da FIFA. Estávamos preparados para pagar multas que normalmente se aplicariam a violações dos regulamentos do kit e tínhamos um forte compromisso de usar a braçadeira. No entanto, não podemos colocar nossos jogadores na situação em que possam receber um cartão amarelo ou até mesmo serem forçados a deixar o campo de jogo.
O CASO
O assunto tomou proporções e se gerou polêmicas. De acordo com o jornal “The Telegraph”, a Fifa disse à Football Association (federação inglesa) que o regulamento não permite o uso da braçadeira com as cores do arco-íris. Até então, a Fifa chegou a entrar em conversas com as seleções para que a situação fosse resolvida. Ainda segundo o jornal, as seleções temiam punições com cartões amarelos aos capitães e que a Fifa teria que aprovar mudanças de equipamento dos jogadores em campo.
A iniciativa foi criada pela Holanda e posteriormente, apoiada por Bélgica, Dinamarca, França, Alemanha, Suíca e País de Gales, Dinamarca, mas a França acabou desistindo, devido a seu capitão Hugo Lloris dizer que respeitaria as leis do Qatar. Porém, outras seleções ainda insistem em usar o acessório na Copa do Mundo. A princípio, a Inglaterra foi a primeira a manter sua posição.
Por outro lado, o Qatar é bem rígido em relação a este assunto do direito das mulheres e pessoas LGBTQIA+, por exemplo. Além disso, o código penal do país proíbe homoafetividade entre as mulheres e homens e como pena, até o apedrejamento. Havia uma expectativa de que a entidade pressionasse por uma reforma na lei do país, mas não aconteceu.
A Seleção da Bélgica, de Vertonghen, estreia na Copa do Mundo nesta quarta-feira (23), contra o Canadá, às 16h (horário de Brasília), no estádio Bin Ali, pelo grupo F, que também possui Marrocos e Croácia.