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Vítor Pereira é apresentado no Corinthians: “Eu posso prometer muito trabalho em busca dos títulos”
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O técnico Vítor Pereira foi oficialmente apresentado no Corinthians nesta sexta-feira (4). Logo, um dia antes de fazer sua estreia no clássico contra o São Paulo, o comandante recebeu a camisa do clube de membros da diretoria e concedeu entrevista coletiva no CT Joaquim Grava.
Em suas primeiras palavras, ele falou sobre o elenco do Timão que tem treinado desde o começo da semana:
“Já me diverti no treino ontem. Nós, treinadores, vamos modelando nosso jogo. Ir modelando o jogo é: nós temos ideias que começamos a trabalhar, começamos a estimular comportamentos no treino, mas a qualidade do jogador acrescenta. Por isso vamos modelando em cima da resposta deles. Coloco uma posse de bola aqui, e ela tem uma qualidade porque a técnica é alta. Isso me diverte. Jogadores de qualidade acrescentam nossas ideias“, disse o técnico.
Vítor seguiu dizendo sobre como ao longo do trabalho, irá adaptando o plantel corintiano as suas ideias e que gostou do que viu nesse primeiro momento:
“Já trabalhei em países que acontecia o contrário, chegava com a mesma posse, mas a qualidade dos jogadores era mais baixa, e o resultado do exercício era diferente. Então vamos modelando, aumentando ou diminuindo a dificuldade. Quem vai me dizer se vamos jogar um jogo de grande nível são os jogadores. Agora vamos ver as respostas deles. Ontem, me diverti”.
O português explicou sobre o seu estilo de trabalho e a maneira como gosta que suas equipes atuem:
“Tenho minhas ideias. Ao longo da minha carreira fui projetando uma metodologia de treino e um modelo de jogo, aquele jogo que gosto de ver. Mas ser treinador é mais do que isso. É chegar, avaliar bem o que temos e, depois, procurar colocar os jogadores confortáveis em seu jogo. Venho para organizar, junto com meu estafe e a comissão que já estava. O que nós pretendemos é criar um jogo que coloque os jogadores confortáveis nele, que vá de acordo com as características deles. É quase como organizar o jogo deles, organizar as qualidade que tenho à minha disposição. Vamos tentar encontrar um equilíbrio entre essa qualidade técnica, que existe no elenco, e a capacidade física”.
“Quero um jogo que nos permita ter mais bola, sermos dominantes com posse, muita posse. Depois, para evitar correr para trás, precisamos ser agressivos na perda da bola. São dois momentos do jogo para evitar que essa equipe faça quilômetros e quilômetros andando para trás e depois para frente”, prosseguiu.
“Para já, títulos. Para além da qualidade do jogo, é importante ganhar. Eu gosto de ganhar com qualidade de jogo, mas ganhar é fundamental. Em um clube desta dimensão, com uma torcida enorme, é importante lutar e competir por títulos. Eu posso prometer muito trabalho em busca dos títulos”, finalizou o português.
Ele ainda aproveitou a oportunidade para revelar os motivos que o fizeram aceitar o desafio de treinar um time brasileiro:
“Eu já fui convidado para vir ao Brasil várias vezes. Eu sou um treinador dos detalhes táticos, dos detalhes estratégicos. O que me motiva é o lado técnico, tático e estratégico do jogo. A qualidade dos jogadores me motiva, e tenho certeza que aqui temos qualidade, temos um campeonato com qualidade. O que me estimula, também, é o tamanho do clube e da torcida, a paixão dos torcedores. E a insistência também, o lado emocional. A insistência do presidente, da diretoria, que me fez sentir querido, queriam muito que fosse eu. Depois comecei a me conectar com os torcedores, percebi que também queriam, então, mesmo antes de vir, senti que já havia uma ligação. Minha decisão foi por aí”.
“Antes não decidi vir porque sempre tive a Liga dos Campeões como ideia. A Libertadores é de grande dimensão, nível mundial, uma experiência nova. Vamos ver como superamos o desafio. Vamos competir, tornar a equipe mais forte, mais agressiva, com essas qualidades de ter a posse e reagir forte quando perder a bola, estarmos compactos, perceber os momentos do jogo. Temos que aguardar para ver o que esse Corinthians vai responder no futuro”.
Com vasta experiência em outras ligas, Vítor Pereira comentou sobre a oportunidade de poder trabalhar com alguns nomes do Corinthians, como Róger Guedes, Paulinho, Renato Augusto e Willian.
“Conheço muito bem alguns jogadores, já enfrentei várias vezes na China. Lá renovei o contrato ano a ano. E já vou explicar o motivo. Em relação aos jogadores, já conheço alguns, jogadores de qualidade. Muitos deles conheço de ver jogar pela televisão. Mas já tive muitas experiências engraçadas no futebol, onde temos uma visão de um atleta, e quando começamos a trabalhar com ele, o jogador manifesta coisas que nunca vimos ele fazer. Essa fase é de avaliação para mim, apesar de conhecer as características de muitos deles. O jogo é sempre feito de intenções. O treinador tem que chegar com determinados tipos de intenções, depois de fazer uma avaliação do elenco. Muitas vezes o jogador surpreende negativamente ou positivamente, então estou nessa fase de avaliação”.
Veja abaixo, outros trechos da coletiva de Vítor Pereira:
Primeiras impressões do Brasil
“Xangai tem 25 milhões de habitantes, Istanbul também tem 20 milhões, são cidades grandes. Mais do que a cidade, é nos adaptarmos à cultura. Acredito que é mais fácil adaptar no Brasil do que na China. Culturalmente temos muitas coisas em comum. A língua é fácil de nos entendermos. Aqui, a grande adaptação e dificuldade será o clima. Em termos de intensidade do jogo, gosto de um jogo intenso, mas de qualidade. Podemos confundir intensidade do jogo com qualidade. Podemos ter um jogo intenso sem qualidade, e um jogo intenso com qualidade. Eu pretendo a segunda opção. Acredito que o clima, o calor, afeta um pouco essa intensidade. Mas os jogadores estão mais habituados do que eu com o calor, e vamos treinar para nos adaptarmos. A dificuldade será as grandes viagens, a densidade competitiva”.
Estreia no Majestoso
“Confesso que sou um treinador de grandes jogos. Os grandes jogos são os que me estimulam. Em Portugal ganhamos dois títulos, temos os clássicos com Benfica e Sporting, e nós ganhamos duas vezes, em duas temporadas, com uma derrota. Não é fácil. Na Grécia há aqueles clássicos que são muito quentes. Tenho algumas experiências lá. Sou um treinador emocional, vivo as coisas com emoção. Na Turquia também têm clássicos (risos). Podia escrever um livro com essas experiências. A única diferença é que nunca joguei um clássico com três dias de treino, chegar e ir para o clássico. É uma experiência nova. Quando assumi o Porto, meu primeiro jogo foi contra o Barcelona pela Supercopa da Europa. Tinha um peso enorme. É natural. O clássico tem um significado enorme para a torcida”.
Meninos da base
“Fiz minha formação como treinador na base do Porto. Tive cinco anos em várias funções. Treinar é também ensinar. Podemos ensinar jovens de vinte anos, como podemos ensinar os mais experientes. Há sempre detalhes, coisas importantes que se vão transmitindo. Eu gosto muito de trabalhar com os jovens. É mais fácil de montar, não precisa desmontar, não há o processo de desmontar para remontar. O experiente, às vezes, já tem coisas definidas. Aí precisamos fazer uma limpeza, alterar algumas coisas, um processo mais difícil do que com jogadores mais novos. Aprendem depressa, estão focados em evoluir, por isso gosto muito de trabalhar com eles. Falta a experiência dos mais velhos, mas é nesse equilíbrio dos mais experientes e mais jovens que se constrói uma equipe forte”.
Calendário brasileiro
“A densidade competitiva é grande. Eu gosto muito de trazer jogadores da base para completar treinos na semana, sempre tive essa preocupação nos clube que passei. Estou avaliando. Depois de avaliar o que temos, aí sim estarei mais apto para entender as necessidades. Preciso de um pouquinho mais de tempo”.
Relação com a torcida
“Sou uma pessoa obcecada por futebol, com uma paixão enorme. E essa paixão que, muitas vezes, me transforma em um animal competitivo. Eu quero ganhar sempre. Não deixo nem meus filhos ganharem, não facilito para eles ganharem, isso não é educação. Me habituei, desde criança, a competir por tudo. E sou emocional. Quando se junta na mesma pessoa, em um ambiente de paixão como o futebol, a paixão e a competitividade, isso ultrapassa um pouquinho, há momentos de desequilíbrio”.
Contato com a Fiel
“O que me disseram ao longo da negociação, conversei com Duilio, Roberto, Alessandro, é sobre o caráter da torcida. Caráter de gente que vive o futebol como se fosse sua própria vida, que vive o clube como se mais nada existisse, fazendo o clube como sua família. É uma torcida que apoia, apoia e cobra. Cobram quando nós não somos iguais a nós mesmos, quando não damos tudo em campo, e o nosso compromisso é dar tudo dentro de campo. Os jogadores, nós da comissão. O que eu vi confirmou o que me disseram. Eles estão ali para apoiar. No fim, se cobrarem, é porque não gostaram. Se não gostaram, é porque não demos tudo. Aí eles têm o direito de cobrar. E é com essa cobrança que eu sou normal. Nos clubes, quando começo a sentir conforto, deixo de estar em estado de alerta. Preciso desse estado para ter a minha melhor versão como treinador”.
Vitão ou VP?
“Podem me chamar de tudo, desde que seja com respeito. Vítor Pereira, Vítor, Vitão, seja o que for. Vitão, se ganharmos. Se perdermos é Vitinho, né (risos)”.
Contrato curto
“Quando eu saí do Porto, fui para a Arábia Saudita (Al-Ahli Jeddah). Eu tenho tomado algumas decisões na minha vida que são muito intuitivas, emocionais. Para me convencer, é preciso apelar um pouco ao meu sentimento. Fui para lá com dois anos de contrato e no final do primeiro quis ir embora e paguei um ano de multa. Então nunca mais voltei a fazer contratos de longa duração. Preciso chegar no final da temporada e ver se estou feliz, se o clube está feliz comigo”.
“Se todos estiverem satisfeitos, se houver essa sintonia, não há problema nenhum e renovamos o contrato. Se o clube não se sentir feliz comigo, vamos cada um para o seu lado. Não quero estar em um clube contrariado, e nem que o clube fique comigo contrariado”.
Novo camisa 9
“Todo mundo quer um centroavante que faça muitos gols. A diretoria está trabalhando, estamos avaliando o que temos, temos qualidade. Certeza que, em breve, teremos novidades em relação ao centroavante”.
Vale dizer, que o Corinthians tem até abril para registrar reforços, que é quando acaba a primeira janela de transferências da CBF. O clube tem o apoio da Taunsa, uma de suas patrocinadoras, para bancar a chegada de um jogador para o setor. O clube diz que a busca é por um nome de impacto. Cavani, Diego Costa e Luis Suaréz foram algumas das opções cogitadas pela diretoria.
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