A garotada Made In Cotia começa hoje (07) uma nova jornada sub-17, com os atletas nascidos em 2004 e 2005. A missão dos jovens é defender os títulos conquistados pelos nascidos em 2003 e 2004 na temporada passada, quando o São Paulo desbancou o Fluminense e foi campeão da Copa do Brasil sub-17 e da Supercopa sub-17. Às 15h30, os são-paulinos enfrentam o Cruzeiro, na Arena do Calçado, em Nova Serrana-MG, pelo Brasileiro sub-17. O jogo terá transmissão do Sportv.
Antes de falar sobre os jogadores, é importante contextualizar boa parte do que aconteceu na base do São Paulo nos últimos anos. Os nascidos em 2003, base do time campeão do ano passado, são oficialmente parte da primeira geração de Cotia sem a captação do icônico José Geraldo, que por nove anos (2005-2014) foi gerente da base do São Paulo e homem forte de Juvenal Juvêncio dentro do CFA. Falecido em 2017, quando trabalhava no Desportivo Brasil, José Geraldo tinha fama de linha dura, não permitia que os atletas usassem brincos, cabelos pintados, chuteiras coloridas, entre outros, mas também era conhecido por ser um dos melhores captadores do país. Os processos de seleção do São Paulo eram gigantescos e o seu fiel caderninho uma mina de ouro de atletas jovens de todo o Brasil.
Desde a sua saída, a captação das categorias sub-13 e sub-11 ficou reduzida, como já indicado pelo diretor estatutário, Carlos Belmonte, em entrevista feita pelos jornalistas Arnaldo Ribeiro e Eduardo Tironi. O dirigente citou o aprimoramento da captação como uma das prioridades da nova gestão na reformulação da base do São Paulo.
A categoria campeã da temporada anterior viveu sempre com essa sombra, de ser parte da nova captação, tendo que se provar a cada competição e eles provaram desde o sub-15. Foram vice-campeões invictos da Copa Nike, perdendo para o Flamengo nos pênaltis e campeões paulistas, com grandes atuações de João Adriano e Marquinhos, que hoje já são parte da lista do tricolor na Libertadores.
Porém a geração 2004 e especialmente a geração 2005 tiveram outro projeto. Identificando essa falha de captação, o São Paulo se mexeu para reforçar as categorias. Entre as chegadas no time desde 2019 estão o atacante Kauê Canela, artilheiro do Novorizontino no Paulista sub-15, o zagueiro Lucas Inácio, que veio do Botafogo-SP, os atacantes Allan e Deivid, o segundo já atuou ano passado e fez parte do time multicampeão, o lateral-direito Kayque, recém-chegado do Bahia de Feira de Santana e o ponta Newertton, que chegou com grande expectativa do Sport Recife.
A missão da direção do São Paulo é tão difícil quanto a dos jogadores. Não só tiveram que contornar a dificuldade de captação, mas também lidam com o calendário enxuto. Se no profissional a preocupação é a quantidade excessiva de jogos, para a base, a escassez de campeonatos se torna um grande problema. Em 2020 não houve torneios do sub-15 para baixo, o que significa que os atletas nascidos a partir de 2005 não atuaram durante toda a temporada. O sub-17 e o sub-20 tiveram poucas e curtas competições.
Por exemplo: mesmo sendo campeão da Copa do Brasil e semifinalista do Brasileiro, o São Paulo sub-17 fez 23 jogos, quase dez jogos a menos do que teria feito só no Paulistão da categoria, caso fosse finalista do estadual, em um ano convencional. Isso implica na ausência de oportunidades e espaço para os atletas dentro dos clubes. Os nascidos em 2005 não atuam desde 2019, os nascidos em 2004 até tiveram espaço no elenco 2003 no ano passado, mas apenas alguns atletas, a maioria não teve sequência.
Com essa dinâmica, apesar de ter uma geração 2005 considerada uma das mais talentosas da história de Cotia, o São Paulo deve disputar os torneios majoritariamente com atletas nascidos em 2004. Ao longo da temporada a comissão terá que achar espaço para os atletas mais novos e esse deve ser um dos maiores desafios para a gestão de Cotia em 2021.
Depois de toda essa explicação, finalmente vamos falar das promessas da nova temporada.
Alguns já atuaram muito no ano passado, como o goleiro Leandro Mathias, que chegou no São Paulo em 2019, vindo do Amparo e despontou defendendo dez cobranças de pênaltis em apenas duas competições no sub-14. Em 2020/21 ele revezou com Felipe Carneiro e foi decisivo, defendendo penalidades na final da Supercopa e nas fases de mata-mata da Copa do Brasil e do Brasileirão da categoria, contra os rivais Corinthians e Palmeiras. Além dele, outros 2004 que apareceram muito bem foram o atacante Caio Matheus, artilheiro do São Paulo no Brasileirão sub-17 de 2020, o zagueiro Ythallo e o meia Mateus Amaral, todos convocados pela Seleção sub-17. O volante Negrucci também teve muitas oportunidades, atuando em 18 dos 23 jogos da temporada.
O São Paulo tem mais selecionáveis na equipe, como o meia Rodriguinho, único são-paulino que esteve na conquista do Sul-Americano sub-15 pela Seleção Brasileira, em 2019, junto com nomes que já chegaram ao profissional, como o zagueiro Kaiky e o ponta Ângelo, do Santos e o meia Matheus Nascimento, do Botafogo, e o lateral-esquerdo João Douglas Piauí, que chegou até a atuar com o sub-20 no ano passado. O time 2004 é bastante técnico e traz o meia-atacante/ponta Luizinho, que tem sido um dos mais elogiados na preparação da equipe, o volante Juninho, um dos destaques do time no sub-15 e o atacante Kaiky, vice-artilheiro do Paulista sub-15 de 2019.
Na geração 2005 são inúmeros os nomes que despontam com potenciais acima da média, mas os que provavelmente terão chances mais rápido com os mais velhos são o zagueiro Andrade, que inclusive fez parte das campanhas campeãs da última temporada, atuando em 7 partidas e o lateral Léo Jance, observado pela Seleção Brasileira no ano passado. Além deles, chama muita atenção o ponta Newertton, que chegou do Sport Recife e foi um dos destaques do São Paulo nas competições sub-14 do final de 2019. Seu estilo de jogo lembra bastante, guardadas as proporções, o do ex-santista Rodrygo, hoje no Real Madrid.
A expectativa é alta para duas gerações que se destacam na qualidade dos seus atletas, agora, cabe a eles confirmarem a projeção.
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