Mario Bayma quando desenhou o pé alado do escudo do Paysandu, talvez não tenha tido ideia de como aquele símbolo era a profetização de uma história, que nem mesmo o torcedor mais lúdico conseguiria sonhar. O Paysandu conseguiu o que muitos queriam: vencer o Peñarol, do Uruguai.
Em 1965, os uruguaios vieram ao Brasil para uma excursão e enfrentaram grandes clubes brasileiros, como Fluminense, Palmeiras e até o Santos de Pelé, venceu todos. O Peñarol era temido em toda América do Sul, com duas libertadores e um mundial, o clube aurinegro montou uma máquina, que não para menos, era a base da seleção celeste naquele tempo e vinha de uma sonora invencibilidade de 15 jogos.
Os brasileiros, voltaram a ser assombrados pelo fantasma uruguaio que os perseguia, desde o famoso Maracanazzo de 1950. Mas aí, o Peñarol, que era liderado pelos saudosos Pablo Forlán, Pedro Rocha e pelo gigante Mazurkievicz, treinados por Roque Máspoli, que foi um verdadeiro paredão naquela fatídica final de Copa, vieram a conhecer um clube paraense liderado por Quarenta, que vinha de um tetracampeonato paraense, mas que nem fazia sombras ao favoritismo do Carbonero.
E no dia 18 de julho de 1965, o Paysandu Sport Club lavou a alma de um país. O Peñarol veio a Belém, conheceu o sol escaldante da capital paraense, mas o que lhe ferveu foi o baile dado pelos bicolores. Com 20 minutos de jogo, a partir de uma jogada de Carlinhos que lançou para Ércio, que driblou Pablo Forlán e marcou o primeiro gol do Papão da Curuzu. Os aurinegros sequer viam a cor da bola e, logo isso se tornou evidente, quando Milton Dias em jogada de Pau Preto ampliou o marcador. E se você acha que acabou por aí, no segundo tempo, o Peñarol ainda viu o lateral Vila passar para Pau Preto fazer o terceiro dos alvicelestes e sacramentar a vitória.
Para quem acha que era fácil vencer os Manyas, nem mesmo o Real Madrid de Ferenc Puskás, no ano seguinte, foi capaz de fazer o Peñarol sair “com as orelhas a meio pau”, como registrou Nelson Rodrigues, em sua coluna, após a vitória do Papão.
Davi acertou Golias, os brasileiros tiveram o seu gosto de vingança por 1950, os paraenses testemunharam os limites do vôo que Mario Bayma havia profetizado e o nome Paysandu ficou eternizado para os uruguaios, como muito mais que o nome de uma cidade e sim, a marca de um feito sem defeitos, o Papão da Curuzu.
ESCALAÇÕES
PAYSANDU: Oliveira, Beto, Jota Alves, Abel, Castilho e Carlinhos (em pé). Quarentinha, Pau Preto, Édson Piola, Milton Dias e Ércio (agachados). TÉCNICO: Juan Álvares.
PEÑAROL: Caetano, Mazurkiewicz, Goncalvez, Nelson Díaz, Forlán, Máspoli (em pé). Abbadie, Rocha, Spencer, Cortéz, Joya (agachados). TÉCNICO: Roque Máspoli.