Eduardo Bandeira de Mello afirmou – com exclusividade ao Esporte News Mundo – que iria fazer um pronunciamento da nota de repudio do Flamengo diante de sua fala com relação ao incêndio do Ninho do Urubu, que vitimou 10 garotos da base do clube. Nesta quarta-feira, em nova entrevista ao jornalista Jorge Nicola, da ESPN, Bandeira citou o planejamento da sua gestão em relação aos Garotos do Ninho para voltar a se colocar da mesma forma sobre a questão.
– Quis reproduzir o que já tinha falado na Alerj e que falo de novo aqui. Se refere ao fato de que quando aconteceu a tragédia, eu já não podia mais ser presidente, mas, como deixamos em dezembro dois CTs prontos, um novinho em folha para o profissional e outro que já vinha sendo usado pelos profissionais desde 2016 para a base, e a base do Flamengo já estava ocupando, no final de dezembro, o CT 1, como o chamamos. Isso é documentado (…). Então, o nosso planejamento era que o CT novo seria inaugurado até novembro, o time profissional faria sua última partida em 2 de dezembro e entraria de férias, assim como a base, e, quando o profissional voltasse (em 2019) iria disputar a Florida Cup e só voltaria no final de janeiro. Então, o CT que os profissionais ocupavam poderia ser ocupado pela base imediatamente, me dezembro. Bastavam ligeiras adaptações, aumentar o número de camas, coisas assim. A maioria da base estava de férias, mas o Sub-17 não estava, foi para a final da Copa do Brasil. E, nessa final, já ocuparam o CT 1. E foi por isso que disse. De acordo com o nosso planejamento, não teria havido o incêndio, pois os meninos já teriam se mudado. Isso é límpido, cristalino e baseado em fatos – explicou o ex-presidente.
Na primeira entrevista, o ex-mandatário afirmou que, se ainda fosse presidente do Flamengo, provavelmente o incêndio no Ninho do Urubu que vitimou 10 atletas da base “não teria acontecido”. Isto gerou grande repercussão
Na segunda entrevista, que foi forçada, Eduardo Bandeira de Mello, que esteve no comando do clube da Gávea entre 2013 e 2018, reiterou que não fez qualquer tipo de acusação à nova direção ou a qualquer funcionário do clube.
OUTROS TÓPICOS DA ENTREVISTA:
Rodolfo Landim
E não existe acusação nenhuma a quem quer que seja. Se mudou o planejamento de ocupação dos CTs e houve um atraso, isso não significa que seja culpado. Na minha cabeça não passa que ninguém tenha um dolo no caso deste incêndio.
CT em novembro de 2018
Não houve aceleração nenhuma (para o novo CT ser inaugurado antes das eleições presidenciais do Flamengo em 2018). Pelo contrário, houve um atraso de 15 dias. Nossa intenção era inaugurar dia 15 de novembro, aniversário do clube, mas foi no dia 30. E foi aberto à visitação. A imprensa entrou lá. Todos sócios do Flamengo puderam entrar lá e o CT estava absolutamente pronto. Pode-se dizer que faltava um ou outro ajuste, coisas de quem está se mudando e tem que cuidar de pequenos detalhes para a coisa ficar totalmente definitiva. Mas como expliquei, tínhamos dois meses pela frente. O CT foi inaugurado em 30 de novembro e nossos jogadores só iriam utilizá-lo no final de janeiro. Então, são praticamente dois meses para fazer esses ajustes. Eu não sei dizer, na cabeça de quem não é engenheiro ou arquiteto, estava tudo pronto. E o outro CT estava pronto e utilizado desde 2016.
Quem seria o culpado?
Seria uma irresponsabilidade minha atribuir culpa a qualquer pessoa. O que eu disse é que, baseado no nosso planejamento, não teria acontecido. E falei também que, durante os seis anos que fiquei lá, não aconteceu nada parecido. O que não significa que, acontecendo 39 dias depois que saí, alguém tenha culpa disso. Quem tem que definir o que aconteceu definitivamente é a investigação. Houve uma investigação na Delegacia, cujo relatório foi devolvido pelo Ministério Público e hoje está novamente com o MP. O promotor responsável é que definirá se fará a denúncia e a quem ele denunciará e por qual motivo. Não podemos especular sobre isso. Temos que respeitar o trabalho que está sendo feito. Hoje, a investigação está a cargo do MP. Em momento nenhum acusei alguém, como, aliás, jamais acusei ninguém de nada ao longo dos seis anos (em que foi presidente).
Foto: Divulgação/Flamengo