A primeira corrida da temporada de 2022 da Fórmula 1, no Bahrein, rendeu a Lewis Hamilton o terceiro lugar. Ilusório seria afirmar que naquele momento a Mercedes era um carro forte, pois a disputa pelas primeiras posições ocorreu a 30 segundos de distância do heptacampeão, entre as Red Bulls e as Ferraris. O pódio caiu no seu colo após falha geral nos carros de Verstappen e Perez.
Além disso, nas corridas seguintes, quem esteve à frente na Mercedes foi George Russell. Hamilton se desencontrou com um W13 desajustado, saltitante -que faria o piloto reclamar muito de dores na lombar- e lento. Em algumas corridas, sequer pontuou; enquanto seu companheiro de equipe fora apelidado “Mr. Consistency”, pois alcançou top 5 em quase todas as corridas.
Os rumores a respeito de sua aposentadoria, que haviam começado após o controverso final de temporada de 2021, pareceram crescer novamente. Só que Sir Lewis Hamilton não possui sete títulos por acaso. Ele se alimenta de adversidades. Após a corrida de Baku, quando ficou em quarto, o calendário contou com outras cinco corridas e nessas cinco Hamilton subiu ao pódio. Em Silverstone, No Canadá e na Áustria, P3; em Paul Ricard e em Hungaroring, P2.
O W13 se tornou mais competitivo, e isso é um enorme mérito à equipe de Brackley, mas Hamilton se recuperou de um baque psicológico duplo: o abismo criado com o final de 2021, quando vimos a temporada mais alucinante do século XXI acabar com erros da direção de provas, e Hamilton ser profundamente prejudicado por isso; e a outra faceta do baque é a falta de competitividade que a Mercedes tinha no início desta temporada.
Porém, uma equipe e um piloto campeões não são feitos só de vitórias, mas também da capacidade de recuperação e do diagnóstico de erros que encontram ao decorrer da temporada. Isso devolveu a Hamilton, há 15 anos na Fórmula 1, o protagonismo dentro da Mercedes, e mostrou que ainda corre como menino, mas com a experiência de um multicampeão.
Para a segunda metade da temporada, a Mercedes promete manter a competitividade, e os bons resultados de Hamilton antes da pausa de verão embalam e animam tanto a torcida quanto a equipe. Isso porque George Russell o segue de perto, e além disso está à frente no campeonato de pilotos. Isso faz com que a equipe cresça como um todo.
Chance de título não há, mas a Mercedes brigará por algumas vitórias até o fim do ano, não há dúvidas. No mais, a nós espectadores, jornalistas e torcedores, basta-nos contemplar o imponderável e acompanhar os desdobramentos de um Hamilton renovado para a metade final desta temporada.