Na tarde de sexta-feira (25), surgiu a notícia de que Vítor Pereira negocia uma provável ida ao Flamengo, informação vinda do Diário Record, de Portugal. Horas depois, o Globo Esporte apurou e confirmou as tratativas envolvendo o técnico e o clube rubro-negro, com “otimismo pelo acerto”. Obviamente, toda essa situação gerou um enorme incômodo na torcida corintiana – a revolta com VP foi instantânea -, e com razão, já que em sua saída do Parque São Jorge o português alegou que não renovaria por questões familiares: a saudade de seus filhos e esposa e um problema grave de saúde de sua sogra seriam os motivos, especificamente.
Porém, nessa história, uma coisa fica bastante evidente: a fragilidade da diretoria corintiana – que não é de hoje – custou caro. No dia 15 de novembro de 2022, em meio ao imbróglio da renovação de Pereira, Rodrigo Vessoni, do Meu Timão, apurou a informação de que a saída do técnico europeu não seria apenas pela questão familiar, mas também pela dificuldade de realizar as mudanças que ele e sua comissão técnica julgavam necessárias ao clube (saída de jogadores que não suportavam a maratona de jogos, rejuvenescimento do elenco, etc. ).
Relacionando essa apuração com a situação de hoje (provável ida ao Flamengo), fica ainda mais claro que o ambiente interno do alvinegro paulista não é fácil – para não dizer outra coisa. O Parque São Jorge é tomado por uma diretoria amadora que, apesar dos avanços na gestão Duílio Monteiro Alves, ainda é permeada de conchavos, cargos a amigos e ausência de profissionalismo. A conquista da posse de toda a renda de bilheteria da Neo Química Arena, as contratações badaladas, a adesão de uma consultoria financeira para reorganizar essa questão, tudo isso não esconde o amadorismo que permeia o clube, herdado das gestões de Andrés Sanchez e de Roberto de Andrade – este último, inclusive, ainda é peça central na gestão.
O Sport Club Corinthians Paulista (SCCP) já não é mais aquele que foi campeão mundial em 2012: as finanças estão aos frangalhos, o elenco não é bem montado – repleto de jogadores que se escoram no conforto de serem amigos da diretoria e não respeitam o clube – e o parasitismo presente internamente, tanto nos jogadores como na diretoria, minam qualquer possibilidade de profissionalismo. Alguns fatores mostram a ausência de planejamento responsável dentro do Timão, como a efetivação do analista Fernando Lázaro, que é promissor, mas ainda não é um técnico e possivelmente não possui “cancha” para tomar a frente de um elenco tão “cascudo” como é o do Corinthians, e a volta do preparador físico Flávio Oliveira, que recebeu críticas, inclusive da comissão técnica portuguesa, pela preparação física defasada. Uma outra situação duvidosa é um recente processo de um ex-funcionário que foi coagido a votar nas eleições para presidente do SCCP e, caso não votasse, seria demitido – e foi. Ele ganhou o processo na justiça e será indenizado. Tudo isso escancara a nebulosidade existente dentro do clube.
O técnico lusitano certamente percebeu tudo isso e, com a aproximação do Flamengo, vislumbrou a oportunidade de estar em um clube extremamente estruturado, que passou anos fazendo uma gestão econômica muito profissional e teria em suas mãos a autonomia para tomar decisões e exigir suas vontades. Oportunidade que, com certeza, o técnico não encontrou no Timão e, talvez por isso, cogita a possibilidade de ficar no Brasil, mas não no time paulista.