Nesta quinta-feira (29), Pelé se foi, aos 82 anos, por complicações do tratamento de um câncer no cólon. Edson Arantes do Nascimento, o Rei Pelé, deixa eternizado um legado enorme e vitorioso, de muitas conquistas e histórias para o futebol brasileiro.
E, em um dos jogos mais marcantes da trajetória do Rei no futebol, o Cruzeiro estava envolvido. O ano era 1966, quando Pelé vestia a camisa do Santos e se classificava para mais uma final da Taça Brasil. Antes, o time paulista já havia conquistado duas libertadores, dois mundiais e buscava o sexto campeonato consecutivo da taça de campeão nacional.
Com mais uma final pela frente, o alvinegro praiano tinha pela frente o Cruzeiro de Dirceu Lopes e Tostão, que buscava o seu primeiro título brasileiro, mas, mesmo assim, o Santos de Pelé era o favorito, o “imbatível”.
Na primeira partida, em Belo Horizonte, diante de 77 mil pagantes, o futebol reservou uma surpresa: 6 a 2 para o Cruzeiro. E, antes mesmo do intervalo, o time mineiro ganhava por 5 a 0. Em pleno Mineirão, Pelé se viu neutralizado perante a força azul.
Em jogo de domínio total do Cruzeiro, o Rei mostrou porque é o Rei, e deixou Piazza no chão. Mas, o zagueiro celeste, Procópio Cardozo, não aceitou a atitude, sendo ele e Pelé expulsos com 30 minutos da segunda etapa.
Já na partida de volta, no estádio Pacaembu, em São Paulo, o camisa 10 do Santos e seus companheiros tentaram se redimir e, consequentemente, forçar o terceiro jogo. Pelé mostrou sua genialidade, abriu o placar e viu Toninho ampliar para 2 a 0. O jogo se encaminhava para uma vitória santista e mantinha vivo o sonho do hexacampeonato.
Porém, o Cruzeiro voltou para o segundo tempo diferente, teve o domínio da partida e virou o jogo para 3 a 2, com gols de Tostão, Dirceu Lopes e Natal. Com o título, a Raposa quebrava a hegemonia do Santos de Pelé e conquistava seu primeiro campeonato nacional.
Em entrevista ao Globo Esporte, em 2016, Pelé relembrou a final de 1966 e destacou a dificuldade em enfrentar o Cruzeiro, exaltando os jogadores que defenderam a camisa celeste na decisão.
– Foi uma grande surpresa para nós da equipe do Santos Futebol Clube, que, na época, era imbatível. Eu não posso esquecer de como foi difícil jogar contra o Cruzeiro nessa final. Era um time muito organizado, com toque de bola entre Dirceu Lopes, Tostão, Piazza, etc. E o goleiro Raul com sua camisa amarela, que era novidade entre os goleiros.
O Cruzeiro postou, em suas redes sociais, uma homenagem ao Rei Pelé e destacou “Depois de você, nos tornamos o país do futebol”. Confira na íntegra:
Confira as fichas técnicas da Final de 1966:
CRUZEIRO 6 X 2 SANTOS
Cruzeiro
Raul; Pedro Paulo, Willian, Procópio e Neco; Piazza e Dirceu Lopes: Natal, Tostão, Evaldo e Hilton Oliveira
Técnico: Airton Moreira
Santos
Gilmar; Carlos Alberto Torres, Mauro Ramos, Oberdan e Zé Carlos; Zito e Lima; Dorval, Toninho Guerreiro, Pelé e Pepe. Técnico: Lula
Data: 30 de novembro de 1966
Local: Mineirão
Árbitro: Armando Marques (RJ)
Público: 77.325 pagantes (90.000 estimados)
Renda: Cr$ 222.314.600,00 (recorde)
Gols: Zé Carlos (contra, 1 do 1º), Natal (5 do 1º), Dirceu Lopes (20 e 39 do 1º), Tostão (pênalti, 42 do 1º); Toninho Guerreiro (6 e 9 do 2º), e Dirceu Lopes (27 do 2º)
Expulsões: Procópio e Pelé (30 do 2º)
SANTOS 2 X 3 CRUZEIRO
Santos
Cláudio, Zé Carlos, Haroldo, Oberdã e Lima; Zito e Mengávio; Amaury (Dorval), Pelé, Toninho e Edu.
Técnico: Lula
Cruzeiro
Raul, Pedro Paulo, William, Procópio e Neco; Piazza e Dirceu Lopes: Natal, Tostão, Evaldo e Hilton Oliveira
Técnico: Airton Moreira
Data: 7 de dezembro de 1966
Local: Pacaembu
Árbitro: Armando Marques (RJ)
Público: 30.000 pagantes
Renda: Cr$ 65.142.000
Gols: Pelé (23 do 1º), Toninho (25 do 1º), Tostão (18 do 2º), Dirceu Lopes
(28 do 2º) e Natal (44 do 2º)