Nesta terça-feira (13), o Brasil enfrentou o Peru, em Lima, em partida válida pelas Eliminatórias da Copa do Mundo de 2022. Mantendo o 100% de aproveitamento, a Seleção venceu de virada os mandantes por 4 a 2. Com direito a show de Neymar, além de marca histórica, Tite mostrou como suas opções pelo lado direito podem render frutos – de diferentes espécies.
Este setor do ataque canarinho conta com três nomes principais: Richarlison, Everton e Rodrygo. Jogadores diferentes, que exercem funções diferentes e podem dar possibilidades distintas para o esquema ofensivo do Brasil.
Espaço para mais um?
Antes da primeira partida, contra a Bolívia, falava-se sobre Éverton Ribeiro brigar por essa vaga. Se analisada a filosofia de Tite para o ataque posicional da Seleção, a ideia acaba indo em direção contrária. O motivo é a falta de amplitude que o meia do Flamengo traria se escalado nessa posição.
Canhoto, Éverton Ribeiro tem a tendência a “entrar no campo”, saindo da lateral para o meio. Semelhante ao movimento de Neymar na esquerda. O problema seria o desequilíbrio causado por isso. O Brasil ataca em um 2-3-5, com Danilo, o lateral-direito, na linha dos meio-campistas. Os cinco finais seriam Renan Lodi, Neymar, Firmino, Philippe Coutinho e, enfim, o ponta pela direita. O equilíbrio (um lateral por dentro e outro por fora, um ponta aberto e outro fechado) cairia por terra.
Com a movimentação de Éverton Ribeiro buscando o meio para criar jogadas, alguém deverá cobrir seu espaço. Coutinho, um grande articulador, teria de sair da sua posição. Se não ele, Danilo, que está na linha com Casemiro e Douglas Luiz, teria que ultrapassar, deixando o meio desprotegido. Além disso, ao invés de “alargar” a linha de defesa adversária, criando mais espaços, essa movimentação só “afunilaria” o jogo, dificultando ainda mais um drible ou passe de progressão.
As opções viáveis
Everton foi quem começou contra a Bolívia. Assim como qualquer ponta pela direita no esquema de Tite, é importante que o jogador fique rente à linha lateral. Não é difícil ouvir do treinador gritos como “olha a linha” ou “pé na linha” para seus comandados. O jogador do Benfica faz isso, mas está mais acostumado a jogar na esquerda e carregar pelo meio do que fazer jogada de linha de fundo na esquerda.
Por isso, Everton acaba levando seu estilo pessoal para o outro lado. É um jogador que busca mais a bola no pé. Mesmo estando colado na linha lateral, é mais fácil vê-lo progredindo com dribles ou tabelas e aproximações do que se projetando sem a bola. Não que isso seja defeito, mas é uma possibilidade diferente para Tite.
Quem entrou no seu lugar, ainda contra a Bolívia, foi Rodrygo. O jovem do Real Madrid fez boas apresentações no clube merengue jogando exatamente nessa posição. O ex-Santos é uma mescla de Everton, no que diz respeito à bola no pé e aproximações, e um ponta “tradicional”. Rodrygo também é capaz de ultrapassar a linha adversária e chega bem à linha de fundo para cruzamentos ou passes para trás.
O favorito?
Quem pareceu ser o de melhor encaixe nos dois primeiros jogos foi Richarlison. Titular contra o Peru, o jogador do Everton, da Inglaterra, é o que mais se aproxima do “ponta tradicional”. É o que não precisa da bola no pé para ser participativo e sempre dá opção. Se mantém rente à linha e, como visto no 4 a 2 desta terça, sabe ler e aproveitar espaços nas costas da defesa. Seja para receber o último ou penúltimo passe, Richarlison se projeta bem e faz bons “facões”, movimentos de fora para dentro da área, para receber a bola de bons armadores como Neymar e Coutinho.
Richarlison também tem a vantagem física sobre seus concorrentes. Mais forte que os demais, pode não ser “liso” para driblar, mas consegue prender a bola com trabalho de pivô e, além de tudo, ser utilizado como centroavante, o que já aconteceu eu outras oportunidades.
Cada escolhido representa uma forma diferente de montar o quebra-cabeça do ataque brasileiro. Tite tem peças em suas mãos, mas também tem um leque de funções que podem mudar partidas.