Surfe

O legado das Olimpíadas Paris 2024 para o surfe

O surfe se tornou um fenômeno de popularidade nos Jogos Olímpicos de Tóquio em 2021. Três anos depois, o esporte foi disputado nas ondas de Teahupo’o, no Taiti, a mais de 15 mil quilômetros de Paris. Mesmo com uma ondulação decepcionante, as Olimpíadas de Paris geraram um impacto que será eterno na história das pranchas e que extrapola os limites aquáticos.

A competição masculina foi vencida por Kauli Vaast, um atleta que não faz parte da elite da World Surf League (WSL). No feminino, os Jogos também ficaram marcados pelo anúncio da aposentadoria da penta campeã mundial Carissa Moore. Estas duas frentes devem influenciar no futuro do surfe profissional. No entanto, o maior legado deixado pelas Olimpíadas da França no surfe será observado fora das águas.

O brasileiro Gabriel Medina conquistou a medalha de bronze em Teahupo’o e, ainda assim, essa não parece ter sido a maior notícia sobre ele. O surfista conquistou uma nota 9.90 em uma das manobras mais épicas da história do surfe, mas o que marca sua trajetória é o impacto da foto tirada por Jerome Bouillet (capa) justamente nessa onda. A imagem em questão se tornou viral nas redes sociais e mudou os rumos do surfe. A tendência é que o esporte, que já vem ganhando muito espaço na mídia esportiva, se torne cada vez mais popular entre aqueles que não estavam acostumados a seguir os eventos.

As Olimpíadas Los Angeles 2028 já têm o surfe como uma das modalidades confirmadas. A região da Califórnia é uma das mais famosas para o esporte, já que recebe diversas etapas da WSL e abriga as Finais desde 2021. No entanto, assim como na França, os picos dos Estados Unidos não recebem ondulações tão significativas na época das competições olímpicas. Assim, o COI tem uma enorme decisão a fazer, já que o Havaí, ilha do oceano pacífico, também faz parte do território norte-americano. O local é conhecido por ter tubos épicos, como aqueles que foram vistos no memorável dia das oitavas de final masculina em Teahupo’o. A piscina de ondas mais famosa do mundo fica no estado californiano e começa a despontar como um dos potenciais candidatos a receber a competição.

A possibilidade dos Jogos Olímpicos adotarem o Surf Ranch como casa do surfe em 2028 é mínima, porém, não descartável. As ondas artificiais dariam aos surfistas as mesmas condições de ondas, algo que nao foi visto no Taiti. Por outro lado, a essência de ser um esporte marítimo e imprevisível, obviamente, seria perdida. De qualquer forma, o poder que o COI tem nas mãos certamente impacta no crescimento do surfe no maior evento poli-esportivo do planeta.

Outro ponto a se descartar nas Olimpíadas foi a arbitragem, positiva e negativamente. O afastamento do juíz envolvido em polêmicas em Tóquio e em Paris é um recado claro dos fãs: a parcialidade não será tolerada. Por outro lado, a transparência da ISA Games em relação aos juízes, disponibilizando em seu site oficial o nome e o país de cada responsável pelo julgamento das baterias é um passo importante que a maior liga de surfe deve seguir. Caso contrário, existe um risco que a WSL corre de perder seu posto?

As atenções se voltam à WSL para a reta final da temporada 2024. A próxima etapa já tem data marcada e começa na próxima semana, no dia 20 de agosto. O evento em Fiji é a última chance que os atletas têm para alcançar as primeiras posições do ranking e conseguir uma vaga no finals. Com muitas discussões sobre os critérios adotados durante as últimas temporadas, o caminho que a liga deseja seguir em direção ao futuro do surfe começa a se estreitar.

As questões relacionadas à saúde mental, que já afastaram Filipe Toledo, Gabriel Medina e tantos outros atletas do palco competitivo, devem ser alguns dos pontos a ser investigados. Além de toda a pressão envolvida, a falta de critério no julgamento das etapas da principal liga de surfe está diretamente relacionada e é um dos fatores que vêm impactando negativamente a carreira dos surfistas. Com isso, é extremamente importante que a WSL aprenda com a ISA e com os Jogos Olímpicos para que o surfe siga a maré que vem o catapultando aos mais prestigiados degraus do esporte.

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