O departamento de futebol do Palmeiras está paralisado desde o dia 16 de março. Distante dos gramados há quase 3 meses, Vanderlei Luxemburgo, em entrevista concedida ao Estadão na última quinta (04), revelou como a pandemia tem afetado a rotina do futebol palmeirense.
– O treinamento virtual tem sido muito bom. Demos um programa para eles treinarem durante essa paralisação, para todos se manterem em atividade. Só que está se tornando cansativo. Eles estão cansados de ficar em casa treinando em uma sala, na varanda. Agora, tem de começar a mudar.
Essa não foi a única preocupação que Luxa externou. Indagado sobre uma possível perda técnica de seus jogadores, o treinador se mostrou tranquilo, entretanto, criticou a falta de coordenação entre os estados referente à questão do retorno aos treinamentos.
“O futebol não pode estar fora da pandemia. A pandemia faz parte de uma totalidade. Então, não pode um Estado liberar o futebol e o outro, não”, opinou. “Tem clubes treinando já há bastante tempo e nós estamos respeitando os órgãos de saúde. Eu acho que foi equivocada a liberação para alguns clubes do país treinarem e outros não. Acho que isso não é legal.”
Ainda sobre a volta do futebol, Vanderlei disse que não há porquê dissociar o esporte da sociedade.
– O futebol tem de voltar dentro daquilo que for feito para a sociedade. Liberou para a sociedade, libera o futebol. Não pode ser diferente. Não deixamos de ser cidadãos por sermos profissionais de futebol. Não podemos ser tratados de forma diferente de todos. O grande erro é este.
Com alguns times da série A já tendo retomado os treinamentos em campo, Luxemburgo ressaltou que os clubes que saírem desse processo de isolamento mais tardiamente terão que compensar o tempo “perdido”.
– Você treinar em uma varanda de dez metros e em um campo é muito diferente. Acho que vai fazer uma diferença, sim. Vamos ter de antecipar etapas. Acima de tudo, estamos lidando com vidas, com seres humanos. Pessoas podem morrer. Não é uma coisa normal.
O técnico do Verdão ainda elogiou a postura do presidente Maurício Galiotte e do clube ao discordarem do retorno às atividades.
– O presidente sempre falou que o Palmeiras vai voltar quando os órgãos sanitários e a saúde pública voltarem. Nós estamos preparados. Mas só vamos voltar quando liberarem.