Campeonato Carioca

A pandemia nos times de menor investimento: “Esperamos que volte até junho”

A pandemia causada pelo coronavírus prejudicou bastante o futebol brasileiro. Todos os atletas e comissões técnicas estão impossibilitados de exercerem as suas profissões.

Mas enquanto vemos diversos atletas da primeira divisão podendo treinar em casa, no conforto de suas academias particulares e alguns ainda recebendo seu salário de forma integral, nos times de menor investimento já se sente o efeito da paralisação e a torcida é grande pela volta de forma mais depressa possível: fruto de quem faz parte dos 80% dos jogadores que ganham até dois salários mínimos por mês.

O Esporte News Mundo conversou com o atacante do Bangu Mariano, que falou um pouco sobre quem vive o lado menos glamouroso e milionário do futebol.

Esporte News Mundo: Como foi que vocês receberam a noticia da paralisação?

Mariano: Fomos avisados por volta do dia 10 de Março. A comissão técnica e diretoria reuniram os jogadores e avisaram que as competições iriam parar, mas inicialmente os treinos continuariam.

ENM: Como tem sido esse período de quarentena para você? O que você tem feito para manter a forma, o clube passou alguma programação para vocês? Você tem tido alguma dificuldade pra fazer as atividades que o clube passou?

Mariano: Sim, o clube passou uma programação de treinos para fazermos em casa, e a gente tem se virado como pode. Aqui na minha cidade (Mariano é de Belém-PA e está passando a quarentena com a família) também só pode sair na rua de máscara e ai já fica um pouco complicado de fazer os exercícios na rua. Eu tô morando com a minha avó que é do grupo de risco, tem as crianças, então a gente vai fazendo da forma que dá.

ENM: Mas o clube tem acompanhado vocês? Tem alguma forma que eles usam para acompanhar esse período de exercícios fora do clube?

Mariano: A nossa forma de se comunicar com o clube é enviando vídeos diários dos nossos exercícios, mas nem sempre consigo fazer todas as atividades que eles pedem por falta de espaço. Com os vídeos das atividades, eles contam como dia trabalhado.

Foto: Instagram

ENM: Já temos visto diversos clubes de maior investimento do mundo todo, anunciando redução de salários para suas equipes. O clube já comentou algo sobre isso com vocês?

Mariano: Iniciamente, não. Apenas comunicaram que pagariam o mês de março (recebendo em Abril) integral e depois pagariam somente o valor de CLT, que está na carteira de trabalho, porque sem jogos não teriam como pagar os direitos de imagem. Mas em abril não recebemos o valor completo, apenas os 15 dias trabalhados até a paralisação.

ENM: E como tem sido pra você lidar com isso?

Mariano: Acho que nem o mais pessimista dos jogadores poderia esperar isso. Acredito que quem guardou suas finanças tem até maio pra aguentar e a gente espera que até Junho retorne as atividades, porque é muita família “desempregada”.

Foto: Instagram

ENM: Vocês jogadores conversam entre si e tem medo de uma volta precipitada? Pode acontecer de uma volta prematura, e algum dos jogadores acabar pegando a doença…

Mariano: A gente conversa sim, mas infelizmente a realidade que a gente vive, precisamos do futebol para sustentar nossas famílias. Da minha parte, eu não tenho medo, não é algo que me intimide. Por que se não tiver futebol, a gente não consegue sustentar nossas famílias. Sem bola rolando, não conseguimos receber o que devemos receber de fato.

Foto: Instagram

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