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A prata de Poliana: Conheça a atleta paraolímpica brasileira que herdou a segunda colocação no Parapan de Lima após punição por doping de adversária norte-americana

Poliana Sousa exibindo sorridente sua medalha de bronze no Parapan de Lima 2019 (Saulo Cruz/EXEMPLAR/CPB)

Como se não bastasse um ano atribulado como o de 2020, a atleta paraolímpica Poliana Sousa, 34, do lançamento de dardo, recebeu uma notícia que transformou seu fim de ano… para melhor! Após punição de quatro anos por doping da norte-americana Sebastiana Lopez, decretada pelo Comitê Paraolímpico Internacional, Poliana herdou a medalha de prata nos Jogos Parapan-Americanos de Lima 2019, na classe F54* cadeirantes com baixo controle de tronco e subiu um degrau no pódio, para orgulho de seus conterrâneos uberabenses (MG).

“Tinha acabado de finalizar um treino em casa quando vi que a CPB [Confederação Paraolímpica Brasileira] havia me marcado na notícia. Gritei tanto, mas tanto, que a vizinhança achou que eu estava doida”, conta a medalhista.

A punição de Lopez saiu após 16 meses da competição. O teste feito em 26 de agosto de 2019 detectou a substância proibida GW501516, classificada pela Agência Mundial Antidoping (Wada) como modulador hormonal e metabólico. A norte-americana teve todos os resultados obtidos em Lima desconsiderados, inclusive o recorde mundial no lançamento de disco. Ela só poderá voltar a competir em 4 de setembro de 2023.

Leia a publicação oficial da CPB sobre o caso

“Eu acho que o sistema anti-doping tinha que ser ainda mais rígido, porque o resultado saiu quase um ano e meio após a competição. A maioria dos atletas treina arduamente para conseguir êxito nas competições e alguns utilizam de substâncias proibidas para tirar vantagem”, opina a atleta com participações nas Olimpíadas de Pequim e do Rio.

A atleta ação na final do lançamento de dardo, classe F54, no Parapan de Lima 2019 (Douglas Magno / EXEMPLUS / CPB)

A história de Poliana como pessoa com deficiência começou aos quatro anos de idade, após um atropelamento que lesionou sua coluna, deixando-a paraplégica. Aos 13, ela conheceu a Associação dos Deficientes Físicos de Uberaba (Adefu), organização não governamental sem fins lucrativos que tem por objetivo a promoção social das pessoas portadoras de deficiência física.

Saiba mais sobre o trabalho realizado pela Adefu

Sempre com auxílio da mãe, Vanilda Fátima de Sousa, ela frequentava a Adefu para praticar aulas de natação e desenvolver-se fisicamente. Foi então que a treinadora Janaína Pessato viu o potencial de Poliana para o atletismo.

“Minha primeira competição foi em 2007, no lançamento de disco. No início eu achava os treinos pesados, porque temos que treinar debaixo de Sol e chuva, toda semana. Mas quando participei da primeira competição internacional e fui convocada para minha primeira olimpíada [Pequim 2008] percebi que isso era para mim”, conta Poliana.

Poliana realizando treino de força em sua casa durante a pandemia (arquivo pessoal)

Atualmente, em meio à pandemia, os treinos são realizados em casa, por vídeochamada, com o treinador da seleção paraolímpica Alex Sabino. Sobre a incerteza acerca do calendário de competições e sobre a realização ou não dos Jogos Olímpicos de Tóquio na data agendada pelo Comitê Olímpico Internacional (23 de julho de 2021), a atleta diz que se trata de um árduo processo:

“A gente está se preparando psicologicamente, porque dependemos do calendário de competições para atingir o índice técnico [estipulado pela CPB] e bater nossas marcas. O que nos resta no momento é seguir a preparação e ter paciência”, afirma.

No início do ano, Poliana participou do regional, em Uberaba, e bateu sua melhor marca pessoal e recorde brasileiro 14,40m, mesma marca que lhe rendeu o pódio em Lima com um arremesso de 14,47m. “Já estávamos bem encaminhados até que chegou a pandemia”, diz. A próxima competição à vista é o Open Internacional de Atletismo e Natação, agendado para março de 2021. “Espero seguir focada para atingir o índice e carimbar o passaporte rumo a Tóquio, e se Deus quiser os Jogos vão acontecer”, exclama esperançosa a atleta, que está de mudança para morar com o marido, o comediante Alberth Soares.

Poliana e o marido Alberth posando juntos para foto (arquivo pessoal)

*A prova, realizada entre os dias 26 e 28 de agosto de 2019, foi vencida pela colombiana Yanive Martínez. Com a punição de Lopez, a chilena Francisca Mardones herdou a medalha de bronze.

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