Se ainda há dúvidas sobre a capacidade decisiva de Neymar, parece que seus detratores precisarão de outra retórica para criticá-lo. O brasileiro criou uma infinidade de chances, perdeu algumas é verdade, mas saiu de campo disparado como craque da virada do PSG contra a ótima Atalanta por 2×1. O atacante não marcou, mas foi primordial nos lances dos dois gols já nos acréscimos. O time de Bérgamo deixa a competição de cabeça erguida. Foi novamente muito organizada! Já o Paris apresentou problemas coletivos.
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Sem Di Maria suspenso e com Mbappé se recuperado de lesão, Thomas Tuchel optou por Kimpembé formando a zaga com Thiago Silva. Marquinhos, Gueye e Ander Herrera compuseram um trio por trás de Neymar, Icardi e Sarabia. O brasileiro atuou centralizado, um pouco atrás da dupla de ataque. A Atalanta não teve Gollini na meta. Sportiello foi o substituto natural. Pasalic foi confirmado na ausência de Ilicic.
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O grande diferencial da 1ª etapa foi a precisão nas finalizações. A Atalanta foi melhor até abrir o placar em belo chute de Pasalic dentro da área aos 26 minutos, mas mesmo nos momentos de domínio do time de Bérgamo, Neymar desperdiçou duas chances claras de gol. O time francês está individualizado na figura do brasileiro porque foi exatamente o que ocorreu.
O camisa 10 construiu bela jogada com Icardi em contra-ataque aos dois minutos, deixou Caldara pra trás e finalizou pra fora diante de Sportiello. Pouco depois, tabelou com Ander Herrera em contra-ataque pela esquerda, invadiu a área com liberdade, mas não chutou e nem cruzou. Pra completar, quando o PSG já perdia, interceptou um passe errado de Hateboer dentro da área e bateu de canhota por cima, novamente diante do arqueiro italiano.
A Atalanta adiantava o seu time marcando por encaixes, travava a saída de bola dos franceses, e Keylor Navas fazia o passe longo por elevação, ”sem peso”, para Icardi escorar a Neymar, ou para o próprio camisa 10, e a partir daí ele criava tudo com sua habilidade e mobilidade.
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Neymar ainda finalizou com perigo da entrada da área aos 27 minutos, a bola passou perto da trave direita. Ao PSG faltou igualar a intensidade dos italianos no momento defensivo. O time se posicionava, Sarabia voltava pelo lado esquerdo para ajudar a flutuação do trio de meio-campistas, mas não era suficiente para anular a agressividade e boa troca de passes do time de Gasperini. Faltava mais ”pressão na bola”, como por exemplo no lance do gol sofrido.
Novamente a Atalanta soltava Rafael Tolói e Djimsiti pelos lados. Muitas vezes eles faziam ultrapassagens e geravam superioridade numérica. Freuler e De Roon davam apoio por dentro a Gosens e Hateboer. Pasalic fazia diagonais do meio para a direita no terço final do campo, e Zapata promovia o mesmo do meio para a esquerda.
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Impossível detalhar a fase ofensiva da Atalanta sem citar Papu Gómez, o grande diferencial da equipe. Sempre circulando por dentro, se aproximando da bola, e servindo os companheiros com belos passes, finalizando também. Ele obrigou Keylor Navas a fazer grande defesa logo no início e deixou Hateboer na cara do gol na sequência.
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No início do 2º tempo a Atalanta voltou a ser melhor. Baseou o seu domínio da mesma maneira. Marcação adiantada, encaixes e perseguições bem intensas. E o PSG seguia com pouca mobilidade pra sair desse cenário. Ander Herrera, Gueye e Marquinhos não ofereciam bons desmarques para receber dos zagueiros ou de Keylor Navas, e os laterais seguiam presos. Os ”orobicis” roubavam a bola na linha média e se mantinham no campo de ataque.
Nos momentos em que o PSG superava este bloqueio, fazia através da individualidade de Neymar, que não contava com boas atuações de Icardi e Sarabia para se associar, e acabava tentando ”tudo” sozinho. Tuchel promoveu a entrada de Mbappé aos 14 minutos. Papu Gómez também deixou o campo pela Atalanta.
Por mais que tivesse ganhado mais qualidade e agressividade com Mbappé na função que Sarabia vinha fazendo, o PSG seguia com seu principal problema. Um meio-campo travado e pouco repertório de jogadas no campo ofensivo. O time italiano seguia soberano em campo, sem ser tão incomodado e dando algumas estocadas perigosas.
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Na metade final do 2º tempo o PSG perdeu Keylor Navas lesionado para a entrada de Sergio Rico, mas Paredes e Draxler entraram nas vagas de Herrera e Gueye para dar mais dinâmica ao meio-campo. O apagado Icardi também saiu para a entrada de Choupo-Moting. O time melhorou. Voltou a produzir chances, mas novamente pecou nas finalizações.
Mbappé três vezes e Neymar tiveram boas oportunidades para empatar, mas não a contundência necessária para vencer Sportiello. Os minutos finais seriam dramáticos… Na base do ”abafa” os franceses chegaram ao empate aos 90′. Choupo-Moting levantou no segundo pau, Neymar dominou e chutou cruzado para Marquinhos completar para o gol.
O brasileiro mais uma vez foi decisivo dois minutos depois. Recebeu de Kehrer em contra-ataque e serviu Mbappé em profundidade. O cruzamento rasteiro do francês encontrou Choupo-Moting dentro da área e o 2×1 pintou no placar.
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