Basquete

Análise: o que Suns e Nuggets devem entregar na semifinal do oeste

Denver Nuggets Phoenix Suns
Redes Sociais/ Phoenix Suns e Denver Nuggets

Primeiro confronto definido das semifinais de conferência, Denver Nuggets e Phoenix Suns são dois times montados para buscar um resultado imediato. De um lado, o duas vezes MVP Nikola Jokić tem ao seu lado um arsenal de role players de elite e busca uma pós temporada a altura de um dos maiores pivôs da NBA. Do outro, o finalista de 2021 encontrou ouro quando Kyrie Irving pediu para ser trocado do Brooklyn Nets e acabou com o projeto da equipe, o que culminou com a ida de Kevin Durant para o Arizona para a equipe entrar de vez no hall dos candidatos ao título.

Para saber mais informações sobre a NBA, NBB e o mundo do basquete, siga o Esporte News Mundo no TwitterFacebookInstagram e Youtube.

Para olhar um pouco mais o confronto e o que cada equipe pode entregar, os quintetos iniciais e o banco, ao menos o que foi utilizado até aqui nessa primeira rodada de playoffs, pode contar uma história interessante.

Chris Paul vs Jamal Murray

Chris Paul Jamal Murray
Redes Sociais/ Phoenix Suns e Denver Nuggets

O confronto já começa com grandes diferenças nos armadores das duas equipes. Enquanto Chris Paul é mais um armador clássico, que mais facilita o jogo para o restante da sua equipe com passes, Jamal Murray é um pontuador nato que faz suas jogadas para si próprio e assume a responsabilidade do time quando necessário.

Isso não significa que Chris Paul não pontue: o armador tem média de 20,1 pontos nas 15 temporadas que alcançou os playoffs. Mas as 8,3 assistências de média, puxadas para baixo por alguns anos abaixo nos Clippers e em suas passagens por Houston e Oklahoma, mostram que seu impacto em quadra é muito mais coletivo do que individual. Na primeira rodada, contra os Clippers, Chris Paul já mostrou isso com apenas 13,6 pontos, mas com 8,2 assistências, 6 rebotes e 2,2 roubos por jogo.

Jamal pontua mais, mas em momentos específicos: sua média de pontuação em playoffs, com apenas três idas por conta da lesão que o tirou dos playoffs de 20/21 e de toda a temporada 21/22, o armador somou 24,7 pontos por jogo e 5,9 assistências. A pontuação não é muito maior que a de Chris Paul em média, mas Murray cresce muito quando a equipe precisa: na série contra o Timberwolves, chegou a anotar 40 pontos no jogo 2 e 35 no quinto e último jogo. Isso sem contar com os dois jogos de 50 pontos na série contra Utah na bolha de 2020.

No confronto direto, Chris Paul deve precisar de ajuda para marcar Jamal Murray. Torrey Craig, que assumiu o posto de ala da equipe contra os Clippers, Landry Shamet ou Josh Okogie devem fazer a cobertura ou até mesmo assumir a marcação do jogador dos Nuggets enquanto no ataque Chris Paul deve conseguir armar achar bons visuais para seus chutadores de elite Kevin Durant e Devin Booker, ou encontrar Ayton de baixo do garrafão com certa facilidade pelo seu QI de basquete.

Devin Booker x Kentavious Caldwell-Pope

Devin Booker KCP
Redes Sociais/ Phoenix Suns e Denver Nuggets

Talvez o maior abismo entre dois titulares nesse confronto, Devin Booker é a estrela principal desse Phoenix Suns a algum tempo e a série contra os Clippers mostrou que nem a chegada de Kevin Durant o fez perder esse posto. Pelos Nuggets, KCP se mostrou a engrenagem que faltava para fazer a máquina de role players ao redor de Jokić funcionasse perfeitamente, mas não chega a ser um destaque da equipe.

Devin Booker está em seu terceiro playoff e já chegou a uma final, em sua primeira ida em 2021. Na série contra o campeão Milwaukee Bucks, Booker emplacou jogos de 27, 30, 40 e 42 pontos quando ainda tinha defensores como Jae Crowder e Mikal Bridges ao seu lado. Dessa vez, a equipe tem maior qualidade no ataque com Durant, mas Booker continuou com seu protagonismo ao mostrar contra os Clippers que continuaria com um repertório repleto de drives, chutes do perímetro e uma grande intensidade em quadra.

Já KCP chegou nesta temporada em Denver com um objetivo: melhorar o perímetro. Em questão de arremessos isso não chega a ser dúvida. O ala armador entregou um aproveitamento de 42,3% nas bolas de três em cerca de quatro tentativas por jogo. Já na defesa a história é um pouco mais complexa. O jogador não é um defensor de elite ou nada do tipo, mas sua insistência em acompanhar o adversário e suas execuções de jogadas de defesa, cortes de passe, são sólidas.

No confronto, Devin Booker deve chegar à cesta algumas vezes e se manter um dos principais pontuadores dos Suns na série, mas a defesa de KCP o fará trabalhar mais para conseguir isso, seja na busca de um visual melhor para chutar do perímetro, seja nos drives até a cesta onde encontrará Aaron Gordon e Nikola Jokić.

Torrey Craig x Michael Porter Jr.

Torrey Craig Michael Porter Jr
Redes Sociais/ Phoenix Suns e Denver Nuggets

Na ala o confronto coloca dois jogadores com estilos totalmente diferentes pelos quais estão no quinteto inicial de seus times, mas motivos ligeiramente parecidos. Enquanto Michael Porter Jr. é um jovem em seu primeiro ano após o contrato de calouro que atua como um pontuador sólido, Torrey Craig é um veterano que fez sua carreira fora da NBA e, apesar ser um jogador que faz de tudo em quadra, é bastante utilizado pelos Suns por conta da defesa da equipe.

Torrey Craig já era bastante utilizado pelos Suns mesmo antes da grande troca por Durant. Com Mikal Bridges e Cam Johnson na equipe, revezava com Landry Shamet para iniciar na posição por conta de ser um jogador totalmente versátil, com altura de ala armador, estilo de ala e capacidade de atuar até mesmo como ala pivô a depender do adversário, deve atuar como suporte nas jogadas de defesa a depender do momento do jogo e cobrir o que faltar no ataque, seja em arremessos, drives ou movimentações sem bola.

Michael Porter Jr. é um pontuador nato. Ele pode passar um, dois, três quartos sem aparecer, mas é certo que mais cedo ou mais tarde ele apareça no jogo para fazer 15 pontos e salvar um quarto ou mesmo ajudar a decolar a vantagem que a equipe já tem. Na defesa, Porter já foi apenas um jogador de rebotes, mas mostrou melhora no fundamento como um todo nessa temporada com marcações desde armadores pequenos e ágeis como Chris Paul até mesmo jogadores mais altos e fortes como Marcus Morris.

O certo dos dois alas é que suas ações defensivas são mais sólidas e aparecerão mais na série do que as de ataque. Os dois tem potencial de ser o desequilíbrio de um ou dois jogos na série. Não algo fora do normal, mas um jogo de 20/25 pontos somados ao restante da equipe, além de tudo que já fazem pela defesa e pelo funcionamento das táticas dos times devem podem garantir um ou dois jogos na série.

Kevin Durant x Aaron Gordon

Kevin Durant Aaron Gordon
Redes Sociais/ Phoenix Suns e Denver Nuggets

Esse é outro confronto interessante entre Suns e Nuggets. Kevin Durant não só entrega um ataque de elite, com seus arremessos que saem, quase indefensáveis, a 2,08 metros de altura e um controle de bola sem igual para um jogador tão alto, mas entrega também uma defesa absurda que sobressai ainda mais quando chega aos playoffs. Pelos Nuggets, Aaron Gordon é o melhor defensor da equipe em todas os aspectos e marca desde de o armador até o pivô de qualquer adversário.

Falar da ofensividade de Durant é bater numa tecla que todos já sabem. É o oitavo maior pontuador da história dos playoffs e tem tudo para assumir a sétima colocação talvez até mesmo durante essa série. Mas a sua defesa é um ponto crucial para os Suns nessa corrida pelo título. Durant não só é um protetor de aro incrível por sua altura, envergadura e QI defensivo, como também consegue parar muito bem jogadores no perímetro. Apesar de ser muito grande, tem agilidade e consegue parar jogadores mais rápidos pelo simples fato de cobrir espaços com pequenos movimentos.

Já Aaron Gordon é um monstro atlético na defesa: força, velocidade, salto. É um jogador que vai parar um pivô grande como Deandre Ayton e reduzir ao máximo a efetividade de chutadores como Devin Booker. Não chega a ser um grande recuperador de bolas, mas força seus oponentes diretos ao turnover ou a passar a bola para um companheiro tentar concluir o ataque. Entre os titulares, Gordon é apenas o quarto em média de pontos, mas é o que tem maior efetividade em seus ataques, o que o torna uma bola de garantia quando necessário.

Esse é talvez o confronto mais interessante para se assistir nessa série. Durant não teve um marcador a altura para conseguir pará-lo na série contra os Clippers, e só não pontuou mais porque o jogo do Suns foi totalmente centrado em Booker. Mas agora com um marcador incansável e versátil como Aaron Gordon, seus 28 pontos de média nesse playoff devem cair e muito e trazer dificuldades para um ataque que passou dos 110 pontos em todos os jogos contra os Clippers.

Deandre Ayton x Nikola Jokić

Deandre Ayton Nikola Jokic
Redes Sociais/ NBA e Denver Nuggets

O duelo entre os dois pivôs pode, e deve, ser o ponto chave dessa série. Deandre Ayton não passa confiança para a equipe dos Suns na defesa, apesar de ser um dos maiores reboteiros dessa pós temporada enquanto Nikola Jokic é um absurdo em todos os sentidos (não atoa foi duas vezes MVP e pode vencer seu terceiro prêmio consecutivo).

Deadre Ayton até corresponde no ataque, e mostrou isso contra os Clippers. Foram 16 pontos por jogo nos cinco jogos, o que o colocou como terceiro maior pontuador da equipe na série. Ayton também mostrou bom trabalho nos rebotes, com uma média de 11,2. Mas durante toda a temporada regular, e talvez até desde a temporada anterior, Ayton deixou e muito a desejar na defesa para parar jogadores como Embiid, JJJ ou até mesmo Gobert, o que o torna vulnerável num confronto direto de tão alto nível.

E é nessa vulnerabilidade que Jokić pode crescer e brilhar em cima dos Suns. Durante a temporada, Nikola já mostrou que consegue facilmente passar por Ayton e fez um jogo incrível de 41 pontos, 15 rebotes e 15 assistências. Dessa vez com Durant como assistente de marcação de aro pro Suns, Jokić pode ter um pouco mais de dificuldade para atacar sozinho, mas nada que sua visão de jogo não o faça contornar a situação e terminar o jogo com 15, 20 assistências e menos pontos para encontrar a vitória.

O que fica é: ou Ayton consegue finalmente mostrar um salto defensivo para ao menos dificultar a vida de Jokić ou a equipe deve moldar a defesa ao redor disso. Ou Durant se torna o principal marcador e Ayton fica contra Gordon para ser um suporte debaixo do aro, Biyombo ganhe mais minutos durante a série, o que impacta um pouco mais no ataque dos Suns.

Banco do Phoenix Suns

O banco do Phoenix Suns entregou uma rotação de quatro jogadores com minutagem relevante na série contra o Los Angeles Clippers: Bismack Biyombo, Landry Shamet, Damion Lee e Josh Okogie. Outros jogadores entraram durante os jogos da série, mas com minutos muito baixos e um impacto tão pequeno quanto.

Josh Okogie foi o mais utilizado, com 101 minutos em cinco jogos. Ala de 24 anos, o jogador foi o principal substituto para Torrey Craig e Devin Booker durante a série, muito por conta da mesma versatilidade demonstrada por Craig.

Biyombo é foi o principal jogador do banco para a defesa de aro da equipe. Pivô de muita força e explosão na defesa, Biyombo deu maior segurança a equipe no garrafão em 55 minutos da série.

Landry Shamet e Damion Lee tiveram basicamente a mesma função de substituir os armadores. Apesar de Shamet ter mais tempo somado em quadra, com 56 minutos, ele perdeu espaço para Damion Lee durante a série, que se tornou a principal opção.

Banco do Denver Nuggets

O banco dos Nuggets é um problema a bastante tempo, e nessa temporada não é diferente. Apenas três jogadores efetivamente entraram nos jogos: Jeff Green, Chris Braun e Bruce Brown.

Bruce Brown é o principal reserva da equipe. Com 135 minutos contra o Minnesota Timberwolves, Brown foi o principal substituto da equipe e entregou jogos ao estilo Michael Porter Jr.: um pontuador eficiente, com apenas um jogo abaixo de 10 pontos, e um bom pegador de rebotes quando esteve em quadra.

Jeff Green é a escolha da equipe para dar descansos a Aaron Gordon e Nikola Jokić, com 113 minutos na primeira rodada. Com menos capacidade dentro do garrafão para quem joga como ala pivô ou pivô, Jeff entrega a possibilidade de espaçamento para os Nuggets com chutes de meia distância e até mesmo do perímetro quando entra, apesar de não ter encaixado tão bem seu jogo contra Minnesota.

Chris Braun é um novato escolhido por Denver na posição 21 do draft desse ano, mas que já assumiu uma posição de destaque na equipe. Apesar de ficar longe dos dois primeiros, com 63 pontos, Braun se destaca por ser um bom marcador e um jogador altruísta, que sabe e não tem problemas para fazer seu jogo focado em auxiliar a equipe do que fazer ele mesmo.

A série

No comparativo, o Phoenix Suns é a equipe que mostra mais problemas para fazer seu jogo funcionar, e isso passa sem dúvida nenhuma pelo garrafão, onde seu pior jogador do quinteto inicial terá pela frente o duas vezes MVP Nikola Jokić.

Jamal Murray também pode ser um problema para o time do Arizona: se mover Torrey Craig para uma marcação em Jokić, o armador terá maior tranquilidade e abertura para fazer seu jogo, seja para ele mesmo ou para o restante da equipe.

Pelo lado dos Nuggets, o banco é o que pode trazer problemas para a série: se o time não achar soluções para aumentar a rotação, com o passar dos jogos da série o quinteto titular deve acumular muita fadiga e a intensidade do Suns, até mesmo de bancários como Damion Lee e Landry Shamet, podem se tornar um grande problema para a equipe.

Clique para comentar

Comente esta reportagem

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

As últimas

Para o Topo