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Análise: Pablo ou Vitor Roque, quem deve ser o titular?

José Tramontin/athletico.com.br (editado)

O debate que tem tomado conta das conversas sobre o Athletico é sobre quem deveria ser o centro-avante titular do Furacão: Pablo ou Vitor Roque. Com poucos minutos de ambientação na Arena da Baixada pré, durante e pós jogo ou mesmo acompanhando a torcida athleticana nas redes sociais, se conclui rapidamente que o favorito para a vaga é a joia de 17 anos Vitor Roque, mas na prática isso não tem se provado.

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Mesmo sem o apelo da torcida, Pablo segue como titular da posição, o que tem causado certa revolta em alguns torcedores. Na última partida do Campeonato Brasileiro, Pablo saiu de campo vaiado mesmo tendo sido o “autor” do gol do Athletico na partida, sendo substituído justamente por Vitor Roque, que teve seu nome pedido nas arquibancadas.

Vamos então analisar todos os fatores, possibilidades e motivos que levariam uma titularidade merecida a um ou a outro jogador.

NÚMEROS

Analisando friamente o número de gols, os atacantes tem números próximos: Vitor Roque soma 6 gols em 21 jogos, entre Brasileirão e Libertadores. Entre estes gols, 3 foram gols que definiram jogos, incluindo o gol da classificação para a semifinal da Libertadores nos últimos minutos contra o Estudiantes (ARG). Já Pablo tem 7 gols em 25 jogos, sendo apenas um deles definidor de resultado.

Quando se compara a quantidade de minutos necessários em campo para marcar um gol, Vitor Roque leva muita vantagem. Enquanto Roque leva, em média 152 minutos para balançar as redes, Pablo precisa de quase 241 minutos para marcar.

Usando de recorte apenas o Campeonato Brasileiro, podemos concluir que Vitor Roque é mais presente na grande área, contudo, também desperdiça mais chances que o companheiro de equipe. Pablo leva vantagem nos quesitos de armação de jogo e na precisão dos passes.

  • Gols: Pablo 2 x 4 Vitor Roque
  • Média de chutes por jogo (precisão%): Pablo 2 (50%) x 1,5 (53%) Vitor Roque
  • Grandes chances perdidas: Pablo 2 x 4 Vitor Roque
  • Assistências: Pablo 1 x 1 Vitor Roque
  • Média de passes importantes por jogo: Pablo 1,3 x 0,2 Vitor Roque
  • Precisão no passe: Pablo 76% x 63% Vitor Roque

POSICIONAMENTO

Entretanto, futebol é um jogo coletivo, ter um bom entendimento entre seus companheiros de ataque é fundamental. Analisando o posicionamento em campo dos dois atacantes, vemos que Pablo participa muito mais do jogo do que Vitor Roque, mas em uma faixa de campo mais distante do gol, jogando praticamente ao lado de Terans e convergindo muito com Cuello na esquerda.

MAPA DE CALOR: PABLO

Pablo prefere jogar um pouco mais afastado do gol, como um falso 9, ajudando na armação do time e potencialmente caindo para o lado esquerdo.

Crédito: sofascore

MAPA DE CALOR: TERANS

Terans é a cabeça pensante do ataque e atua em uma faixa de campo parecida com a de Pablo, porém com mais participação no jogo.

Crédito sofascore

MAPA DE CALOR: CUELLO

Cuello é praticamente o dono do lado esquerdo do ataque, mas com a movimentação de Pablo pela esquerda, consegue flutuar para o meio sem congestionar o ataque.

Crédito: sofascore

Vitor Roque toca bem menos na bola, mas atua bem próximo ao gol, sendo quase um “homem do último toque”. Mesmo assim, pode-se observar uma preferência pelo lado direito do ataque, gerando boas jogadas com Canobbio, como no jogo contra o Palmeiras no 1º turno do Campeonato Brasileiro.

MAPA DE CALOR: VITOR ROQUE

Vitor Roque é muito mais presente na grande área do que Pablo, mas não se proíbe de se movimentar para buscar o jogo um pouco mais próximo da intermediária e pela direita.

Crédito: sofascore

MAPA DE CALOR: CANOBBIO

Canobbio tem uma movimentação pela direita que combina muito com a de Roque, consegue tanto criar jogadas mas trabalhadas cortando por dentro e tocando a bola, como ir até a linha de fundo para tentar uma jogada mais direta com um cruzamento.

Crédito: sofascore

LIDERANÇA

Mesmo com todos esses conceitos dentro de campo, Pablo leva vantagem em algo que Vitor Roque não consegue competir: a liderança dentro do grupo. O camisa 92 tem muitos anos, conquistas e experiências dentro do Athletico, o que o tornou um dos líderes do elenco, ao lado de Thiago Heleno, Pedro Henrique e Fernandinho. Felipão já deixou bem evidente a importância desse perfil em várias oportunidades e parece que o treinador vem preferindo a experiência à juventude. Após o empate com o América-MG pelo Campeonato Brasileiro, Felipão também defendeu a titularidade de Pablo.

— Para mim, ele (Pablo) é melhor que o Vitor Roque no momento. – Disse Scolari.

Contudo, é visível que a insistência de Felipão em Pablo, que ainda não reencontrou o bom futebol desde que voltou de lesão, vem queimando a imagem de um dos ídolos recentes do clube e desgastando a imagem do treinador com a torcida.

Por outro lado, Vitor Roque tem apenas 17 anos. Apressar processos pode acabar prejudicando o futuro do atacante que é hoje o principal ativo do clube. Cedo ou tarde, acabará sendo o principal atacante do time, mas até lá ainda tem no que melhorar e aprimorar.

— O Vitor Roque é uma incógnita, são 17 anos. Ainda tem dificuldades em alguns trabalhos técnicos porque ele com 15 anos de idade era profissional, então ele não aprendeu algumas coisas. De vez em quando nos treinamentos paramos uma jogada para corrigir alguns fundamentos, coisa que se faz no júnior. Mas ele tem uma qualidade e uma vontade tão grande que supera tudo isso e ele vai se tornar um dos maiores jogadores que nós teremos pela frente. Ainda é novo, tem que aprender algumas coisas, como pessoa ele já aprendeu bastante, mas como jogador tem muita qualidade mas tem muito para aprender porque não vivenciou nada no juvenil. Então a gente vai fazendo o que pode, vai dando um pouco da nossa experiência e ele vai fazendo por merecer. – Explicou Felipão em entrevista coletiva após a vitória sobre o Atlético-MG por 3 a 2 no Mineirão, em que Vitor Roque fez dois gols.

CONCLUSÕES

Com uma análise mais aprofundada conseguimos ver que Pablo e Vitor Roque são dois perfis de atacante diferentes. A cada jogo Felipão deve utilizar aquele que se adeque mais ao adversário, sendo ótimo para o Athletico ter os dois à disposição.

Se o adversário exige que o Athletico mantenha a posse da bola e tinha qualidade para trabalhar o passe no ataque para chegar com paciência no gol adversário, sem dúvidas o nome para esse cenário é o de Pablo. Caso seja exigido do Furacão transições rápidas, com poucos passes para chegar ao gol rival com muita velocidade, chame Vitor Roque.

Um cenário possivelmente interessante seria a titularidade de ambos juntos, como uma dupla em um 4-4-2 com Cuello e Canobbio abertos pelos lados, Pablo como segundo atacante e Vitor Roque como o centro-avante athleticano. Contudo, é pouco provável que Felipão abra mão de Terans para colocar outro atacante em campo.

O próximo compromisso do Athletico será pelo Brasileirão, contra o Ceará no Castelão no próximo sábado (27). Com uma semana livre para treinar pela primeira vez desde que chegou ao CAT Caju, veremos se Felipão fará mudanças na equipe titular ou seguirá com o que já tem feito.

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