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Opinião: Sampaoli tem repertório ofensivo a entregar; o número de defensores em campo não é a maior interrogação

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Foto: Gilvan de Souza / Flamengo
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O técnico Jorge Sampaoli foi apresentado pelo Flamengo na tarde de ontem, segunda-feira (17), em evento realizado no Ninho do Urubu. Em coletiva de imprensa, o argentino antecipou o que pretende impor em estilo de jogo ao elenco rubro-negro. Sua resposta gerou discussões entre torcedores em redes sociais, preocupados com a implementação de táticas parecidas às de Vítor Pereira:

— Jogar com diferentes características é uma… capacidade de passagem de tempo. O futebol tem, em normalidade, um esquema ofensivo, necessita também um certo grau de proteção. Então, as vezes é necessário que se joguem com três centrais em linha de quatro, três centrais em linha de três. Vai depender da partida. Normalmente o sistema mãe é 3-2-5 para atacar e vamos utilizar em muitas partidas. Às vezes, 3-1-6 no ataque. A saída de bola será totalmente diferente, mas a estrutura que hoje uma das equipes mais importantes do mundo utilizam, que é o Manchester City, joga com quatro zagueiros na linha de quatro, mas ataca com seis. Então as características que os futebolistas podem jogar em determinado lugar não vai limitar a capacidade ofensiva da equipe.

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É necessário que o treinador analise o que o seu elenco pode oferecer. O Flamengo acabou de sair de experiências frustradas com os três zagueiros – implementados por Vítor Pereira desde a derrota para o Fluminense, na última rodada da Taça Guanabara.

No entanto, é sempre importante ressaltar que a utilização de três “centrais” na construção das jogadas de trás não reflete necessariamente em três zagueiros. Pode ser feita puxando um dos laterais para ficar ao lado dos dois zagueiros, ou recuando um volante. No Atlético-MG, em vários momentos, Guga era puxado por Sampaoli para ficar ao lado dos zagueiros.

Além disso, a utilização de três zagueiros não reflete necessariamente um time defensivo. Independente da formação, Sampaoli é um técnico reconhecido pelo estilo ofensivo. Ocupar o campo adversário, buscar ter mais a posse, perde-pressiona, linha de frente povoada – como ele mesmo falou: seis jogadores na frente! – são parte do seu repertório. O esquema com três atrás foi o seu preferido no Sevilla, seu último trabalho. O clube é o 5º com maior posse de bola da La Liga 2022-23. No entanto, para o jogo ofensivo ser efetivo, é necessário que a preparação física do time esteja em alta.

A questão dos três zagueiros não é a que mais deve preocupar, e sim o jogo posicional. A base do elenco do Flamengo pós-2019 demonstrou dificuldades com treinadores que atribuem espaços que devem ser ocupados pelo campo. Domenèc Torrent, Paulo Sousa e o próprio Vítor Pereira são exemplos. Técnicos como Dorival Júnior e Jorge Jesus utilizavam o jogo funcional, que aproxima os jogadores do setor da bola.

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No mais, Sampaoli é um técnico gabaritado. Apesar dos problemas com grupo que acumula ao longo da carreira, ele conquistou uma Copa América com a seleção chilena, tem trabalhos de segundo escalão da elite europeia e foi bem no Atlético-MG e Santos. Inclusive, pelo Peixe, venceu o Flamengo de Jorge Jesus por 4 a 0 com um elenco inferior e terminou na 2ª posição do Brasileirão em 2019.

A ansiedade, guiada por incertezas, acompanha o torcedor rubro-negro, traumatizado pelo início de 2023. Neste momento, o treinador é Jorge Sampaoli. Ele tem competência para guiar o Flamengo rumo às vitórias, mas só o tempo dirá se ele vai corresponder.

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