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Ao fazer história pelo Palmeiras sob ‘um sol para cada um’, Danilo rechaça críticas e celebra: ‘Jogo feio, truncado? O importante é ser campeão’

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Danilo (dir.) leva vantagem sobre Marinho (esq.) na final da Libertadores (Foto: MAURO PIMENTEL/POOL/AFP via Getty Images)
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Por Isabela Savarezzi, João Vítor Castanheira e Julio Cavallaro

O cronômetro marcava 53 minutos do segundo tempo quando Danilo levantou a cabeça. Debaixo de um sol escaldante – que surpreendentemente, por ser natural da quente Salvador, diz que nunca tinha sentido igual – o volante levantou a cabeça e achou o peito Rony. Dali, para a cabeça de Breno Lopes e a “glória eterna” conquistada pelo Palmeiras.

Danilo, um dos símbolos do jovem time alviverde campeão da Libertadores, não tinha noção do tempo. Para a sorte da torcida palmeirense, brindada com um lançamento de cinema que iniciou a jogada do gol do título, o soteropolitano de 19 não tinha noção do tempo, não havia visto os acréscimos e “estava apenas vivendo o momento”. A frase ganha ainda mais credibilidade pelo sorriso constante e cativante do camisa 28 do Palmeiras, que de fato, transparece encarar a vida com leveza.

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— O sol estava igual ao de Salvador. Nunca tinha pego um sol daqueles, deu até saudade (de Salvador). É complicado aquele sol. Não passava na mente que ia surgir o gol, nem que ia pra prorrogação. Nem tinha visto os minutos, não sabia quanto o juiz tinha dado de acréscimos, só estava vivendo o jogo ali. Pude dar um belo lançamento para o Rony, que fez um belo cruzamento e o Breno fez um golaço. Só tenho que agradecer a Deus. Quando a bola foi pro gol quase ninguém acreditou, nem eu acreditei, mas Deus abençoou e fomos campeão da América — relatou, Danilo, com exclusividade ao Esporte News Mundo.

E o garoto não liga para as críticas à final de 35 faltas, oito cartões amarelos e apenas três finalizações para cada lado no Maracanã:

— O calor ali estava difícil, era um sol pra cada um. Não só pro Palmeiras, o Santos também sentiu. Falam que foi a pior final, que o jogo foi feio, mas o importante pra mim é ser campeão. Não importa se o jogo foi truncado, pra mim foi do jeito que Deus quis.

Assista à entrevista em vídeo e leia na íntegra abaixo

Esporte News Mundo: E esse cabelo descolorido aí, é promessa? (risos). O Gabriel Menino e o Zé descoloriram também. Fizeram juntos? Quem deu a ideia?

Danilo: Eles entraram na modinha também. O meu foi uma “mini promessa”, pequena, para mim, sem ninguém saber. Fomos campeões e eu pintei o cabelo.

ENM: E tem mais alguma promessa?

Danilo: Não, só essa mesmo. Primeira final de Libertadores, na hora do “vamos ver”, essa promessa já tá bom. O Menino e o Zé entraram na modinha, vamos ver se entram outros também.

ENM: O Tite estava na final da Libertadores. No início do ano, chegou a falar que estava de olho no Patrick de Paula, e hoje você é quem acaba jogando mais como primeiro volante. Você, titular e um dos destaques do melhor time da América, acha que já está pronto para ser convocado? 

Danilo: Eu só soube que ele estava lá quando meu empresário falou. Graças a Deus ele está olhando o clube, o Patrick, o Menino. No meu caso, deixa Deus conduzir. Vou confiar em Deus e se for de ser, será. 

ENM: Olhando sua trajetória toda sua trajetória até chegar ao profissional do Palmeiras, teve algum momento que você achou que iria dar errado? Algum momento em que você olha para trás, pensou em desistir, e hoje agradece por ter continuado?

Danilo: Eu cheguei aqui em 2018, no Sub-17. Depois que eu saí do Bahia, quando fiz 17 anos, meu pai, minha família ficou triste. Lá em Salvador eram Bahia e Vitória. Depois dali eu botei na cabeça que ia lutar e conquistar tudo e realizar o sonho deles. Sempre vou lutar por ele, vou em busca disso até o último suspiro. Do que passou, se eu voltasse no tempo faria tudo de novo sem nenhum rancor. Só agradeço a Deus e tomara que continue o progresso, não só para mim mas para o Palmeiras também. 

ENM: Qual a sensação de ganhar uma Copa Libertadores sendo titular e fundamental para o título em seu primeiro ano como profissional? Como você se sentiu quando o Breno fez o gol?

Danilo: Pra falar a verdade a ficha está caindo agora. Ontem de tarde, quase de noite, a ficha caiu. Não caiu de vez porque não estou mexendo no celular, só to curtindo e jogando, então não caiu 100%. Quando saiu o gol nem consegui comemorar, a lágrima já veio à tona. Tentei segurar ao máximo, no meio do jogo, mas quando acabou não teve mais como segurar não. Foi um choro de alívio, de felicidade. Saber que minha família estava feliz, que a nação palmeirense estava mais feliz ainda, isso é importante pra mim. 

ENM: Nós tínhamos repórteres nos hotéis, no Maracanã, nas redondezas do estádio, no embarque de vocês, no desembarque em São Paulo e na festa na Academia. A torcida do Palmeiras fez um show à parte para receber vocês. Tem algum momento que queira destacar? 

Danilo: Todos, do começo ao fim da festa. Não teve nenhum momento ruim, do começo ao fim foi a melhor festa. Essa e a do jogo de volta da Libertadores, que a torcida fez aquele corredor da Academia até o estádio. 

ENM: Falando na festa, o Scarpa teve uma situação inusitada em Hortolândia. Zoaram muito ele na reapresentação? 

Danilo: Eu nem sabia do vídeo. Eu só vi depois que voltei pra casa. Os meninos estavam falando com ele. Ele falou que não tava nem bebendo, o policial parou ele e ele gravou e postou nos stories. Depois que eu vi, me acabei de dar risada. 

ENM: Algumas imagens da TV Palmeiras mostraram você dançando, de óculos de sol, comandando a festa no vestiário…

Danilo: Nessa hora estava tocando uma música lá de Salvador. Quando toca a gente que é de lá já começa a dançar, a balançar no Carnaval de Salvador, aí já era. A câmera pegou bem na hora. 

ENM: Como é pra você jogar ao lado de Felipe Melo, um dos maiores jogadores do país na sua posição? O que ele já te ensinou sobre a posição?

Danilo: No começo eu ficava meio recuado, igual todo mundo do elenco. Com o tempo, você vai vendo ele todo dia, vai conversando e fica natural. Mas no começo eu não falava com ninguém. Gosto mais de ficar na resenha com os meninos da base, não que eu não converse com ele. Quando a gente foi campeão todo mundo resenhou, na festa todo mundo brincou, não tinha novo, não tinha velho, todo mundo curtiu à vontade.

ENM: Você estreou sob o comando de Luxemburgo, mas cresceu muito com Abel Ferreira. O que mudou? Você recebeu alguma orientação diferente do que fazia antes?

Danilo: Primeiramente tenho que agradecer o professor Luxemburgo, ele que me deu a primeira oportunidade no profissional. Mudou que fomos campeões, se o professor Luxemburgo também tivesse sido, sem tirar o mérito do Abel nem do Luxemburgo. Se o Luxa tivesse terminado a temporada e sido campeão, ninguém ia falar disso que mudou ou não. Estavam falando que o Palmeiras não ia chegar em lugar nenhum, não ia brigar no brasileiro. Infelizmente o Luxa saiu e quem assumiu foi o professor Cebolinha. E aí Deus foi abençoando a gente, o Abel quando chegou abraçou o trabalho do Cebola e fomos juntos até a Glória Eterna. Cada um teve seu trabalho excelente, o Luxemburgo até certo momento, o Cebola até certo momento. Agora entrou o Abel. Cada um colocou seu trabalho em dia e todos tem seu mérito. Do Luxa ao Abel temos que dar os parabéns a todos, se não começasse no Luxa, não chegaria no Abel. 

ENM: Você como um cara jovem e promissor dentro da equipe, fazendo participações importantes nos jogo, campeão da américa, claro que as propostas começam a chegar se já não chegou nada. Qual proposta hoje faria você sair do Palmeiras?

Ainda não pensei nisso. Já me perguntaram antes, mas não pensei no futuro ainda. Sonho em jogar em grandes times na Europa, mas no momento estou focado aqui no Palmeiras, agora vem o mundial e temos que focar mais ainda. Ainda não chegou nada, não falaram nada comigo. Esse negócio de transferência ou não, prefiro não esquentar a cabeça. Se acontecer é porque já chegou a hora de mudar, de brilhar em outros cantos. 

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