Completando dois meses no comando do Botafogo, Artur Jorge foi entrevistado na tarde desta quinta-feira (13) no programa “Seleção Sportv”, no programa o técnico falou sobre Botafogo, o futebol brasileiro e a temporada até agora. No momento, o técnico português comanda o líder momentâneo do Brasileirão que além disso, está nas oitavas de final da Libertadores e da Copa do Brasil.
Na competição continental, o Alvinegro terá o Palmeiras como adversário no mata-mata, esse é considerado um dos confrontos mais aguardados desta etapa da Libertadores – as partida irão ocorrer em agosto. Ao ser perguntado sobre qual foi sua reação ao sorteio, o técnico português afirmou que tratou o confronto como qualquer outro.
– Exatamente igual, como se fosse um outro qualquer. Não posso estar numa competição de oitavas da Libertadores escolhendo adversários. Não vai ser fácil para nós e não vai ser fácil para o Palmeiras. Queremos fazer com que esse Botafogo tenha uma mentalidade única. Competiremos para saber se seremos mais fortes ou não. – afirmou Artur Jorge.
Ao ser perguntado sobre o seu elenco, o técnico citou ter passado a necessidade de reforçar o plantel para John Textor, dono da SAF. Na visão do técnico, a equipe precisa de mais dois ou três reforços.
– Espero, honestamente, sim. Nosso elenco é bom, mas há posições em que precisamos melhorar a competitividade interna. O Textor sabe, eu já disse quais são. O que eu quero é acrescentar valor. Temos um elenco que está em primeiro e mostrado valor em desempenho. Vamos procurar duas ou três posições para que o Botafogo fique mais forte ainda – explicou o técnico.
Artur Jorge também falou sobre o fato de ter chegado ao Botafogo, com a equipe já tendo um time montado. O técnico também explicou que se ajustou a forma de trabalho da equipe, fora também se ajustou conforme às necessidades de mudar a equipe por conta de lesões.
– Eu quando cheguei, início o Brasileirão e perdemos na estreia em Quito. Não é o ideal para o treinador ter o elenco já montado. A escolha de algum setor tem influência no que a gente pensa. Mas o trabalho do treinador não se resume a escolher os 11, mas perceber o que temos e ajustar. Me ajustei muito à realidade do futebol brasileiro – como jogar de três em três dias, por exemplo.-abriu.
– Aqui é continuidade, e me ajustei na forma de trabalhar. Não é apenas treinar a equipe para o desempenho que queríamos. Me ajustei às características do elenco. Dentro da minha ideia de jogo, era usar o melhor dos atletas. Depois que perdemos Matheus (Nascimento) e Tiquinho, tivemos que mudar mais uma vez. Para mim é indiferente se o Botafogo joga num 4-4-2 ou 4-2-3-1, mas como se desdobra, a atitude comportamental que os atletas têm que desempenhar.- explicou e concluiu.
Ao ser questionado sobre o Brasileirão do ano passado, o técnico afirmou que deseja escrever um capítulo diferente na equipe. Segundo o português, o objetivo do clube é ter uma equipe competitiva. O técnico ainda projetou a quantidade de pontos que quer alcançar na próxima temporada.
– Ano passado, o campeão fez 70 pontos, nós fizemos 64. Temos 90 pontos em disputa, 16 conquistados, são 54 para atingirmos os 70. Estamos em três grandes desafios e vamos dar o nosso melhor, o que é suficiente. Se conseguirmos isso, passaremos a ficar na história do Botafogo.
Veja outras respostas de Artur Jorge abaixo:
Sintético do Nilton Santos
– Não sou de todo um defensor do gramado sintético, não sou, mas não me arranjem desculpa por perder num gramado sintético para justificar o que quer que seja. Pelo gramado ser sintético ou estar molhado. Eu quero um futebol rápido para equipe seja intensa e dinâmica. Prefiro o nosso gramado sintético de alto nível, e foi um grande investimento por parte do Botafogo, do que gramado que já peguei, de péssimo nível. Não posso ter um pé que se esconde atrás de uma relva, uma a bola que salte dez vez, não vou procurar essas desculpas.
Como veio ao Botafogo
– É uma história curiosa, ele mostrou um grande interesse em meus serviços. Estava em Portugal ,ele viajou para jantar comigo, dormiu em Porto e viajou na manhã seguinte. A forma como foi feito o convite e o projeto, para mim, as coisas ficaram muito claras na minha cabeça. Eu tinha acabado de ganhar um título com o Braga. Foi em uma semana. Braga pediu para eu fazer o último jogo e o acordo foi exatamente esse, e o Botafogo pagou para me ter. Em uma semana eu estava no Rio de Janeiro para assinar contrato com o Botafogo.
Esperava ter oportunidade no futebol brasileiro
– Não, no momento não. Até porque tinha renovado meu contrato com o Braga. Eu não imaginava esse crescimento tão rápido. Tinha um projeto em Braga para desenvolver, é um clube que joguei, da minha cidade. Não estava nos planos sair. Eu estava comprometido com o projeto do Braga. Mas não hesitei com o convite do Botafogo. A vida é feita de oportunidades. E isso aconteceu depois que eu conquistou um título. Considerei essa uma grande oportunidade para mim.
Classificação na Libertadores
– Nós estávamos com dois jogos e duas derrotas, e poucas pessoas acreditavam que avançaríamos, mas eu disse que tínhamos que buscar os três pontos. Eu tive a certeza quando 90% das pessoas desacreditaram.
Perda do Brasileirão de 2023
– Situação completamente anormal, no panorama brasileiro ou mundial. Tento fugir a ela porque não compete a mim falar sobre, mas me preocupei. Queria ter uma equipe preparada fisicamente, e vi um déficit físico para implementar a nossa intensidade de jogo. Eu tenho essa questão muito bem resolvida também o aspecto mental. Digo isso com muita clareza porque tive algumas conversas com os jogadores. Eu não me alongo muito no que é o passado. Não me prendo ao que ficou para trás. O fato de termos jogo de três em três dias faz tudo passar muito rápido.
– É importante ter os atletas preparados mentalmente para os desafios. Filosofia não é só o modelo de jogo, mas mais abrangente. Competir em cada um dos jogos para ganhar. Faremos com que esse Botafogo seja temido. Temos que ser uma equipe capaz, em todos os jogos, lutar pela vitória. Trabalhamos para que o Botafogo seja diferente de uns tempos atrás. Nós competimos e isso não deixa de ser um grupo de trabalho, blindado… Nosso caminho está muito bem traçado.
Calendário ao mesmo tempo que a Copa América
– É muito estranho para competir em meio a competições dessa grandeza. Tenho dois jogadores para perder – Savarino e Gatito. O ideal seria ter uma pausa para assistirmos, acrescentar, e tudo isso serviria para os atletas, para a inteligência deles. Facilita a nossa ação quando ele compreende a ação que foi atribuída. Queremos ter um Botafogo cheio de desdobramentos, que ocupem posições diferentes, mas com organização. Mas, eu tento não dispersar energia naquilo que eu não controlo.
A evolução de Bastos
– Não gosto de falar individualmente de atletas, não há ninguém acima do que é o coletivo. Mas o Bastos é um zagueiro que já conhecia da Europa, tinha uma trajetória interessante. Quando cheguei o senti desmotivado e desanimado. Como pessoa, acima do que é o atleta, é sensível, tímido e estava muito perdido sobre sua real capacidade. Entre algumas conversas, mas não só conversa, ele foi evoluindo e ganhando seu espaço. Estávamos jogando com Halter e Barboza, nos treinos fomos ganhando competitividade e aumentando o nível. Bastos foi assim, responsável pelo bom desempenho defensivo.
Renovação de Marlon Freitas
– Eu pedi a renovação dele. Jogador muito importante para nós não só pelo que joga, mas como líder e exemplo e o que se aplica em cada um dos treinos. Queremos conquistar e criar bons exemplos. Competentes na sua questão técnica ou tática. Não é apenas um caso isolado, mas perdeu a oportunidade de jogar na Europa, mas está muito bem no que tem feito no Botafogo.