Vasco

‘Caímos não hoje, mas em um processo crescente de muito tempo’, diz Luxemburgo após empate que, praticamente, decretou o rebaixamento do Vasco

Foto: Alexandre Schneider/Getty Images

Com os resultados da rodada, o Vasco entrou em campo, contra o Corinthians, precisando de uma vitória para continuar com o objetivo de se manter na Primeira Divisão. Porém, com o empate em 0 x 0, o Cruz-Maltino está, virtualmente, rebaixado para a Segunda Divisão. Para se livrar da Série B, precisa vencer, torcer para um tropeço do Fortaleza e fazer 12 gols no Goiás.

Contratado para tentar salvar o clube, Vanderlei Luxemburgo “jogou a toalha” sobre a permanência, mas se mostrou disposto a continuar no clube na próxima temporada.

– Eu vim para o Vasco por 12 jogos. Falaram que colocaria a carreira em risco. Não tenho essa preocupação, a minha carreira está aí. Eu estou à disposição do Vasco para uma reconstrução. Se o Vasco entender que eu posso ajudar, estou pronto. Nos últimos três anos, o Vasco beira do rebaixamento. Uma hora… Não tenho nenhum problema de trabalhar na Série B. A minha proposta era deixar o Vasco não cair, não conseguimos. Caímos não hoje, mas em um processo crescente de muito tempo. Acabou que não teve como recuperar – disse Luxemburgo

Apesar de não ter sido rebaixado, matematicamente, a situação do Cruz-Maltino é quase impossível. E para Luxemburgo, o equipe disputará a Série B na próxima temporada:

– Não tem como mentir para o torcedor, para a imprensa. Fazer 12 gols, só se jogarmos com uma equipe da várzea. Temos que ser realistas. Existia a possibilidade de manter o time na Primeira Divisão e da queda. Estou falando por mim. Não tenho nenhuma preocupação com minha imagem profissional de que maculou, porque sou um vencedor. Agora você foi para a Segunda Divisão… Tantos profissionais foram, o Vasco da Gama é um clube muito grande. É um grande orgulho profissional trabalhar na reconstrução do Vasco da Gama. Obviamente não passa só por mim, passa pela diretoria para ver se é isso que vai acontecer – afirmou.

Sobre o desempenho contra o Corinthians

Se jogássemos como jogamos com Inter e Corinthians, se você falar que não jogou com qualidade, isso o Vasco tem mostrado ao longo do tempo, mas que faltou determinação e aplicação, eu acho que não. Me permita discordar. Os jogadores se aplicaram e empenharam. Mas, tecnicamente não conseguimos desenvolver. Fizemos as substituições e tentamos de todas as maneiras. E jogando aqui contra o Corinthians, que precisava do resultado para a Libertadores. Foi enfrentamento de igual para igual. Não foi um grande jogo. Duas equipes com dificuldades.

Futuro do Vasco

Eu trabalhei no Vasco no ano retrasado. Os problemas que o Vasco tem hoje são os mesmos que tinha lá atrás. Falta de pagamento, falta de presença. O Salgado, Osório e o departamento jurídico estão de parabéns. O Vasco se mostrou presente em um momento importante, foi à Justiça e à CBF para ir atrás do seu direito. Coisa que não acontecia antigamente. Isso mostra que é uma postura diferente dos jogadores e dos dirigentes. Vai em busca da defesa do Vasco da Gama. Acho que essa diretoria deu um passe certo: estamos aqui, não façam isso com o Vasco da Gama.

Daqui você começa uma reconstrução, pagamento em dia, diretores atuantes, uma qualidade de jogadores diferentes…  vai ter uma perda substancial de receita. Eu sei disso, tanto que coloquei que se o Vasco não se mantivesse na Primeira Divisão, eu não queria receber. Se a diretoria quiser que eu continue nesse reconstrução, quero participar e estou propenso a negociar. Minha preocupação não é o dinheiro. Durante minha vida profissional, ganhei muito dinheiro. Agora é uma questão moral. Quero ajudar o Vasco da Gama a se reconstruir. Acho que isso é importante para o profissional. Já participei de vários clubes que se reconstruíram. Então, se eu puder estar aqui, estarei presente e vou discutir de uma realidade, com a diretoria, dentro de Segunda Divisão

Papo no vestiário

Pedi só para eles rezarem, que é o que fazem no fim do jogo, e não falei nada. Não tem o que falar nesse momento. Tentei com Pec e Juninho mudar o meio e dar mais velocidade à equipe. O Catatau porque o Gil e outro zagueiro estavam ganhando muito bola de cabeça. Então, começamos a disputar e ganhar a segunda bola. Os caras foram cansando e fizemos as substituições que você vai pensando do jogo, mas elas não fluíram como você imagina. Eu não vou botar culpa no Juninho, no Pec, no Talles. São jovens jogando na casa do adversário, jogando uma proposta para não cair para a Segunda Divisão. Claro que eles têm um comportamento emocional diferente. Eles são ativos do clube. A gente vai chamar essa responsabilidade e dividi-la.

O trabalho no Vasco foi o pior em sua carreira?

Assim você está pegando pesado demais, você não pode me responsabilizar pela queda em 12 jogos. Eu vim para ajudar. Eu não posso fugir da responsabilidade, mas você vir com uma pergunta agressiva, desnecessária… Não cabe, cara. Minha proposta foi de vir ajudar o Vasco da Gama em 12 jogos, e você não reconstrói uma equipe em 12 jogos. É muito pouco para colocar tudo em prática. Você antecipa etapa, mas não consegue… esbarra daqui e ali. Me permita divergir de você, com todo respeito. Tenho parcela de culpa porque sou responsável

Planejamento para a temporada 2021

Claro que vim para cá para colocar toda minha qualidade profissional como gestor, técnico, mas não conseguimos. Agora é sentar com a diretoria e fazer uma análise. Temos o Estadual primeiro e depois o Brasileiro. Temos que fazer uma equipe de Segunda Divisão no Brasileiro da Segunda Divisão. Não podemos ter uma equipe de Primeira Divisão, até porque, os recursos serão totalmente diferentes. Vamos ao mercado. Temos alguns jovens que não podemos desprezar. Alguns jogadores obviamente, porque eles sabem isso, nem todos vão continuar. (O planejamento) tem que ser feito com o que vamos disputar.

O Vasco, como equipe, disputando a Segunda Divisão, mas se preparando para estar na Primeira Divisão. Com a parte administrativa e política que vem trazendo prejuízos há tempos. O Salgado está propenso a uma reconstrução do Vasco da Gama e ela passa por diversas situações. A parte do futebol, vamos estar atentos o mercado e para construir e fazer um bom estadual e um bom Brasileiro, voltando para a Primeira Divisão.

Disputa na Série B

Na parte técnica, vamos ter reuniões internas sobre jogadores que vão sair e ficar. Não adianta nós falarmos externamente o que vamos fazer, estamos falando no geral do que precisa ser feito. O Campeonato Brasileiro da Série B com três grandes clubes, e o Vasco teve 18 erros do VAR. Existe essa preocupação nossa nesse sentido, porque são muitos erros para um campeonato. Uma coisa que tem que ser revista não só no Vasco da Gama, mas também uma análise no futebol brasileiro e na arbitragem. Ver o que está acontecendo para que o VAR tenha mais importância do que o juiz. Os bandeiras e árbitros estão transferindo todas as suas responsabilidades para o VAR. São profissionais de alto nível. Precisa também, como o Vasco da Gama e o futebol brasileira, ser revisto. Trouxeram muito prejuízo e macularam a conquista do campeonato. Não vou tirar mérito de ninguém, mas maculou bastante.

Reconstrução do Vasco

Essa parte política e administrativa de toda remodelação do Vasco passa pelo Salgado e com o Osório, vice-presidente. Com respeito à parte técnica, da reconstrução do time de futebol. Do planejamento como um todo, que começa no profissional e vai até à categoria da base. Categoria de base não pode estar desvinculada do profissional, tem que ser uma coisa vertical para se ter um planejamento.

Vasco da Gama sempre revelou muitos jogadores, mas acho que é trabalho vertical onde a base está inserida no contexto que pertence ao profissional. É uma filosofia do profissional achatando e chegando até onde deve chegar.

Recado ao torcedor

Queria falar com o torcedor do Vasco da Gama, que tem muito respeito por mim. Lamento muito por não ter conseguindo junto com esse grupo manter o Vasco na Primeira Divisão. Peço ao torcedor que entenda que eu fiz o máximo, o maior respeito pela agremiação, pelo torcedor do Vasco da Gama… Não tenho nenhum problema, não vai mexer em nada na minha história profissional de eu aceitar de estar no Vasco neste ano participando dessa reconstrução. Estou disposto a isso porque o Vasco é muito grande, e o Vasco precisa se reencontrar com sua história, que é muito bonita. Essa história de hoje vinha passando perto há muito tempo, mas quero participar dessa reconstrução desse clube maravilhoso que é o Vasco da Gama. O Vasco tem que estar entre as cinco maiores equipes. Me desculpe, torcedor. Me doeu ao máximo. Da minha parte, eu peço desculpa, mas foi o geral.

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