Após conviver por anos com a Encefalopatia Traumática Crônica, uma condição neurodegenerativa conhecida como “demência do pugilista”, o ex-boxeador Maguila morreu nesta quinta-feira (24), aos 66 anos. Conforme declarado pelo atleta em 2018, seu cérebro será doado para a Universidade de São Paulo (USP) e utilizado em pesquisas científicas.
Há seis anos, com o consentimento de sua família, Maguila assinou um termo declarando a vontade de doar o órgão para a Faculdade de Medicina da USP, que possui um grupo de pesquisas sobre as consequências de impactos repetidos na cabeça de atletas que atuam no futebol, boxe, rúgbi e outras modalidades.
Com um diagnóstico que, por muitas vezes, se confunde com outras doenças como o Alzheimer, por causa dos sintomas semelhantes, a Encefalopatia Traumática Crônica virou objeto de estudo. Os quadros de ETC apresentam tonturas, dores de cabeça crônicas, perda de memória, alterações cognitivas e problemas motores. Além disso, podem ocorrer alterações comportamentais como ansiedade, agressividade, impulsividade e outras condições.
Apesar da dificuldade de um diagnóstico preciso, há avanços científicos que permitem a identificação de marcados da ETC em exames de imagem e análises da retirada de liquor cerebral, fluido encontrado nas estruturas cerebrais e que fornece nutrientes ao órgão. Um exemplo de indicador é a proteína de TAU, que se estiver presente em alta quantidade em partes específicas do cérebro, junto a outros sintomas, leva à confirmação da doença.
Os estudos de cérebros de atletas seguem em função de facilitar a identificação precoce e o tratamento da condição. Antes de Maguila, outros ex-atletas manifestaram o desejo de fornecer o órgão para as pesquisas da USP. O zagueiro Bellini e o pugilista Éder Jofre também doaram o cérebro para o grupo de pesquisadores.