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Colo-Colo: Luto e Glória

Foto: Divulgação Colo-Colo

Ao ler o título desse texto, você leitor deve estar se perguntando “O Colo-Colo é um dos grandes times do Chile, e um dos maiores do continente, glória eu até entendo, mas luto?!”. Sim, e um luto que já dura 95 anos e deve acompanhar o clube Ad aeternum. Mas antes disso, uma pequena introdução.

O Club Social y Deportivo Colo-Colo, foi fundado em 19 de abril de 1925 na cidade de Santiago, por um grupo de ex-jogadores do Club Social y Deportivo Magallanes, liderados por David Arellano, um dos maiores jogadores da história do clube e do futebol chileno. Arellano e cia escolheram o branco, que simboliza a pureza, e o preto, que representa a seriedade, como as cores do clube, e seu escudo possuía as cores da bandeira do Chile (azul, branco e vermelho). O tradicional (e imponente) cacique Colo-Colo, herói indígena do povo Mapuche na luta contra os espanhóis, durante o século XVI, só foi incorporado ao escudo nos anos 1940.

Foto: Divulgação Colo-Colo

O clube começou sua atividade futebolística no mesmo ano de sua constituição, como parte da Liga Metropolitana. Em 1926 já veio seu 1º título, apresentando uma verdadeira revolução para o futebol chileno: o chamado estilo de jogo “uruguaio” ou “científico”, com passes rasteiros e jogadas ensaiadas, que surpreendiam seus adversários. Esse estilo que encantava o Chile, capitaneado por Arellano, chegou aos ouvidos europeus. Inclusive atribui-se a Arellano o surgimento do movimento de bicicleta no futebol chileno, chamado por lá de “chilena” e imortalizado no Brasil por Leônidas da Silva.

Com o sucesso de 1926, o Colo-Colo embarcou em uma turnê para a Europa, tornando-se o primeiro clube chileno a pisar em solo europeu. O jovem clube jogou na Espanha e Portugal, conseguindo grandes e expressivos resultados, e melhor de tudo, colocando o futebol chileno no mapa. Porém, uma tragédia iria se abater sobre o clube na data 3 de maio de 1927, colocando sentido no título desse texto.

Foto: Reprodução

Nessa data o Colo-Colo enfrentou o Real Valladolid (exato, o time do Ronaldo Fenômeno), na Espanha, e Arellano acabou sofrendo um choque casual contra um jogador adversário, resultando em uma peritonite, que é a inflamação do peritônio (revestimento da parede interior do abdómen e dos órgãos abdominais). Após 24 horas de agonia, Arellano faleceu no dia 3 de maio de 1927, aos 26 anos de idade. Seu corpo retornaria ao Chile somente em 1929 e atualmente descansa no Mausoléu dos Velhos Craques do clube no cemitério geral de Santiago, capital do Chile.

Desde aquele fatídico 3 de maio, o Colo-Colo vive enlutado. Por muito tempo, a homenagem foi a utilização de uma faixa preta no braço, como os jogadores normalmente usam em homenagens deste tipo. Em 1971, uma tarja em memória de Arellano foi fixada logo acima do distintivo (“luto arriba”), perdurando até os dias de hoje na camisa alvinegra.

Foto: Divulgação Colo-Colo

David Arellano é um estandarte do Colo-Colo, sendo inclusive o nome do seu estádio (Monumental David Arellano). Após a morte de seu ídolo, capitão e fundador, o “El Cacique”, como é chamado o clube, conquistou 33 Campeonatos Chilenos, 13 Copas do Chile e a Libertadores da América de 1991, sendo considerado o clube mais popular do Chile. Fora os títulos, o clube revelou grandes atletas como Arturo Vidal, Claudio Bravo e Andrés Maldonado.

Foto: Divulgação Colo-Colo

Não importa onde estiver, com certeza Arellano está muito orgulhoso de sua criação e de seu legado, afinal ele e o Colo-Colo são a história do futebol chileno.

Foto: Divulgação Colo-Colo
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