Nesta quinta-feira (22), a juíza da Recuperação Judicial do Coritiba aprovou a SAF do clube e agora a venda de 90% por R$ 1,1 bilhão para a Treecorp. Com essa oficialização a empresa agora passa a comandar o clube alviverde.
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Depois da aprovação dos sócios e conselheiros, ambos por mais de 95%, a única etapa que restava para a oficialização da SAF era o ok da juíza que cuida da Recuperação Judicial do clube alviverde.
A operação do clube fica sob responsabilidade total da Treecorp. No últimos mês, os profissionais da empresa já vinham tocando o dia a dia: o CEO do Coritiba, Carlos Amodeo, e o Executivo de Futebol, Artur Moraes.
A diretoria, representada pelo G-5 eleito no final de 2020, fica com a responsabilidade de fiscalizar a administração dos novos proprietários, por meio da governança, além de ter poder de veto sobre questões de tradição do Coritiba.
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Investimento
No acordo, investimento em reforços e na construção do novo centro de treinamento são obrigatoriedades por contrato. A Treecorp terá dez anos para investir a quantia acima em reforços. O CT de Campina Grande do Sul, agora é propriedade da SAF, o aporte deverá ser feito imediatamente.
Diferente do CT, o Couto Pereira seguirá como propriedade do Coritiba, que por sua vez assinará um contrato de cessão por 50 anos, renováveis por mais 50, para a SAF. No investimento da Treecorp, a quantia direcionado para a reforma do estádio é um compromisso formal, condicionado a determinado fatores.
A Treecorp tem sete anos para começar as obras e no máximo dez para a reforma ser completa, caso essa linha do tempo não seja cumprida, existem punições contratuais, como o impedimento de retirar dividendos (participação sobre os lucros da empresa) por parte dos investidores.
Dívida do Coritiba
Em relação a dívida do Coritiba, o clube paranaense tomou um caminho diferente dos outros clubes que já são SAF no futebol brasileiro. O Coxa já concluiu sua recuperação judicial, na qual obteve descontos de credores e alongou o pagamento da dívida em 12 anos.
Na criação da SAF, a Treecorp agora fica responsável pela dívida e outros ativos, contratos de jogadores, patrocínios e direitos de transmissão, por exemplo, o Coritiba perderá a maior parte de suas receitas.
Em troca, a associação civil receberá da empresa investimento para o futebol e outros setores. Esses valores variam a cada ano e têm como finalidade o cumprimento do acordo feito na recuperação judicial. Portanto, a SAF não receberá as dívidas, porém agora é a responsável para efetuar o pagamento dela.
Quem vai liderar?
Como acionista minoritária, o Coritiba manterá a responsabilidade de fiscalizar a administração dos novos proprietários, por meio da governança, além de ter força para negar mudanças em relação a tradição.
Haverá um Conselho de Administração, com até dez integrantes, dos quais a associação poderá indicar um representante. O Conselho Fiscal terá cinco nomes, sendo um deles nomeado pelo Coritiba. Essas são as pessoas que ficarão incumbidas de participar da administração do clube pelos próximos anos.
Metas para o futebol
No contrato com a Treecorp, o Coritiba incluiu alguns acordos mínimos para que as coisas andem no futebol.
A empresa terá que gastar por ano um mínimo de R$ 120 milhões ou 50% da receita, o que for maior, no item que chamou de “investimento em futebol”. Ele é composto pela folha salarial e por contratações.
Na teoria, significa que, se a soma de salários e direitos de imagem for de R$ 80 milhões no ano, pelo menos R$ 40 milhões deverão ser utilizados para comprar direitos federativos e econômicos de atletas.
A meta do Coritiba é a estabilidade no Campeonato Brasileiro e a conquista de títulos, não existe punição para a Treecorp caso as metas esportivas não sejam cumpridas. O mecanismo é financeiro.
Também vale lembrar que, caso o Coritiba seja rebaixado para a Série B, o investimento sofrerá um corte, pois não existe necessidade de uma quantia tão grande para a disputa da segunda divisão.
Quem é a Treecorp?
Criada em 2010, a Treecorp tem três sócio-diretores e aproximadamente R$ 2 bilhões sob gestão em 11 empresas de seu portfólio. Ademicon, Zeedog, Cabana Burguer e Zul digital são algumas delas.
O Coritiba, inclusive, tem uma parceria com Ademicon: o “Consórcio Coxa” de forma digital. Ao adquirir, o torcedor do Coxa estará automaticamente contribuindo com o clube. Não existe relação de interesse antigo, já que o consórcio foi realizado em 2021.
O nome mais conhecido, contudo, é do ex-publicitário Roberto Justus, que entrou na empresa há dois anos. No final do ano passado ele disse que estava comprando um clube de futebol em entrevista ao podcast Flow e que não era o “seu time de coração”. Justus torce para o São Paulo.