Presença constante em competições internacionais nos últimos anos e finalista da Sul-Americana em 2023, o Fortaleza segue se deparando com novos desafios pelo continente e, nesta quarta-feira (8), atuará pela primeira vez na história do clube na Bolívia, onde enfrenta o Nacional de Potosí, a uma altitude de mais de quatro quilômetros acima do nível do mar.
Visando mitigar os efeitos da altitude, o clube preparou uma logística especial para o confronto, e também adota precauções na alimentação. “Durante a viagem, mudaremos um pouco o cardápio, e usaremos alimentos mais leves. Justamente porque a digestão na altitude fica um pouco mais lenta. Inclusive, por exemplo, vamos retirar a carne vermelha, que demora um pouco mais no estômago para fazer a digestão” explica Tiago Fontoura, coordenador de nutrição do clube.
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A suplementação dos atletas também é ponto de atenção, com incremento de ferro e vitamina C para os atletas desde um mês antes da viagem. “Usamos também um vitamínico que é precursor de óxido nítrico, que é um suplemento à base de beterraba. Seu uso é indicado para ajudar na dilatação das veias e auxilia a chegada de oxigênio na corrente sanguínea, pois a ausência de oxigênio é um dos principais motivos dos atletas sentirem o cansaço, quando respiram durante a atividade física”, completa Fontoura.
Albino Luciano, fisioterapeuta sócio da Sonafe (Sociedade Nacional de Fisioterapia Esportiva e da Atividade Física) e que trabalhou por mais de 20 anos no Fortaleza Esporte Clube, destaca os cuidados com a altitude frente aos efeitos que tais condições podem provocar no corpo humano:
“Os jogos em altitudes elevadas são um grande desafio para os atletas que não estão acostumados com essas condições, porque o ar contém menos oxigênio e isso pode afetar significativamente o desempenho. A diminuição de oxigênio pode reduzir a capacidade aeróbica e a resistência desses atletas. Também pode influenciar a recuperação entre os sprints ou após os esforços intensos, que pode acontecer de forma mais lenta. Além, claro, de poder afetar as habilidades cognitivas, como tomada de decisão e coordenação”.
Para tentar sofrer o menos possível com estes efeitos, o clube consultou outras equipes que já passaram por situações semelhantes, como o próprio Boca Juniors, que atuou contra o mesmo Nacional de Potosí neste ano, pela Sul-Americana, assim como as equipes de Flamengo, Grêmio, Fluminense e São Paulo, que enfrentam grandes altitudes pela Libertadores. A logística preparada inclui uma parada na cidade de Sucre, com altitude de 2.790 metros, um dia antes da partida.
A ida a Potosí será horas antes do confronto, para amenizar os efeitos da altitude. A delegação viajará em vans e carros 4X4 e irá retornar imediatamente após a partida. Flávia Magalhães, médica do esporte, especialista em gestão de saúde e performance de atletas, destaca a importância deste planejamento:
“A medida se mostra eficiente, uma vez que quando se atua a mais de dois mil metros acima do nível do mar são comuns sintomas como náuseas, tonturas e cefaleia, que aparecem de seis a 12 horas após chegar nessas condições. Quando você sobe para mais alto, a situação é bem mais complicada e, se não for tratada, pode evoluir para um edema pulmonar agudo e edema cerebral”, explicou Flávia, que já teve passagens por clubes e pela seleção brasileira de futebol.
“É uma logística complexa, que envolve deslocamento de avião, de carro, e chegada ao local do dia da partida, sem tempo de aclimatação”, pontua Marcelo Paz, CEO da SAF do Fortaleza.