O Cruzeiro está sendo investigado pela Polícia Federal por suspeita de participação em um esquema de corrupção que envolve também a facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC). O caso aconteceu em 2021 e se trata de uma negociação do clube mineiro com o empresário e agente esportivo William Barile Agati, que cuidava da carreira do atacante Diogo Vitor. Naquela época, a Raposa estava na segunda divisão do Campeonato Brasileiro.
O jogador havia sido suspenso anteriormente na carreira por uso de cocaína, flagrado em um exame antidoping após um jogo entre Santos e Botafogo-SP, em março de 2018. Enquanto Diogo Vitor cumpria a punição de um ano e meio afastado dos gramados e não recebia salários, Agati passou a cobrir as despesas do atacante.
Depois de uma passagem sem sucesso pela base do Corinthians, Vitor recebeu uma oportunidade no Cruzeiro, a partir de uma negociação envolvendo Agati e o clube de Belo Horizonte. A história se complica neste momento, já que, indo na contramão da tradição do futebol, foi Agati quem pagou ao Cruzeiro para que seu representante fosse contratado. A F1rst Agência de Viagens e Turismo, empresa do agente, transferiu 3 milhões de reais parcelados, entre os dias 11 e 16 de março de 2021, ao clube Celeste. Três dias após a quitação da última pendência, o Cruzeiro movimentou 1,58 milhão de reais para a conta pessoal do empresário e para a Burj Motors, outra empresa de Agati. Diogo Vitor se despediu da Toca da Raposa em dezembro daquele ano sem nunca ter entrado em campo como jogador do Cruzeiro.
A assessoria do Cruzeiro se manifestou, em nota oficial, dizendo que não tinha conhecimento do caso, porque a SAF passou a ser controlada pela nova gestão em maio de 2024. Além disso, se mostrou pronto para ajudar nas investigações.
– Contudo, o Cruzeiro SAF está à disposição das autoridades, sem medir esforços, para colaborar com o que for necessário – revela o comunicado.
O presidente do Cruzeiro em 2021, Sérgio Santos Rodrigues, explicou à Revista Piauí que a chegada de Diogo Vitor ao clube se deu de forma gratuita. Além disso, apontou que as movimentações monetárias entre clube mineiro e o empresário se devem a um contrato de empréstimo feito por Agati ao Cruzeiro, sem relação com o jogador.
– Não houve compra de passe (do atacante), não. Foi pedido uma oportunidade (dada) para o Diogo tentar voltar a jogar – disse Rodrigues.
A F1rst Agência de Viagens, utilizada como empresa de fachada para as negociações entre Agati e Cruzeiro, também levantou suspeitas da PF porque recebeu 4,8 milhões de reais de um homem de confiança do empresário brasileiro.
O advogado de Agati, Eduardo Maurício, definiu o agente esportivo como “um empresário idôneo e legítimo, primário e de bons antecedentes, pai de família, que atua em diversos ramos de negócios lícitos, nacionais e internacionais, sempre com ética e seguindo as leis vigentes e os bons costumes”. Além disso, fez questão de dizer que Agati é inocente “e isso ficará provado ao final do processo” e qualificou a prisão do empresário como “ilegal e abusiva” por causar a Agati “evidente constrangimento ilegal, já que se colocou à disposição da polícia de livre e espontânea vontade, a fim de colaborar com a Justiça na busca da verdade real dos fatos”.
O Cruzeiro segue as atividades esportivas normalmente e se prepara para enfrentar o América-MG neste domingo (16), em duelo válido pela semifinal do Campeonato Mineiro. Enquanto isso, a PF mantém a investigação ativa, entre outros tópicos, sobre a venda do passe de Diogo Vitor para o Cruzeiro.
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