A partida entre Internacional e Corinthians foi de muita qualidade no último sábado (14). O empate em 2 a 2, no entanto, ficou marcado por um episódio de séria acusação. Próximo a metade do segundo tempo, o jogo foi paralisado por causa de uma confusão, em que o volante Edenilson, do Colorado, acusou o lateral-direito Rafael Ramos, do Timão, de injúria racial. Diante de todos os desdobramentos, confira abaixo, em ordem cronológica, a sequência de acontecimentos.
Jogo é paralisado aos 31 minutos
Aos 31 minutos do segundo tempo, a bola sai para linha lateral no campo de ataque do Internacional. Neste momento, Edenilson se movimenta para receber, enquanto é marcado por Rafael Ramos. Então, quando Renê ia realizar a cobrança, o volante Colorado corre em direção ao árbitro e pede para paralisação do jogo, afirmando que havia sido chamado de “macaco” pelo atleta do Corinthians, sendo alvo de injúria racial.
Diante da acusação de injúria racial, então, o árbitro Bráulio Machado paralisou o jogo, e chamou os atletas para darem suas versões. Na súmula, ele relata que Edenilson afirma que Rafael Ramos disse “foda-se macaco”, enquanto o português se defendeu, argumentando que falou “foda-se caralho”. Na hora, todavia, a arbitragem nada pode fazer, já que não escutou o flagrante e o VAR não pode interferir em lances de leitura labial.
Apoio para Edenilson e cobrança no gramado
No momento em que Edenilson acusou Rafael Ramos de injúria racial, já foi possível ver uma reação amistosa dos jogadores do Corinthians ao volante. Atletas como William e Renato Augusto foram conversar e acalmar o atleta do Internacional, além de tentarem entender exatamente o que havia ocorrido.
Em meio a confusão, então, mais um lance que chamou a atenção. Cercado por jogadores do Corinthians, Edenilson apontou o dedo em direção a Rafael Ramos e cobrou que o lateral assumisse o que havia falado. O jogador, todavia, discordou do Colorado, o virando as costas para o reinício do confronto.
Substituição na sequência
Depois que o jogo foi retomado, Vítor Pereira se apressou em substituir Rafael Ramos. Bastante pressionado pela torcida, e marcado pelos atletas do Internacional, pela suposta injúria racial, o lateral foi retirado de campo. Junto com ele saiu Willian, conhecido pelo combate antirracista nas redes sociais, que conversou com o português enquanto se dirigiam ao banco de reservas. Isso, como era de se esperar, sob muitas vaias no Beira-Rio.
Saída em silêncio do Inter e fala de Jô
Diante da situação de injúria racial sofrida por Edenilson, os jogadores do Internacional concordaram em somente falar após o capitão. Diante disso, nenhum atleta do Colorado deu entrevista assim que o árbitro finalizou o duelo.
Pelo lado do Corinthians, por sua vez, também houve uma espécie de blindagem. Somente o experiente Jô, que estava distante do lance, se pronunciou. Na fala, para o canal, “Premiere”, o centroavante se limitou a dizer que não poderia afirmar ter havido injúria racial, já que estava distante e comentou que, Rafael Ramos havia afirmado que se trataria de um mal-entendido linguístico, já que ele é de Portugal.
Encontro no vestiário
Após o duelo, já nos vestiário, Edenilson e Rafael Ramos se encontraram. Conforme confirmado por ambos, houve uma conversa, em que o volante falou aqui que havia entendido e o lateral argumentou se tratar de um mal-entendido, que não teria cometido injúria racial. Na versão do atleta do Timão, inclusive, eles teriam apertado as mãos ao final. No entanto, pelo relato do Colorado, o português se recusou a admitir o crime.
Queixa na polícia
Depois de se encontrar com Rafael Ramos, Edenilson acionou a Polícia Civil, junto ao delegado da partida, para prestar queixa contra o lateral por injúria racial. Aberta a ocorrência, o volante foi ouvido pelas autoridades, dando início ao processo que se seguiu nos corredores do Beira-Rio.
Então, após ouvir Edenilson, a Polícia Civil colheu os depoimentos do árbitro Bráulio Machado, que reforçou o colocado em súmula, com a versão de ambos mas sem ter conseguido escutar a possível injúria racial. E de Rafael Ramos, que voltou a defender-se, afirmando que disse “foda-se caralho” e não “foda-se macaco”.
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Versão de Edenilson
Já depois de deixar as dependências do Beira-Rio, e passar sua versão para a Polícia Civil, Edenilson comentou sobre o caso de injúria racial. Em nota através das redes sociais, o volante afirmou ter certeza de que ouviu Rafael Ramos o chamando de macaco. Além disso, reforçou que evitou uma paralisação maior da partida pois “o jogo estava bom” e pediu desculpas por não reagir “da maneira certa”, já que foi a primeira vez que sofreu com algo do tipo no futebol.
Rafael Ramos preso
Após ouvir as versões de cada um, a Polícia Civil mandou prender Rafael Ramos pelo crime de injúria racial. De acordo com o delegado da partida, em entrevista para a imprensa, o jogador cometeu sim o crime, e precisou ser detido no estádio Beira-Rio, para que não voltasse junto ao elenco para o hotel.
Somente depois de mais de três horas de terminada a partida Rafael Ramos foi liberado. Como o crime de injúria racial é afiançável, o lateral do Corinthians pagou R$ 10 mil em dinheiro vivo, mas somente após a contratação de uma advogada, por parte do Timão, para o defender no caso. Com isso, o atleta português pôde retornar ao hotel.
“Mal-entendido”, afirma Rafael Ramos
Liberado mediante o pagamento de fiança, e mesmo após ter sido preso, Rafael Ramos manteve sua versão sobre os fatos. Em entrevista, afirmou estar com a “consciência tranquila”, pois o caso de injúria racial teria sido apenas um “mal-entendido”.
Através de uma nota oficial nas redes sociais, inclusive, Rafael Ramos postou um pequeno desabafo. Nele, afirmou que nunca cometeu crime de injúria racial na vida e que foi criado para respeitar a todos. Além disso, finalizou uma mensagem de “racismo não!”.
Próximos passos
O fato de ter sido preso e pago fiança não finaliza a acusação de injúria racial para Rafael Ramos. Como Edenilson abriu ocorrência na Polícia Civil, o lateral do Corinthians responderá a um processo criminal. Os R$ 10 mil pagos serviram, justamente, para que o português respondesse em liberdade.