Cruzeiro
Deivid relembra 2003, diz acreditar em acesso e aponta situação do Cruzeiro: ‘Buraco muito fundo’
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O ex-jogador e também ex-diretor de futebol do Cruzeiro, Deivid, falou, nesta segunda-feira (20), em entrevista concedida ao canal oficial do Tática Didática no YouTube, sobre a atual situação do clube e também a gestão de Sérgio Santos Rodrigues como presidente da Raposa. Segundo ele, gerir a atual crise, e falando como participante, já que fez parte da gestão, é muito difícil, principalmente quando há ataques e falta de apoio.
Deivid também relembrou de onde partiu a atual dívida cruzeirense e declarou ser importante que torcedores e clube coloquem os “pés no chão” e entendam que o clube está em um “buraco muito fundo”. Confira o relato de Deivid na íntegra:
– De dez anos para cá, o clube abriu mão do seu legado, da sua escola, da sua cultura, para ganhar dois Brasileiros e duas Copas do Brasil. E isso culminou em dever R$ 1 bilhão. Então, é aquela gestão que chamamos de irresponsável, vai trazendo e outro paga a conta. E uma hora a conta chega, e chegou. O torcedor ainda não caiu na realidade que o clube deve um bilhão, que o clube tem muitas ações na Fifa e que vão chegar ainda muitas ações na Fifa. Então, tem que pagar a Fifa, acordos, ter o salário em dia e montar time. Quando eu estava lá, a ideia era, junto com o presidente, consertar a parte financeira do clube, montar um time competitivo sem loucuras para subir e ir pagando as contas. É muito difícil fazer uma gestão em que você tem que fazer muitos acordos, cumprir esses acordos, chegando ação de Fifa e se virar da noite para o dia para arranjar R$ 8 milhões, ter que pagar salário, montar time, o resultado não vem e consertar contrato que foi feito errado. O torcedor não sabe um terço disso, e aí vem a cobrança. E alguns cruzeirenses, ao invés de colocar o clube para cima, batem mais. E aí tumultua mais o clube. E é muito difícil fazer uma gestão assim. E o Sérgio é muito corajoso, ele tem peito de pegar um clube na situação que está e tentar resolver e tomando pancada de todos os lados. O torcedor não entende e tem a rivalidade entre o Atlético-MG e Cruzeiro, e o outro lado está bem demais e os cruzeirenses acham que também tem que ganhar. Mas, tem que olhar para casa, primeiro tem que ajeitar dentro de casa para depois olhar para o vizinho. Ali é muito trabalho. Se não colocar os pés no chão e ter consciência de que o buraco é muito fundo, a tendência é só piorar.
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Apesar do momento celeste, Deivid destacou que ainda é possível sim sonhar com o acesso à elite nacional. Atualmente, o Cruzeiro é o 13º colocado com 31 pontos somados, dez a menos que o quarto colocado na competição, o CRB – o último dentro do grupo dos quatro primeiros que se classificam à Série A.
– O resultado de ontem dificultou um pouco (empate em 1 a 1 com o Vasco da Gama). Mas, ainda tem muitos jogos. O Vanderlei é muito capaz, é um cara vencedor, é um cara estrategista e é um cara que conhece a competição. Então, eu acredito que ainda dá tempo, que ainda há tempo de sonhar –, disse Deivid.
E FALANDO EM LUXA…
Deivid já trabalhou com Luxemburgo, atual técnico do Cruzeiro, em algumas ocasiões, inclusive em 2003, quando o clube mineiro conquistou a tríplice coroa, ao vencer a Campeonato Mineiro, Copa do Brasil e Campeonato Brasileiro na mesma temporada. Ele aproveitou para relembrar a passagem pelo Cruzeiro naquele ano.
– O Vanderlei saí do Corinthians e vai para o Cruzeiro e fica me ligando, falando “vem para cá que vamos montar um baita de um time”. E aí o Corinthians tinha me oferecido um aumento, e depois disseram que não ia dar mais. Eu rescendi meu contrato e fui para o Cruzeiro. E a mesma coisa que o Vanderlei fez no Corinthians de montar um time, ele fez no Cruzeiro. E o time encaixou de uma maneira que o time só ganhava e subia e ia aumentando a confiança. E conseguimos ganhar a tríplice coroa –, relembrou Deivid.
CLUBE-EMPRESA…
Voltando para o Cruzeiro do futuro, Deivid comentou a respeito do clube empresa, projeto aprovado pelo clube. Para ele, esse é não só o futuro celeste, como do futebol nacional.
– E não é só o Cruzeiro, eu acho que os clubes brasileiros, se não virar clube empresa, acho muito difícil conseguir pagar em dia, trazer jogadores como tem o Diego e o Hulk no Atlético. Eu acho que a maneira de ter clubes competitivos aqui no Brasil é se os clubes virarem clube empresa –, opinou.
Deivid atuou como atacante do Cruzeiro em 2003, defendo a camisa celeste em 38 jogos e marcando 28 gols. Como diretor, permaneceu no clube de maio do ano passado até junho da atual temporada.
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