Ceará
Dorival Júnior lamenta derrota para o Botafogo, mas não critica atuação da equipe: ‘Não foi uma partida ruim’
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No domingo (17), o Ceará foi derrotado pelo Botafogo por 3 a 1, em jogo válido pela segunda rodada do Campeonato Brasileiro. Em entrevista coletiva, o técnico Dorival Júnior, que perdeu sua primeira partida no comando do Vozão, avaliou que, apesar do revés, a equipe não jogou mal, atacou o gramado da Arena Castelão e reclamou do calendário do futebol brasileiro.
Apesar da dor da derrota, Dorival Júnior parabenizou a equipe do Botafogo pela entrega e se responsabilizou pelo resultado negativo.
– Temos que ter o equilíbrio no momento de uma avaliação, tem aspectos individuais e coletivos. A responsabilização sempre tem que ser coletiva e, principalmente, na figura do treinador. Tínhamos condições de fazer uma partida diferente da que se apresentou. O Ceará estava preparado para esse momento, poderia ter tido uma melhor sorte, mas o Botafogo fez por merecer o resultado, lutou como nunca, foi o que fizemos há alguns jogos. Tivemos esse tipo de postura, queríamos esse resultado como ninguém pelo momento que a equipe vinha vivendo. Se perguntarem se houve uma surpresa, a resposta é não, em momento nenhum. Jogos do Brasileiro têm esse nível, teremos que enfrentar situações ainda mais difíceis, assim como proporcionaremos para os adversários situações complicadas. É uma situação que temos que conviver. Dói muito, mas temos que levantar a cabeça e procurar rapidamente uma recuperação. Não tem outro caminho para que cheguemos aos objetivos que queremos – declarou.
Depois de ir para o intervalo com o jogo empatado e criando chances de ampliar, o Ceará não conseguiu manter a mesma atuação e levou os dois gols da derrota na segunda etapa. Dorival declarou que, se a equipe não tivesse sofrido o segundo gol na primeira metade do segundo tempo, o resultado poderia ter sido diferente.
– Não acredito que tenha tido diferença de um tempo para o outro. No início do segundo tempo, sofremos o gol numa jogada previsível, trabalhada, mas tínhamos três jogadores contra um. Um foi deixando para o outro e não agredimos a bola. Com isso, ficamos novamente atrás, tivemos que lutar para buscar o empate. O tempo vai passando e as coisas não vão acontecendo, naturalmente a ansiedade toma conta. Não tenho dúvidas de que poderíamos ter feito um jogo ainda mais equilibrado se o gol não tivesse saído naquele momento. Estávamos passando por uma estabilidade naquele momento, poderíamos ter alcançado uma recuperação rápida como foi na primeira etapa, até que encontrássemos uma forma de jogar. A principal diferença para mim foi que no primeiro tivemos posse, criamos boas oportunidades e fomos efetivos. Já no segundo, a mesma posse, porém sem efetividade. Não foi uma partida ruim da nossa equipe – disse.
Um assunto levantado pelo treinador foi o estado do gramado da Arena Castelão, que recebe jogos do Ceará e do Fortaleza. Dorival Júnior classificou que, por ter o estilo de propor o jogo, o Vozão foi prejudicado pelo gramado.
– A gente que cria, troca passes e propõe o jogo, não é uma desculpa, mas o nosso gramado facilita quem se defende. É terrível jogar num gramado como esse, castigado. O nível do espetáculo cai muito. O Botafogo mereceu em todos os aspectos, não tiro os méritos, mas para quem cria, há muito mais dificuldade, porque a bola fica viva. Ficamos praticamente uma semana sem pisar nele e, quando chegamos, ele estava pior do que na partida anterior – constatou.
Na última semana, a equipe foi a São Paulo, depois para a Venezuela até retornar para Fortaleza. Agora, o Vovô terá uma longa viagem para enfrentar o Tombense, pela Copa do Brasil. Dorival Júnior reclamou do calendário do futebol brasileiro e assumiu o desgaste físico que a sequência de jogos tem causado no elenco.
– É uma situação que a gente vai ter que conviver. É um fato. Se eu mudo cinco, seis jogadores, não sei qual vai ser a reação da equipe. Fica uma situação muito difícil para todo mundo. Não dá tempo de treinar, amanhã nos apresentaremos para viajar e jogar na quarta-feira uma partida decisiva da Copa do Brasil. Esse calendário está comprometendo consideravelmente o futebol de modo geral. Estamos priorizando a quantidade e abrindo mão da qualidade. Os times não treinam, só se recuperam. Ou melhor, pensam que se recuperam, porque chega no jogo e nem sempre tem o time, em sua totalidade, em condições de estar em campo. Hoje tive que fazer três alterações, porque percebi que os jogadores estavam muito desgastados. Eles já vêm em uma sequência de viagens, de jogos, e vai continuar sendo assim. Não temos outro caminho. No Brasil, se fala muito, mas se faz muito pouco. As pessoas olham muito mais o lado financeiro do que o lado esportivo. Com isso, vamos perdendo qualidade e condições de proporcionar mais vistoso do que aquilo que é apresentado – finalizou.
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O Ceará volta a campo na quarta-feira (20), às 21h30, contra o Tombense. A partida, válida pela ida da terceira fase da Copa do Brasil, será no Estádio Soares de Azevedo, em Minas Gerais.