A árbitra Edina Alves vive um bom momento pessoal e profissional. Neste domingo, 27, foi árbitra da final do Brasileiro feminino, vencida pelo Corinthians sobre o Palmeiras e recentemente recebeu a notícia de que sua mãe está curada de um câncer. Porém ela não apagou erros do passado e os momentos difíceis vividos anteriormente.
Em entrevista feita pela jornalista Talyta Vespa, do UOL, a árbitra relembrou um dos momentos mais difíceis da sua carreira, quando deixou de marcar o pênalti em Luciano, no jogo entre São Paulo e Novorizontino, válido pelo Paulistão, em março deste ano. Na ocasião, o atacante tricolor foi derrubado pelo goleiro dentro da área, mas a árbitra mandou o lance seguir e o São Paulo sofreu a sua primeira e única derrota na competição.
– Eu não vi. Falei para o VAR que estava em dúvida porque não tinha conseguido enxergar. Ele me disse que não havia pênalti e eu segui. Ali (ao fim do jogo, revendo o lance no vestiário) desabei. ‘Eu errei, foi pênalti’. Eles tentaram me consolar dizendo que o VAR havia dito que não, mas eu estava vendo o vídeo, foi pênalti, sim. E eu não dei – confessou Edina.
A árbitra também confessou que precisou de terapia para superar a questão e que pediu desculpas pelo erro.
– Esse lance me machucou. Fiquei deprimida, em uma fossa absurda por meses. Precisei de terapia para me recompor daquele dia, e essa é a primeira vez que falo sobre isso abertamente. Foi um erro inadmissível, eu me posicionei mal e não consegui ver. Não gosto de errar, ainda mais desse jeito. Pedi desculpa para a minha equipe de arbitragem. Disse que queria me redimir com os jogadores do São Paulo, mas não foi possível – disse a árbitra.
O período em que ocorreu o erro coincidiu com o recebimento da notícia de que a sua mãe tinha um linfoma. Edina perdeu o pai há alguns anos com a mesma doença e passou meses de muita tensão com a mãe.
– Hoje, eu percebo que deveria ter parado de apitar naquele período. Eu não conseguia pensar em outra coisa senão isso, era muita preocupação. Mesmo tensa, apreensiva, eu tinha obrigação de tranquilizar minha mãe, de dizer que iria passar, que ela venceria, mesmo sem qualquer certeza disso. E eu estava longe. Foi difícil. Sei que não ter parado me prejudicou na arbitragem, mas são escolhas que a gente faz – disse Edina Alves.
Na entrevista exclusiva ao UOL, Edina também falou sobre a nova fase na carreira e as dificuldades enfrentadas por ser uma das poucas mulheres no meio do futebol, em especial no quadro de arbitragem.