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Eleições do Fluminense – Marcelo Souto: ‘A modernização das Laranjeiras será a marca da nossa gestão’

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Por: Amanda Barbosa, André Zajdenweber, Carlos Mello e Lucas Dantas

O advogado Marcelo Souto, 36 anos, que defenderá a chapa ‘Herdeiros de Oscar Cox’, é um dos pré-candidatos à presidência do Fluminense. Depois de Ademar Arrais, o Esporte News Mundo também fez perguntas ao pré-candidato para saber suas propostas e opiniões sobre os principais assuntos abordados do clube. Souto reforçou a que a marca de sua gestão será a Modernização do Estádio das Laranjeiras.

– A modernização é marca da nossa campanha e será marca da nossa gestão. Eu e Sérgio Poggi temos o desejo pela busca de tecnologias, da modernização e dos conceitos que levarão ao clube ao século. A menina dos nossos olhos é a revitalização de Laranjeiras. Sergio está nessa luta junto com o Grupo Laranjeiras XXI há alguns anos. Laranjeiras para nós é um símbolo do que representa o Fluminense – ressaltou ao ENM.

Marcelo Souto já concorreu à presidência junto ao grupo política ‘Esperança Tricolor’. Na campanha de 2016, apoiou Cacá Cardoso. Manteve a posição quando este se aliou a Pedro Abad. Com a decisão, passou a integrar a coalizão Fluminense Unido e Forte, mas a deixou a gestão por não concordar com os rumos do clube.

Para registrar a chapa, porém, é necessário conseguir 200 assinaturas de sócios do clube – sem contar a modalidade sócio-futebol. A eleição ocorrerá na segunda quinzena de novembro. Além de Marcelo, Ademar Arrais também se lançou como pré-candidato. O atual presidente Mário Bittencourt ainda não oficializou, mas deve concorrer.

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VEJA A ENTREVISTA

ENM: Qual a sua história e relação com o Fluminense?

Marcelo Souto: Sou advogado, casado e pai da Sophia e do Noah. Sou um apaixonado pelas três cores que traduzem tradição, Tricolor de berço e torcedor de arquibancada, nos bons e maus momentos. Sou sócio do Fluminense desde meus 23 anos de idade e por quase uma década fiquei apenas “pagando mensalidade”. Da arquibancada aos noticiários, o sentimento de frustração ao ver o declínio da nossa instituição se transformou em indignação. E essa indignação me ensinou a não aceitar esse “Novo Fluminense”.

A coragem para mudar veio na sequência. Em um único mandato como conselheiro procurei dar alternativas ao clube, apresentando, por exemplo, requerimentos via conselho deliberativo para a implantação do voto on-line e outro solicitando a suspensão de todas as atividades deficitárias do clube para preservar o fluxo de caixa do futebol. Ao longo desses mais de mil dias da atual gestão do Mario Bittencourt, protocolei junto ao clube dezenas de correspondências alertando, cobrando e pedindo explicações e transparência.

ENM: Voto online é um dos mais discutidos internamente. Como analisa a situação?

Marcelo Souto: Poderíamos ter o voto online há bastante tempo. No início de 2019, apresentei uma empresa e uma minuta ao então presidente do Conselho Deliberativo do clube que por mais de 1 ano engavetou o projeto do voto online. Sempre fui e sempre serei favorável a uma ampla democracia, o que passa necessariamente pelo voto online dando direito aos torcedores “OFF RIO” a exercerem sua cidadania. Acredito que até a divulgação das normas do pleito, não há o que se fazer. Depende do presidente do clube e do presidente do Conselho deliberativo. Hoje o clube tem a seu favor a lei 14.010/2020, que permite o clube a aplicar o voto online mesmo não constando no seu estatuto.

ENM: Modernização das Laranjeiras está no projeto? Pretende levar jogos?

Marcelo Souto: A modernização é marca da nossa campanha e será marca da nossa gestão. Eu e Sérgio Poggi temos o desejo pela busca de tecnologias, da modernização e dos conceitos que levarão ao clube ao século. A menina dos nossos olhos é a revitalização de Laranjeiras. Sergio está nessa luta junto com o Grupo Laranjeiras XXI há alguns anos. Laranjeiras para nós é um símbolo do que representa o Fluminense. E também é uma bela amostra de simbolismo do qual um grupo de dezenas de pessoas limita não só o espaço, como também o destino do Fluminense por interesses próprios.

Atualmente a sede do clube é compreendida por um estádio de futebol (base e feminino), instalações esportivas para uso dos associados e para uso dos atletas de modalidades olímpicas. Além disso, é um completo escasso no foco ao entretimento e gastronomia. Não existe monetização. O Fluminense voltar a disputar jogos lá é um desejo meu e do nosso grupo. Esses jogos no Maracanã dão prejuízos de R$ 300-400 mil todo jogo. Precisamos transformar esses prejuízos em lucro, levando algumas dessas partidas para as Laranjeiras, que é a nossa casa. Trazer dinheiro novo através de shows, eventos, gastronomia e quem sabe até através de naming rights.

ENM: Qual sua opinião com relação à SAF?

Marcelo Souto: Estava em nossa proposta da última campanha e eu já tinha alinhado inclusive com o Pedro Trengrouse, que conduziria o assunto. Hoje se fala de SAF e, mais uma vez, me coloco favorável. Vamos debater e colocar a previsibilidade no estatuto. Os riscos e os benefícios deverão ser colocados à disposição de todos os sócios. Não é uma decisão monocrática, mas sim do associado com direito a voto. Isso passa pela aprovação em Assembleia Geral. Nossa ideia é tornar o clube mais atrativo ao mercado, com um norte definido e com uma gestão empresarial séria e transparente, olhando para o futuro.

ENM: Transparência é um dos assuntos comentados. Como pretende adotar?

Marcelo Souto: A transparência é uma conduta indispensável para qualquer gestão de sucesso. É o que traz aos stakeholders a confiança e a credibilidade em qualquer negócio. A confiança abre espaço no mercado, fortalece a nossa imagem e contribui para a divulgação e fortalecimento da nossa marca. Resulta em negociar melhor, em novos nichos de clientes e fornecedores, trazendo assim mais receitas. Além disso, existe o aspecto ético e legal que está diretamente ligado ao nosso programa de integridade. Vale dizer e explicar que estudos apontam para uma redução de custos na casa dos 5% anual em empresas que implementam um robusto programa de integridade. Portanto, resulta na prática em redução de custos.

ENM: Investimento no futebol profissional (patrocínios, jogadores…)

Marcelo Souto: Vamos melhorar a estrutura organizacional do clube, definindo cargos, funções e metas. Iremos investir pesado em tecnologia e soluções inovadoras. Essas transformações incluem o departamento de futebol. Uma mudança de filosofia onde o foco está no desempenho da nossa base, nosso time principal e em oportunidades do mercado.

Criação a “CIA DO FLU”, o centro de inteligência e aperfeiçoamento do departamento de futebol do Fluminense. A missão do CIA do Flu atende pelo scouting (reconhecer, avaliar e recrutar), ciência do esporte e de dados, como a escola de goleiros Castilho e a criação de vínculo e identidade (modo de jogar e respeito ao clube). A restruturação de governança, a transparência e mentalidade vencedora e inovadora abrirão portas para uma marca importante do futebol brasileiro. Avançamos muito no time de executivos que aos poucos estamos apresentando ao torcedor. Esse time está trabalhando, dia a dia, e avançando em parcerias e negociações. Estamos trabalhando duro para que essa transição seja suave e num espaço curto de tempo.

ENM: Fluminense tem tradição na base. Pretende aumentar ainda mais o investimento?

Marcelo Souto: O potencial do Fluminense está diretamente ligado à Xerém. Se não fosse o trabalho feito lá nós estaríamos em uma situação irreversível. Nos últimos anos, vem de Xerém a matéria prima para alavancar esportivamente e financeiramente. Ano a ano, temos entre os principais destaques em nosso time principal os meninos de Xerém. No nosso plano de gestão está previsto investimento tanto em Xerém, como no futsal. Investimento financeiro em tecnologia, aperfeiçoamento de metodologias e de profissionais e estrutura. Teremos a “Vila do Flu”, que em parceria com setor público, levará o futsal a algumas comunidades com nossa metodologia e com banco de dados para descobrirmos novos talentos. Nossa meta é transformar Xerém como referência no futebol de base das Américas.

ENM: Tem algum projeto para reduzir as dívidas?

Marcelo Souto: Fluminense tem enorme dívida trabalhista , tributária e paga empréstimos a juros altos. Isso tudo parte da incapacidade dos que lá estiveram e muitos ainda estão na gestão. E eles nunca reduziram ou inibiram isso. As dívidas pagam-se com a busca de novas receitas e redução de custos, e o Fluminense tem potencial para consegui-las. No nosso planejamento estratégico contemplamos uma enorme gama de oportunidades. Precisamos faturar mais que gastar, teremos funding de curto, médio e longo prazo, criar novas receitas, honrar contratos para não contrairmos novas dívidas, como fizeram todos os ex-presidentes, incluindo Mário Bittencourt. Além disso, estancar hemorragias como o alto custo do Maracanã e dos Esportes Olímpicos deficitários. Definiremos graus de urgência, vamos negociar e utilizar mecanismos adotados por outros clubes.

Tão importante quanto dizer que está equacionando as dívidas, é dar transparência, é demonstrar capacidade de aumentar receitas, de honrar pagamentos, contratos e a lei. Isso traz credibilidade, parcerias e investidores. Temos nos próximos meses uma questão importante que é criação da liga, um montante importante vai entrar nos cofres do clube. Considerar toda a questão relativa ao RCE ou do PEPT que nos levarão a uma nova perspectiva de fluxo de caixa e pagamento de dívidas.

ENM: Sócio torcedor teve grande crescimento nos últimos meses. Tem projeto para melhorar ainda mais os números?

Marcelo Souto: A torcida do Fluminense deu um show e fez o próprio trabalho de marketing na campanha é “Pelo Flu”. Nós, torcedores, seguramos a onda e explodimos o número de sócios do clube. Acho que podemos mais. Acredito em atingir um número de 100 mil sócios, isso vai nos ajudar bastante.

O foco será em parceiros regionais e no mercado digital, com aumento do fomento das redes sociais e precisaremos de um novo garoto propaganda, um novo ídolo para gerar consumo. Precisamos trabalhar melhor com a torcida que não consome o carro chefe do atual programa que é o benefício do ingresso. Vamos aprimorar o programa “Tricolor em Toda Terra”, com atletas atuais masculino ou feminino, principal ou jovens. Além disso, utilizar revistas e produtos digitais, completa repaginação do app do Flu (com software do voto online para outras participações fora o voto) e da FluTv.

ENM: A relação de torcedor e clube aumentou (vendo pelo público nos últimos jogos). No entanto, quando tem queda de rendimento, a torcida pouco comparece. Como tornar as partidas mais atrativas mesmo em situação adversa?

Marcelo Souto: O futebol hoje concorre contra a saturação do calendário. Concorre com outras opções de entretenimento como Netflix, Amazon, Disney, além da geração do milênio que consome o esporte de maneira diferente. Toda essa concorrência influencia e seguirá influenciando nos próximos anos. Teremos um departamento com profissionais que cuidarão desses aspectos que transformam e que têm novas características.

Ações presenciais e digitais que demonstrem que a instituição realmente se importa com o torcedor e com suas atitudes. A tecnologia é parceira na construção deste novo diálogo e no consumo com o público, que agora está conectado 24 horas por dia e 7 dias por semana. Através da “Flu Sports Tech” iniciaremos concursos anuais em busca de startups e encontraremos muitas das soluções que cabem no nosso clube. O torcedor dentro do estádio precisa de um produto de qualidade e uma gestão que demonstre comprometimento em fazer e pensar o clube novamente como ele merece, enorme.

ENM: Como se preparar para situação ter um retorno satisfatório para o clube em relação as vendas?

Marcelo Souto: O Fluminense vive um “looping” infinito que culmina em negociações terríveis. São contratações a base de “achismos” pela mente de pessoas ultrapassadas, que apostam em, sua maioria, jogadores em final de carreira com altos salários que ao não atingirem o objetivo definido num planejamento inicial de temporada, geram déficit no caixa pelo alto custo que impactam o clube, gerando automaticamente a urgência em vendas de jovens por valores irrisórios que servem única e exclusivamente para manter o ciclo vicioso funcionando. É o tal do “vender o almoço para comprar um lanche”. Tudo errado.

ENM: Esportes olímpicos no Fluminense não tem o mesmo grau de importância com relação ao futebol. Tem algum projeto que melhores os números e relevância?

Marcelo Souto: De acordo com os balanços, balancetes e DREs, os esportes olímpicos são extremamente deficitários financeiramente. E ciente de que o clube tem caixa único. Com esse déficit, ocorre necessariamente uma retirada de valores a receber do departamento de futebol. Assim que entrarmos, teremos uma força tarefa para avaliar essa premissa e buscar soluções. Concomitantemente, teremos profissionais para viabilizar verbas incentivadas, que são fundamentais para diversas ações que pensamos para o futuro do clube. De todo modo, é inegável que o Fluminense não pode se dar ao luxo na situação financeira delicada que vive de ter unidades que consomem parte do valor de suas receitas do futebol.

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